Novos tratamentos químicos para reciclar plástico
Cristina G. Pedraz/DICYT Atualmente os resíduos plásticos urbanos são levados a uma estação de tratamento na qual aproximadamente a metade é recuperada para um novo uso. Desta fração reutilizada uma parte é tratada através da reciclagem mecânica, e a outra utilizada para fins energéticos (por exemplo, através da incineração com recuperação de energia). A reciclagem mecânica consiste em lavar, triturar e fundir estes plásticos para voltar a criar material, o que representa uma série de problemas.
Um deles é a necessidade de que a corrente de plástico seja muito pura, isso é, que não esteja contaminada com outras frações de plástico ou outros materiais. Outro é que o ciclo de aproveitamento do plástico não possibilita que sua reciclagem mecânica possa ser realizada indefinidamente, já que o novo produto obtido perde propriedades.
A principal alternativa à reciclagem mecânica é a reciclagem química, um processo mais complexo e caro, mas que permite obter um plástico praticamente puro. Através de distintos processos químicos, é possível romper as cadeias do polímero para voltar ao monômero inicial ou a outras substâncias que podem ser aproveitadas para produzir um novo plástico.
Nesta linha de pesquisa trabalha há vários anos a Divisão de Meio Ambiente do centro tecnológico Cartif, de Valladolid, que acaba de concluir um projeto nacional focado no desenvolvimento, otimização e adaptação de tecnologias de reciclagem química para a conversão destes resíduos em recursos. Sob o título Proquipol, neste projeto do Ministério de Ciência e Inovação co-financiado com fundos Feder, trabalharam, além de Cartif, outros três centros tecnológicos: Gaiker (País Vasco), Itene (Comunidade de Valencia) e Circe (Aragón).
Dois tipos de tratamento
Como detalha a pesquisadora do Cartif, Lidia Martínez, foram estudadas duas linhas de tratamento. De um lado, a solvólise, que consiste “em atacar o polímero com um dissolvente para romper as cadeias poliméricas”; de outro, os tratamentos térmicos, baseados “na aplicação de calor para desfazer estas cadeias”.
Dentre os resíduos utilizados na pesquisa estão os PET, presentes em muitas embalagens que utilizamos no dia a dia, como as garrafas de água; as espumas de poliuretano, conhecidas coloquialmente como espuma de borracha; o polietileno, com o qual são feitas as bolsas de supermercado; e os RAE, siglas de resíduos de aparelhos eletrônicos.
Após submeter estes resíduos plásticos aos distintos tratamentos químicos e comparar os resultados obtidos com polímero virgem, os pesquisadores constataram que “os rendimentos do processo estão próximos a 80% em quase todos os casos e as purezas, determinadas mediante a técnica de calorimetria diferencial de varredura, são todas muito altas, próximas a 85%”. Em relação à viabilidade de uma estação de reciclagem química de plástico, a equipe científica comprovou que, a partir de 8.000 toneladas por ano, a planta de tratamento começa a ser rentável.