Health Spain , Salamanca, Thursday, May 23 of 2013, 12:44

Novas técnicas de imunossupressão reduzem a rejeição nos transplantes de pâncreas

Salamanca recebe a 'II Reunião de Grupos Espanhóis de Transplante de Pâncreas'

JPA/ DICYT Os pacientes adultos com diabete que possuem insuficiência renal grave podem recorrer a um transplante duplo de pâncreas e rim. Esta operação é tão complexa e especializada que na Espanha somente são realizadas por volta de 100 por ano, por poucos grupos médicos. Salamanca recebe hoje e amanhã a 'II Reunião de Grupos Espanhóis de Transplante de Pâncreas', uma reunião que tem como objetivo o intercâmbio de experiências e novidades neste campo entre os especialistas.

 

Luis Muñoz Bellvís, chefe do Serviço de Cirurgia do Hospital de Salamanca e professor do Departamento de Cirurgia da Universidade de Salamanca, é o diretor do programa de transplante de pâncreas de Castela e Leão e organizador deste documento. Em declarações a DiCYT, falou de "avanços técnicos muito importantes" nos últimos anos em transplantes de pâncreas.

 

Dentre os avanços estão as técnicas de imunossupressão, isso é, avanços na medicação que evita que o organismo do paciente rejeite o novo órgão. A chave está em "quais substâncias damos aos pacientes para que não rejeitem os órgãos", incica Muñoz Bellvís, e o sucesso desta linha de pesquisa "reduziu drasticamente o número de rejeição de órgãos".

 

Otros avanços se relacionam com questões cirurgicas imediatas e posteriores. "O pâncreas produz duas substâncias, uma é a insulina, presente no sangue, e outra é a secreção exócrina, presente no intestino. Há alguns anos esta segunda derivação era feita unindo o intestino com a bexiga, mas isto gerava muitos problemas no pós-operatório. A mudança da derivação do intestino a outra área do próprio intestino permitiu uma redução das complicações muito importante", afirma o especialista.

 

O transplante de pâncreas somente é realizado em pacientes com menos de 40 anos, com má evolução da diabete desde a infância e que desenvolveram uma complicação muito importante, a insuficiência renal. Isso é, são pacientes que utilizam todos os dias insulina e, ademais, precisam ir três vezes por semana à diálise. Com esta técnica, já não precisam da insulina e da diálise, porque recebem um novo pâncreas e rim. 

 

A operação, afirma Muñoz Bellvís, é tão delicada porque são realizados dois transplantes. Primeiro, o de pâncreas e, logo, o de rim, de modo que resulta em muitas horas de cirurgia. "É complexo porque o órgão em si, o pâncreas, apesar de ser sólido, tem uma consistência e vascularização muito diferente da do fígado, por exemplo. No caso do pâncreas, não estraímos o orgão que não funciona do paciente, mas colocamos um pâncreas novo", comenta. 

 

Linhas de trabalho para o futuro

 

A reunião de Salamanca, que possui 80 profissionais inscritos, recebe profissionais como cirurgiões, que são o eixo fundamental de cada grupo, e nefrologistas ou urologistas, que são os que realizam o transplante renal. "O objetivo é harmonizar as linhas de trabalho do futuro", afirma o organizador.

 

O grupo de especialistas em transplantes de pâncreas e rim do Serviço de Cirurgia do Hospital Universitário de Salamanca foi o último a incorporar-se à lista de especialistas espanhóis, já que iniciaram estas operações em 2009. Desde então, realizaram 30 transplantes, com uma média de sete por ano, o que supera as expectativas iniciais.

 

"Estamos na média dos grupos espanhóis com relação ao número, mas muito acima com relação à população, porque somente temos 2.400.000 habitantes", afirma Muñóz Bellvís. Assim, Salamanca começou a receber pacientes de outras comunidades autônomas vizinhas que não dispõem deste serviço.