Technology Spain , Salamanca, Friday, May 20 of 2011, 16:28

Pesquisa analisa o iPad como suporte de leitura

Projeto da Funda莽茫o Germ谩n S谩nchez Ruip茅rez e da Universidade Pontif铆cia de Salamanca foca-se no uso dos tablets pelos mais jovens

José Pichel Andrés/DICYT Pesquisa desenvolvida pela Fundação Germán Sánchez Ruipérez e pelo laboratório OrionMediaLab da Faculdade de Comunicação da Universidade Pontifícia de Salamanca propõe-se a analisar as virtudes e defeitos de tablets como o popular iPad como dispositivo de leitura. Esta iniciativa, na qual participam crianças e jovens da localidade de Peñaranda de Bracamonte (Salamanca), implica a continuação do projeto Território e-book, que estudou o uso feito dos livros eletrônicos por leitores de diferentes idades. As diferenças tecnológicas entre alguns dispositivos marcam diferenças na forma de utilizá-los e nos gostos por idades.

 

Dentro do projeto Território e-book “estamos trabalhando com todas as faixas etárias, desde crianças a pessoas idosas, mas ao desenhar a pesquisa vimos que para jovens e crianças a tinta eletrônica dos livros eletrônicos tinha menos sentido, porque são muito diferentes dos dispositivos que estão acostumados a utilizar, por isso pensamos em fazer uma pesquisa com iPads”, explica a DiCYT Javier No Sánchez, decano da Faculdade de Comunicação da Pontifícia e membro do laboratório OrionMediaLab.

 

Para tanto, os pesquisadores criaram dois grupos, um de crianças de 9 a 13 anos e outro de adolescentes de 14 a 18 anos, cada um com propostas diferentes. As atividades do primeiro grupo giraram em torno do livro de ilustrações “Artistas insólitos”, enquanto para o segundo foi utilizado como referência “O jovem Lennon”.

 

Por sua vez, em cada faixa etária os participantes dividiram-se em um grupo experimental e outro de controle. A ambos foi emprestado um iPad com o livro e as mesmas aplicações complementares (por exemplo, aplicações musicais), mas no caso do grupo experimental agregou-se uma série de atividades complementares, encontros e animações, desenhadas pelos técnicos da Fundação Germán Sánchez Ruipérez.

 

O trabalho dos professores da Universidade Pontifícia é desenhar a pesquisa e coletar os dados destas experiências e, depois dos primeiros meses trabalhando nesta linha, os resultados estão sendo extraídos. “Estamos começando a apreciar a importância do trabalho de acompanhamento que os monitores fazem diante da opção de simplesmente ficarem com o dispositivo”, indica Javier No.

 

Técnicas

 

As técnicas utilizadas no estudo são variadas, qualitativas e quantitativas. “Coletamos muitos dados de cada grupo, queremos ter uma visão transversal, dos pequenos aos maiores, de sua adaptação às diferentes ferramentas de leitura”, afirma. Entre os objetivos está “medir a satisfação do usuário com o iPad e a apropriação, isso é, se o integram em sua vida diária, se através do iPad lêem mais, se é possível fomentar a leitura”.

 

Uma das ferramentas é a medição da satisfação do usuário, com perguntas sobre suas impressões no uso da tecnologia, tanto gerais como específicas acerca da leitura e das aplicações do dispositivo. Também “temos um questionário para ver o que leram, quanto tempo permanecem lendo e que outros usos lhe dão em seus afazeres cotidianos, o que chamamos de apropriação”. Outra técnica é que “eles mesmos escrevam como se sentem com o uso do dispositivo e suas diferentes aplicações”. Finalmente, “selecionamos alguns dos que participaram e fazemos um grupo de discussão”, afirma o decano de Comunicação.

 

No caso das crianças, os tablets também estão sendo utilizados em um projeto educativo do colégio Miguel Delibes, em Macotera, a cargo do Centro Internacional de Tecnologias Avançadas (CITA) da Fundação Germán Sánchez Ruipérez e os responsáveis por analisar seus resultados serão os profissionais de OrionMediaLab. “A iniciativa integra lousas eletrônicas, wifi e pela primeira vez iPads, de maneira que realizaremos um processo sistemático de coleta de dados para ver como mudou o estilo docente e as novas estratégias na aula. Está-se trabalhando há dois ou três meses com o iPad, mas a parte da pesquisa de OrionMediaLab foi recém iniciada”, comenta Javier No.

 

Idosos e Jovens

 

Na falta dos resultados finais desta parte da pesquisa, a equipe já conta com uma ampla experiência no projeto Território e-book para tirar algumas conclusões preliminares. Por exemplo, que uma das vantagens do dispositivo da Apple ou de outros é que são bons para livros ilustrados como o que está sendo utilizado com o grupo mais jovem, enquanto os livros de tinta eletrônica não oferecem estas possibilidades.

 

Principalmente, entre e-book e tablets “o que muda é a tecnologia de apresentação da informação”. “A tinta eletrônica é muito menos versátil, mas ao não ser retroiluminada, ao não ter luz, permite que a leitura possa ser contínua e durar muito tempo, sem cansaço, de forma muito similar ao papel. Ademais, permite dispositivos com pouco peso, nos quais é possível armazenar muitos documentos. É muito transportável e com qualidade visual similar ao papel”, comenta o especialista.

 

No entanto, “o iPad tem uma conectividade muito alta, uma interatividade elevada e permite contar com outras aplicações, quase igual a um computador e com menos peso, ainda que mais pesado que um livro eletrônico”.

 

Geralmente, parece que as pessoas idosas ficam com o e-book, já que se parece mais ao papel, não cansa a vista e acompanha-se ao texto da mesma forma que em um livro tradicional. Ao contrário, em idades inferiores “espera-se mais de um dispositivo, inclusive nos livros eletrônicos que permitem navegar sente-se a falta da tecnologia e lhe exigem mais.

 

No caso da aplicação dos tablets à educação, o que será estudado em Macotera, os resultados podem ser ainda mais interessantes, mesmo que “seja necessário um período de formação por parte dos professores e para os próprios alunos, porque usá-lo de forma eficaz, fora as aplicações básicas, não é tão fácil”.