Ciencias Sociales España , Zamora, Lunes, 20 de mayo de 2013 a las 11:47

“O LHC revelará surpresas nos próximos anos sobre a matéria escura”

Antonio Ferrer, pesquisador do Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), explica em Zamora os segredos do acelerador de partículas

Cristina G. Pedraz/DICYT Em pouco mais de um mês, no dia 4 de julho, será comemorado o primeiro aniversário do anúncio da descoberta do Bóson de Higgs, uma partícula elementar hipotética cuja existência estava prevista no modelo padrão da física de partículas, mas que até o momento não havia sido observada. Trata-se da descoberta científica “mais importante do século”, conforme explica Antonio Ferrer Soria, um dos cientistas espanhóis que esteve imerso nos experimentos do Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN). Ferrer fez parte do experimento ATLAS e contará sua experiência amanhã em Zamora, em uma das conferências do Ciclo de Divulgação Científica organizada pelo Centro de Investigações Energéticas Ambientais e Tecnológicas (CIEMAT), pela Universidade de Salamanca (USAL) e pela Real Sociedade Espanhola de Física (RSEF), em colaboração com a Prefeitura.

 

Em declarações à DICYT Ferrer explica que “a máquina do Big Bang”, o colisor LHC do CERN que permitiu a descoberta do Bóson, terá ainda muito trabalho. “Atualmente somente sabemos do que esta composto 5% do Universo, o que é muito difícil de aceitar. Especificamente, existe 25% de matéria que não sabemos o que é, ao que chamamos matéria escura, ainda que saibamos onde está, nas galáxias. Além de ser a máquina do Big Bang, o LHC do CERN nos revelará nos próximos anos novas surpresas, e acreditamos que algumas delas possuem um papel claro no Universo, como a matéria escura”, detalha.

 

Ferrer, que estava na Austrália no momento do anúncio da descoberta do Bóson de Higgs, indica que existiam algumas dúvidas sobre a natureza desta partícula que foram sendo resolvidas “conforme o acelerador funcionava melhor”.

 

O LHC esteve parado de janeiro de 2013 e até finais de 2014 não voltará a funcionar, devido a trabalhos de manutenção. “São necessários dois anos para que este acelerador alcance toda a potência que tinha quando foi desenhado. Em números, trabalhamos com a colisão entre dois feixes de prótons com uma energia de sete teraelétrons-volt (TeV) no primeiro ano (2011), e de oito, no segundo ano (2012), quantidades enormes de mais de 8.000 vezes a energia da massa de um próton, por exemplo. É necessário parar dois anos para revisar todas as conexões entre os 1.600 imãs existentes no acelerador, para dar-lhes maior resistência e que possam suportar energias de 14 TeV, isso é, quase dobrar a energia”, agrega o pesquisador.

 

Isto, segundo ele, será um passo “gigantesco” já que é provavelmente “a única maneira que temos hoje para tentar fabricar novas partículas desta origem em laboratório, que poderiam ser candidatas à matéria escura”. Este aumento na energia permitirá também “aprofundar o conhecimento do Bóson de Higgs que foi descoberto, saber se existe apenas um ou mais, já que ainda existem muitas questões abertas”, indica.

 

Processamento de dados

 

Nestes dois anos em que se realizará a manutenção da instalação, afirma o especialista, serão analisados todos os dados obtidos nos experimentos de 2011 e 2012. “Temos informação resultante de muitos bilhões de reações entre partículas, dados que armazenamos em discos e tarjas magnéticas, arquivados, e as equipes de físicos que participam dos experimentos, organizados em grupos de trabalho em função de interesses, pesquisarão uma parte destes dados e aprofundarão o estudo das características das partículas produzidas para ver se já são conhecidas ou totalmente novas”.

 

Trajetória de Antonio Ferrer

 

Antonio Ferrer é doutor em Ciências Físicas pela Universidade de Paris-Sud e pela Universidade de Valencia. Pesquisador científico do CNRS francês até 1984, trabalhando na LAL (Laboratoire del Accelerateur Linéaire de ORSAY), é também pesquisador do CERN, em Genebra (Suíça), catedrático de Física Atômica, Molecular e Nuclear da Universidade de Valencia e pesquisador do IFIC em Valencia. Realizou novo projetos de pesquisa no campo da física de alta energia experimental; muitos deles como pesquisador principal, utilizando os aceleradores de partículas do CERN. Participou no DELPHI, no colisor e+e-, LEP, e desde 1992 no experimento ATLAS instalado no colisor próton-próton de 14 Tev, LHC. Autor de mais de 420 publicações científicas, deu numerosas conferências especializadas e de divulgação científica. Autor de quatro livros de docência universitária sobre física nuclear e física de partículas. Gestor do Programa Nacional de física de altas energias e de Grandes Aceleradores (CICYT, 2000-2003). Promotor e membro do Jurado das 10 edições do Programa “Ciência em Ação”. Vice-presidente eleito da Real Sociedade Espanhola de Física (RSEF, 1999-2007 e 2010-2013). A conferência de Antonio Ferrer será realizada amanhã, quinta-feira, a partir das 19h no edifício La Alhóndiga de Zamora.