Alimentación México Chapala, Jalisco, Miércoles, 02 de enero de 2013 a las 13:20

Pesquisadores trabalham no biomonitoramento de metais em peixes no lago de Chapala, em Jalisco

Estudo pretende obter informação significativa sobre a concentração de mercúrio na carpa

CIATEJ/DICYT Na primavera de 2010 foi publicado um estudo alertando as autoridades de saúde do estado de Jalisco e a população sobre um suposto risco de contaminação com mercúrio nos peixes do Lago de Chapala. O estudo informou elevadas concentrações de mercúrio na carpa e, apesar de também estarem presentes no peixe branco e na tilapia, suas concentrações eram baixas. Desde então, cerca de 2.500 pescadores que dependem do setor tiveram sua economia seriamente danificada ao ver reduzidas suas vendas, com o fator adicional de não saber se representam um risco à saúde.

 

Neste sentido, é preciso questionar a pertinência de realizar um estudo desta natureza,  até mesmo quando publicado em uma revista científica. É possível chegar à conclusão de que o consumo de “peixes do lago” representa um risco ao consumidor com a amostra de apenas 6 carpas? Em todos os casos, a notícia inicial gerou um sinal negativo no turismo das margens do Chapala e confusão entre os consumidores deste produto.

 

Quais fatores intervêm na acumulação de metais pesados em peixes? Podem ser estabelecidas conclusões sobre a segurança de alimentos com amostras pequenas, com quais tipos de amostras? Onde as amostras devem ser coletadas? É o mesmo pescar qualquer tipo de peixe?

 

A análise química dos tecidos de organismos aquáticos constitui uma medida direta da proporção de um contaminante que é efetivamente incorporado a partir do meio em que habita. A utilização de organismos para quantificar contaminantes em um ecossistema é conhecida como biomonitoramento e o objetivo central é a avaliação da qualidade da água de um corpo aquático através da relação das concentrações observadas no tecido do “organismo biomonitor”. É importante enfatizar que os resultados se restringem a um tempo, lugar da amostra, espécie de peixe, tecido analisado, etc. Isso é, em áreas extensas como o Lago de Chapala, se capturamos dois peixes em lugares diferentes do lago, estes poderiam ser totalmente diferentes. O mesmo ocorre se, por exemplo, têm idade diferente ou inclusive sendo da mesma idade, um viveu em uma área mais contaminada que outro.

 

Quando se pretende tirar conclusões sobre uma determinada característica, é indispensável considerar a variabilidade de resultados individuais segundo cada um dos fatores que intervém nesta variável. Isto se consegue através da seleção escrupulosa de um número de indivíduos que seja representativo da população total. Do mesmo modo faz o INEGI para estabelecer o número de indivíduos a entrevistar nas diferentes áreas do México, a fim de tirar conclusões sobre todo o país.

 

O que é necessário para se estimar o tamanho da amostra? Essencialmente estabelecer um nível mínimo de confiança, normalmente 95%, e saber qual é a variabilidade do fenômeno em estudos anteriores. Para tanto se conta com relatórios prévios do desvio padrão das análises do mercúrio total em peixes e, no caso do relatório Ford et al. (2000), estas foram realizadas em “charales” (Chirostoma spp.) do Lago de Chapala. Com estes dados foi possível chegar a uma amostra de 248 peixes que devem ser coletadas de diferentes áreas do lago.

 

Análise em músculo

 

O Centro de Investigação e Assistência em Tecnologia e Desenho do Estado de Jalisco (CIATEJ), coordenado pelo Dr. Todd D. Stong, está fazendo a análise do mercúrio total em músculo de mais de 250 carpas (Cyprinus carpio) de 27 partes do lago. O objetivo deste estudo é obter informação estatisticamente significativa sobre a concentração de mercúrio na carpa, uma espécie onívora que, por seus hábitos alimentícios, tende a concentrar o mercúrio mais do que outras espécies como o charal, representando assim um bom modelo de estudo.

 

O controle de aspectos como a localização exata de cada peixe, a restrição da coleta apenas de carpas de 1000 gramas em média, a classificação e armazenamento imediato das amostras, são fatores que fazem parte de resultados de qualidade. Do mesmo modo, a seleção do método analítico apropriado, a validação dos métodos e um estrito controle de qualidade no laboratório fazem parte do protocolo analisado no presente estudo e que permitirão gerar informação confiável que possa ser comparada no futuro com outras medidas. Até o momento conta-se com os resultados de 98 amostras que apresentam uma média de mercúrio total de 0.36 ppm (d.s. 0.21 ppm). Nenhuma das 98 análises até o momento ultrapassou o limite estabelecido para o mercúrio total em peixes de acordo com a norma mexicana NOM-027-SSA1-1993, nem o estabelecido pela FDA nos Estados Unidos, que é de 1 ppm.

 

Uma vez finalizadas as análises serão realizados também estudos para saber se existem diferenças entre as concentrações de mercúrio nas diferentes áreas do Lago de Chapala e sua correlação com os níveis de metais na água.

 

Um lago da magnitude do Chapala, o maior do México, que abastece de água à cidade de Guadalajara e em cujas margens numerosos habitantes dependem da pesca, deve ser monitorado regularmente a fim de contar com informação que permita uma tomada de decisões sólidas com bases científicas.