Salud España , Salamanca, Jueves, 15 de marzo de 2012 a las 16:08

Estudo recomenda vigiar continuamente o desenvolvimento de crianças para detectar autismo

Pesquisadores da Universidade de Salamanca e pediatras de Zamora e Salamanca desenvolvem o terceiro maior programa de identificação de autismo na Europa

José Pichel Andrés/DICYT Pesquisadores da Universidade de Salamanca, em colaboração com os pediatras das províncias de Zamora e Salamanca, estudam a detecção precoce do autismo através de um programa que já incluiu 11.500 crianças nos últimos oito anos, convertendo-se no terceiro maior da Europa e um dos mais eficientes do mundo. Com esta ampla experiência, que continua em marcha, uma das conclusões dos cientistas foi que realizar um acompanhamento do desenvolvimento em diferentes idades é mais efetivo que realizar apenas um teste.

 

Ricardo Canal Bedia, professor do Departamento de Personalidade, Avaliação e Tratamento Psicológico da Universidade de Salamanca, e membro do Instituto Universitário de Integração da Comunidade (Inico), orienta esta pesquisa e afirma, em declarações a DiCYT, que os resultados evidenciam que “é melhor vigiar o desenvolvimento do que constatar sinais de alarme em um momento evolutivo concreto”.

 

A ferramenta utilizada por este programa baseia-se em um questionário respondido pelos pais aos 18 e 24 meses de idade da criança. No entanto, em mais de 2.000 casos, o questionário foi repassado tanto com um ano e meio, quanto com dois anos, com melhores resultados, de acordo com os pesquisadores. De cada 1.000 crianças, este programa detectou o autismo em 3,5 crianças. Apesar dos dados indicarem que no grupo de idade entre 8 e 12 anos a prevalência chega até 6 em cada 1.000, é impossível identificar algumas patologias concretas dentro do autismo, como a Síndrome de Asperger, cujos sintomas aparecem mais tarde. Em todos os casos, o diagnóstico precoce é essencial para melhorar a comunicação social e as respostas emocionais. Desse modo, uma vez detectados os casos, realiza-se um acompanhamento posterior.

 

Ademais, em alguns países “vigia-se o desenvolvimento em idades ainda mais precoces”, afirma Ricardo Canal, porque foram descobertos critérios de alarme para o autismo aos 12 meses. Assim, os pesquisadores querem ampliar seu projeto e desenhar “uma ferramenta que permita vigiar aos 12, 18 e 24 meses, de modo que a identificação seria mais eficiente”.

 

A detecção do Transtorno do Espectro Autista (TEA), baseada no uso de questionários para os pais, “tem algumas limitações”, reconhecem os pesquisadores, derivadas sobretudo da dificuldade de interpretar corretamente as perguntas, devido à diversidade cultural e às circunstâncias de cada família. Um exemplo pode ilustrar estes problemas. Crianças destas idades costumam mostrar com o dedo objetos e situações, mas uma das características dos que sofrem de autismo é a ausência desta ação. Assim, dentro do questionário alguns pais afirmam que seus filhos não apontam com o dedo, ou que os proíbem por considerar falta de educação.

 

Isto gera resultados equivocados nos questionários, mas o sistema informático utilizado neste programa concede um papel mais ativo ao pediatra, que é o responsável por fornecer os dados e, em parte, “transfere-se a responsabilidade de assegurar se a suspeita de autismo é uma pista boa ou um falso positivo”.

 

Pediatras

 

Isto implica também que os pediatras participantes do programa tenham mais conhecimento dos sinais de suspeita do autismo e precisem assumir a comunicação às famílias de referida suspeita. “Se deixamos nas mãos dos pediatras a responsabilidade da detecção, a eficácia do sistema será maior, ainda que não saibamos se o tempo que devem dedicar compensaria o esforço”, afirma o especialista.

 

Na Europa, somente foram desenvolvidos dois grandes programas de detecção de autismo: um no Reino Unido, com 16.000 crianças, que já não está ativo, e outro que continua na Holanda e já examinou mais de 50.000.

 

Outros países

 

Os critérios científicos em cada caso foram diferentes. Os pesquisadores holandeses dividiram as provas em duas etapas, detectando primeiramente casos nas creches aos 14 meses, e depois colocando-se em contato com as famílias. Este método deu muitos falsos negativos, isso é, casos que passaram desapercebidos. Por sua parte, o programa do Reino Unido combinava meia dúzia de perguntas com critérios observacionais por parte das equipes de Pediatria, mas permitiu muitos falsos positivos, crianças diagnosticadas que ao final não sofrem do transtorno. No entanto, esta ferramenta foi modificada, reduzindo os testes somente ao questionário, mas ampliando-o a 23 perguntas. Assim foi aplicado nos Estados Unidos e hoje é utilizado por Ricardo Canal, pois parece mais efetivo de acordo com seus resultados.

 

A tendência em outros países, como Canadá e Bélgica, é analisar somente grupos de risco, como os irmãos das crianças com autismo (que podem ter até 20% de chances de possuir o transtorno), ou crianças com baixo peso. Precisamente, estes estudos são os que deram pistas sobre quais sinais podem indicar, em uma idade precoce, como 12 meses, a presença do transtorno. Trata-se de pesquisas que “aportam dados sobre como surge o autismo, mas nosso objetivo é encontrar os casos”, afirma Ricardo Canal.

 

Ação COST

 

O professor da Universidade de Salamanca representa Espanha na Ação COST (European Cooperation in Science and Technology) “Enhancing the scientific study of early autism: A network to improve research, services and outcomes”, um programa intergovernamental de cooperação científica européia que, neste caso, pretende potencializar o estudo científico do autismo precoce na Europa. Graças a esta iniciativa, os pesquisadores espanhóis estão transferindo importantes dados que não estão incluídos nos outros estudos, não somente a combinação de dados do grupo examinado tanto aos 18, como aos 24 meses, mas também informação sobre o custo econômico destas provas: cada caso custa cerca de seis euros.