O consumo moderado de cerveja reidrata tanto quanto a água
JPA/DICYT O consumo moderado de cerveja após a prática de exercício físico intenso hidrata na mesma medida que a água, segundo as conclusões de pesquisa realizada pelo Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC) em colaboração com a Universidade de Granada, cujo trabalho foi apresentado hoje em Salamanca. Ademais, os especialistas destacam as propriedades nutricionais da cerveja, mas sempre que mantido seu consumo dentro dos limites aconselhados para bebidas alcoólicas.
Javier Romeo Martín, pesquisador do Instituto do Frio do CSIC e um dos autores desse estudo, explicou em declarações à DiCYT que “a cerveja é uma bebida amplamente aceita na cultura mediterrânea” e que “tem um alto conteúdo de água, sendo assim uma bebida hidratante”. Além disso, a cevada e o lúpulo lhe conferem vitaminas B, minerais e antioxidantes. “Parece que o consumo moderado de cerveja pode ser integrado em um conceito de dieta saudável”, sobretudo quando acompanha as refeições e, de fato, a Sociedade Espanhola de Nutrição a incorporou as suas recomendações, indica o especialista.
No entanto, neste caso a pesquisa focou-se em um aspecto muito concreto: as possíveis propriedades desta bebida alcoólica como reidratante. Para tal, foram selecionadas 20 pessoas saudáveis, jovens e acostumadas a praticar esporte e a um consumo moderado de álcool, submetendo-as a uma atividade física intensa em condições de temperatura elevada. Concretamente, foram dois testes de esforço físico em laboratório: após um deles, proporcionou-se toda a água desejada pelos atletas para sua recuperação; após o outro, foram oferecidos 660 mL de cerveja (o equivalente a duas latinhas), mais toda a água desejada, se ainda tivessem sede.
Resposta imune
Depois de medir distintos parâmetros para observar a reidratação após o teste físico, “não encontramos diferenças e inclusive após o teste em que somente tinham bebido água encontramos algumas mudanças negativas, como o aumento na produção de um mediador imune inflamatório que não foi detectado após a ingestão de cerveja”, afirma Javier Romeo Martín. Portanto, conclui que esta bebida alcoólica é uma alternativa aceitável à água nestas condições.
Apesar de tudo, o pesquisador aponta que este tipo de informações a respeito do álcool somente é exposto em ambientes profissionais relacionados com a Ciência, como neste caso, o Colégio Oficial de Médicos de Salamanca, para evitar mensagens confusas aos consumidores. Assim, atenta para o fato de que o consumo de álcool diário recomendado não deve exceder os 20 gramas no caso das mulheres e os 30, no caso dos homens. Em relação à cerveja, isso supõe que se pode beber duas latas de cerveja ou três chopes pequenos, como máximo.
A cerveja não engorda
A pesquisa faz parte da monografia editada no III Simpósio Internacional da Cerveja, no qual foram apresentados estudos semelhantes. Desse modo, algumas pesquisas recentes mencionam que as bebidas ricas em polifenóis (cerveja, vinho ou sidra) podem ter um efeito protetor sobre o sistema cardiovascular. Igualmente, o pesquisador do CSIC apontou que, ao contrário da crença popular, a ingestão de cerveja não produz um aumento da gordura corporal e que tomar uma cerveja aporta cerca de 40 quilocalorias, quando a quantidade que um adulto deve ingerir ao dia varia entre 1.500 e 2.500 quilocalorias. Outro aspecto destacável é que a cerveja sem álcool tem as mesmas propriedades nutricionais que as que contêm álcool.
O estudo se insere nos trabalhos do Centro de Informação Cerveja e Saúde, uma entidade científica que promove pesquisas sobre as propriedades nutricionais do consumo moderado de cerveja e para tanto colabora com o Conselho Superior de Investigações Científicas e diversas universidades. Desde 1998 foram realizadas 16 pesquisas como “resposta à demanda de informação a respeito dos benefícios da cerveja de uma maneira objetiva e contrastada”, indica.