Health Spain , Valladolid, Monday, January 14 of 2013, 12:05

Pesquisadores do Hospital Clínico avançam na caracterização da marca molecular da sepse

A sepse é uma das principais causas de mortalidade nos países desenvolvidos

Cristina G. Pedraz/DICYT A sepse é uma grave doença que surge como reação do organismo a uma infecção bacteriana. Caracterizada por uma resposta inflamatória sistêmica, é uma das principais causas de mortalidade nos países desenvolvidos. No caso do Serviço de Anestesiologia e Reanimação do Hospital Clínico Universitário de Valladolid, em 2011 ingressaram um total de 2.134 pessoas, das quais 68 faleceram, sendo que a sepse foi o motivo principal. Conforme explica Eduardo Tamayo, especialista neste Serviço, trata-se de um problema “realmente importante”, cuja incidência não diminuiu nos últimos anos. Para tentar amenizar este problema, a pesquisa tem um papel chave.

 

Segundo o especialista, na Unidade de Reanimação do Hospital de Valladolid foram registrados em 2011 um total de 216 pacientes com sepse. Especificamente, dos pacientes que ingressam na Unidade, entre 9 e 27% padecem e a mortalidade pode chegar a até 60% no caso de choque séptico (o estado mais grave da doença, no qual a pressão arterial diminui perigosamente).

 

“Isto acontece porque os tratamentos que estão sendo aplicados são pouco eficazes”, indica Tamayo em declarações a DiCYT, que afirma que os tratamentos de tipo fisiopatológico fracassaram e que atualmente os únicos procedimentos eficazes são os chamados “de suporte”. “Isto se deve a dois motivos principais, em primeiro lugar à inadequada seleção de pacientes nestes estudos, grupos muito heterogêneos, e o pior é a falta de conhecimento suficiente, já que mais do que um problema de forma, existe um problema de fundo, consistente em que não existe informação suficiente, dentre outras coisas, sobre os mecanismos etiopatológicos da doença”, agrega.

 

Neste contexto, pesquisadores do Hospital Clínico tentam gerar um maior conhecimento sobre a sepse através da biologia de sistemas. “Nos últimos anos houve uma mudança muito importante nos estudos do genoma, proteoma e transcriptoma, devido à introdução da denominada análise massiva da informação. Temos uma grande quantidade de informação biológica e é preciso interpretá-la e integrá-la à informação clínica, e isto é o que faz a biologia de sistemas”, detalha o especialista, que agrega que esta integração, que permite criar conhecimento novo, realiza-se a partir de técnicas computacionais.

 

Os pesquisadores do Serviço, que colaboram com a Unidade de Pesquisa Biomédica do Clínico, estudam tanto o genoma, quanto o proteoma e o transcriptoma. “No proteoma analisamos distintas proteínas nos pacientes com choque séptico e verificamos que nesta fase mais do que uma resposta pró-inflamatória ou antinflamatória, é produzida uma resposta inflamatória coordenada”.

 

Com relação ao transcriptoma, realizam um estudo no qual iniciam a análise de amostras. “Obtivemos uma informação muito complexa e difícil de organizar e interpretar, de modo que precisamos da bioinformática”, insiste Tamayo. Nesta linha, observaram que nos pacientes com choque séptico há 4.000 genes que se expressam de forma distinta. “Utilizando outras ferramentas bioinformáticas podemos elaborar um gráfico sobre como se expressa a marca molecular do paciente com choque séptico, bem como ter uma explicação do ponto de vista biológico e fisiopatológico dos perfis de expressão”, continua. Finalmente, na mesma linha de obtenção de perfis de expressão, também realizam estudos de genoma.

 

Pesquisa Aplicada e Medicina Translacional

 

Esta linha foi apresentada na I Jornada de Investigação Aplicada e Medicina Translacional, organizada pela Unidade de Investigação Biomédica do Hospital Clínico Universitário de Valladolid. Durante a jornada foram apresentadas diversas linhas de pesquisa e projetos concretos que estão sendo realizados no Hospital Clínico e em centros afins. Jesús Bermejo, responsável pela Unidade de Pesquisa Biomédica do centro, enfatizou que as atividades de pesquisa permitem “economizar custos sanitários”.