Health Spain , Valladolid, Tuesday, December 13 of 2011, 15:05

Pesquisa-se o estado nutricional de pacientes com câncer de cabeça e pescoço

Especialistas do Hospital Río Hortega de Valladolid trabalham há 10 anos nesta linha de pesquisa

Cristina G. Pedraz/DICYT A Seção de Endocrinologia e Nutrição Clínica do Hospital Universitário Río Hortega de Valladolid trabalha há 10 anos em uma linha de pesquisa focada no estudo do estado nutricional dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Estes tumores aparecem normalmente em homens com mais de 50 anos e com antecedentes de consumo excessivo de álcool e tabaco, acompanhados de uma dieta pobre. Neste sentido, normalmente este tipo de câncer conduz à odinofagia (dor de garganta) e disfagia (dificuldade para engolir), o que motiva a redução da ingestão de alimentos.

 

“Trata-se de pacientes já desnutridos porque têm hábitos inadequados”, ao que se une uma cirurgia “muito importante” e com alta incidência de complicações, de modo que os requerimentos nutricionais “são muito especiais para estes pacientes”, explica o doutor Daniel de Luis, que também dirige o Instituto de Endocrinologia e Nutrição Clínica da Universidade de Valladolid (IENVA).

 

A fim de determinar os casos de alto risco, os pesquisadores realizaram uma análise da influência da localização do tumor, o tipo e a etapa do mesmo no estado nutricional do paciente, uma informação que ainda não tinha sido estudada.

 

Concretamente, realizou-se uma avaliação nutricional com 230 pacientes. Em relação à localização do tumor, em 77 casos situava-se na cavidade oral, em 30 na faringe e em 123 na laringe. Após realizar o teste de Avaliação Global Subjetiva (SGA), encontraram-se diferenças “significativas”. Assim, a freqüência de pacientes “moderadamente desnutridos” é mais alta nos tumores da laringe, enquanto os casos de “desnutrição grave” ocorrem mais freqüentemente em tumores da laringe e da cavidade bucal da faringe. Do mesmo modo, verificou-se que é mais freqüente que os pacientes com tumores de faringe e laringe se encontrem “mediamente desnutridos” do que apresentem “desnutrição severa”.

 

Em relação ao estágio do tumor, nos estágios II, III e IV é mais comum que os pacientes estejam bem alimentados do que sofram de desnutrição grave, enquanto nos estágios II e III é “mais freqüente encontrar-se com pacientes medianamente desnutridos que gravemente”. Geralmente, o teste SGA revela que os pacientes com câncer de pescoço e cabeça “apresentam um bom estado nutricional”, ainda que evidencie diferenças estatísticas “dependendo das localizações dos tumores e do estado dos mesmos”.

 

Dieta enriquecida

 

Na mesma linha, os pesquisadores analisaram se a nutrição pós-operatória dos pacientes enriquecida com arginina melhora tanto as variáveis nutricionais, como os resultados bioquímicos, em comparação com uma dieta enteral comum. “Em um primeiro momento tentamos validar a utilidade deste tipo de nutrição, o que não foi possível, e posteriormente conseguiu-se demonstrar a dose adequada da qual se beneficiam estes pacientes, cerca de 150 gramas de arginina por dia”, conclui o doutor Daniel de Luis.

 

Estudos com uma dieta enriquecida em arginina

 

Os especialistas sabem que o sistema imunológico encontra-se normalmente afetado nos pacientes com câncer de cabeça e pescoço, o que faz com que sejam mais suscetíveis a complicações locais pós-operatórias como fístulas ou infecções da ferida. Neste sentido, a terapia nutricional suplementada com agentes específicos como a arginina ou a fibra dietética contribui para melhorar a função imunológica e, portanto, para reduzir o surgimento de complicações.

 

No entanto, em altas doses a tolerância gastrointestinal à arginina pode representar um problema. Em um de seus estudos, os pesquisadores do Hospital Río Hortega determinara que uma fórmula enriquecida com 17 gramas ao dia de arginina melhora as taxas de fístula sem produzir uma alta taxa de diarréia.