Salud España , Salamanca, Viernes, 10 de abril de 2015 a las 18:31
INESPO II

Estudo revela deficiências graves na educação sexual dos jovens universitários

Investigação da Universidade de Salamanca alerta sobre a dependência das jovens universitárias em relação aos seus parceiros

José Pichel Andrés/DICYT Um estudo realizado pela Universidade de Salamanca mostra um amplo desconhecimento sobre a saúde sexual por parte dos jovens estudantes universitários dos primeiros anos na instituição académica salamanquina. A ignorância sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST) e sobre os comportamentos de risco é comum. Além disso, a pesquisa também detetou uma grande dependência emocional das meninas em relação aos seus parceiros masculinos, uma situação que não acontecia em gerações anteriores.


Em um inquérito entre 548 estudantes do 1º e 2º ano de diferentes cursos e faculdades, dos quais 97,3 % mantinha relações sexuais, “61,2 % das mulheres afirmaram que 25% das ocasiões fazem-no para que não as deixe o seu namorado”, explicam Carmen López Sosa e Montse Alonso Sardón, professoras da Faculdade de Medicina da Universidade de Salamanca, para quem esta atitude de submissão resulta particularmente surpreendente num ambiente universitário, cuja meta é alcançar um médio de vida que lhes permita a independência económica e, portanto, a liberdade. No entanto, entre os homens apenas 1,8 % ofereceu essa resposta.


É também notável em ambos os sexos a pressão social que existe para manter relações sexuais, o que se reflete em respostas como “Eu faço-o porque é o normal” ou “porque todo mundo o faz”, razões para ter sexo em 100 % dos casos para 12,4 % dos entrevistados. Aliás, 45 % afirmava ter relações sexuais por amor em todas as ocasiões e 3,8 % disse que a sua motivação é sempre o prazer.


Por outro lado, “a razão que citam para a utilização de métodos contracetivos é quase exclusivamente evitar a gravidez; não têm consciência das doenças sexualmente transmissíveis”, comentam. Quase 90 % só conhece a SIDA, mas não a distingue do VIH, ou seja, “não sabem que a primeira é a doença e o segundo, o vírus, e que se pode ser portador sem mesmo desenvolver a doença”.


Os universitários apenas sabem do vírus do papiloma humano e que “é necessário o uso do preservativo, mesmo quando se pratica sexo oral para prevenir infecções, tais como condilomas ou verrugas na cavidade oral, e também não sabem que a candidíase de repetição está ligada a práticas sexuais como cunilíngua”. Além disso, os médicos não costumam perguntar sobre questões da intimidade sexual ou variedades de comportamento sexuais e isso perpetua as infecções.


Em geral, os dados mostram uma significativa falta de conhecimento entre os jovens. Mais de 65 % dos entrevistados assegura que não recebera informação sexual e contracetiva suficiente nem boa, quer na sua casa, quer na escola. No entanto, internet e os seus amigos têm para eles um papel importante.


Neste contexto, “interessava-nos muito saber a qualidade da informação que recebem e descobrimo-lo através de questões em profundidade”, dizem as investigadoras. “Quando são perguntados pelo preservativo ou a pílula de contraceção de emergência (‘pílula do dia seguinte’) afirmam que sabem o que são, mas não são capazes de distinguir entre mito e realidade e usam-nos mal”, expõem.

 

Mitos que se mantêm

 

Assim, os jovens mantêm falsas ideias e crenças, como que na primeira relação sexual não há riscos ou que a boa aparência física da outra pessoa garante que não tem doenças. “Nos cursos de ação que realizamos surpreendem-se quando lhes dizemos que uma única relação é suficiente para engravidar ou contrair uma doença infecciosa”, referem as professoras da Faculdade de Medicina.


Embora o uso do preservativo tem aumentado nos últimos anos, as mulheres não consideram que o seu uso seja uma responsabilidade delas, mas dos homens, e quase ninguém o usa em 100 % dos encontros sexuais, de acordo com este amplo inquérito, que foi realizado em 2013 e que no ano passado, 2014, manteve os investigadores ocupados a analisar todos os dados; uns dados que, finalmente, farão parte de uma tese de doutoramento.


Segundo Carmen López Sosa e Montse Alonso Sardón, eliminar os mitos e a informação sexual errada é uma tarefa mais difícil quanto mais crescem os jovens, de modo que a educação precoce é a única maneira de melhorar esta situação, considerando que 22 % dos jovens já tinha mantido relações sexuais antes dos 16 anos. Portanto, “enfermeiros, médicos e professores deveriam ter uma formação obrigatória neste campo, pois são agentes essenciais para melhorar a situação”, concluem. Não obstante, nos últimos anos está a despontar o fenómeno oposto, de modo que apenas algumas universidades espanholas ―incluindo a Universidade de Salamanca― oferecem algumas disciplinas optativas sobre a sexualidade e só associadas com cursos muito específicos, como Medicina ou Psicologia.