Alimentación España , Palencia, Jueves, 21 de noviembre de 2013 a las 08:55

Novas técnicas para projetar imagens sobre superfícies curvas

Cartif e a Fundação Santa María la Real projetam pinturas com este sistema na igreja românica de Santa María de Mave

Cristina G. Pedraz/DICYT A rica decoração das igrejas românicas foi reduzida, e quase desapareceu, com o passar dos séculos. Sua característica pedra policromada hoje se encontra despida ou coberta por cal ou outras argamassas, de modo que os monumentos ficam “descontextualizados” sem sua aparência original e a mensagem visual que tentavam transmitir ao paroquiano. Para atrair o turismo, tenta-se transmitir ao visitante esta mensagem e esta aparência inicial de forma oral, mas através de um inovador projeto o centro tecnológico Cartif de Valladolid e a Fundação Santa María la Real pretendem transmiti-lo de maneira visual.

“Vimos a necessidade que o turismo cultural tinha de oferecer algo inovador e diferente para atrair visitantes, e concebemos este projeto conjuntamente com a Fundação Santa María la Real, com a que colaboramos há vários anos”, explica à DiCYT o pesquisador de Cartif Pedro Martín Lerones. A iniciativa, desenvolvida há dois anos, consistiu na instalação de um inovador sistema de projeção em um emblemático templo do Românico Norte, o de Santa María de Mave. O objetivo é projetar todas as pinturas que podem ser vistas isoladas na área do Românico Norte e que refletem as etapas pictóricas do românico, gótico, renascimento e barroco em um só lugar.

Conforme o especialista, a igreja de Santa María de Mave é um lugar “muito acessível” e propenso “tanto do ponto de vista histórico-artístico, quanto do ponto de vista tecnológico, já que é uma igreja que a Cartif tinha escaneado por completo em três dimensiones anos atrás e em que foram realizados outros projetos tecnológicos, como a instalação de sensores para monitorar seu estado”.

O primeiro desafio tecnológico do projeto consistiu em instalar um único dispositivo (para evitar um impacto estético) capaz de projetar corretamente a imagem a 26 metros, a distancia entre a entrada da igreja e o abside.

O segundo, e mais complexo, projetar a imagem na superfície curva do abside sem que sofresse distorções. “Cada vez é mais comum ver como as projeções e montagens audiovisuais são realizadas nas fachadas (o que se denomina vídeo mapping). Mas quando se projeta em algo tão curvo quanto a abóbada de um abside a imagem sofre distorção. Por isso aproveitamos o modelo 3D da igreja de Santa María de Mave que já tínhamos escaneado em um projeto anterior, o recortamos e deixamos somente a zona do abside. Com essa geometria exata da zona utilizamos um programa informático que desenvolvemos e que permite sobrepor nela fotografias ou qualquer tipo de imagem digitalizada, de forma que se adapta perfeitamente”, afirma o pesquisador.

As imagens projetadas, agrega, foram desenhadas no computador por técnicos da Fundação Santa María la Real. “Nós fomos responsáveis por sobrepô-las à geometria 3D que tínhamos da igreja. Cada ponto fica localizado na abóbada sem distorções, de modo que podemos projetar pinturas em locais curvos sem problemas”, conclui. O trabalho foi publicado recentemente na revista Journal of cultural Heritage

Em comparação com outro tipo de projeções que almejam o espetáculo, continua, a finalidade deste projeto “é que as pinturas passem desapercebidas para o visitante, até o ponto em que somente se dê conta de que a pintura não está diretamente pintada com um pincel sobre o abside porque muda e passa de período histórico, queremos que a projeção faça parte intrínseca do edifício”, agrega.

Contribuição aos trabalhos de restauração

Além da vertente turística, o projeto realiza uma contribuição à realização de trabalhos de restauração, podendo servir como ferramenta “guia”. “Por exemplo, em lugares em que as pinturas somente foram mantidas de maneira parcial, podemos realizar uma fotografia do que existe, convertê-la em uma imagem digital que possa ser tratada no computador e completa-la de alguma maneira. Essa foto tratada pode ser inserida na geometria 3D, ser projetada e mostrar a aparência original da pintura”, detalha o pesquisador.

Referência Bibliográfica

 

Martín Lerones, P., Llamas, J., Gómez-García-Bermejo, J., Zalama, E., & Castillo Oli, J. (2013). Using 3D digital models for the virtual restoration of polychrome in interesting cultural sites. Journal of Cultural Heritage.