Prata pode minar resistência de bactérias a antibióticos
Ricardo Manini/comCiência/Labjor/DICYT - Hipócrates, o famoso médico da Grécia Antiga, cujo nome é lembrado em todas as formaturas de medicina, apontou que a prata era uma substância importante contra micróbios. Milhares de anos após a enunciação do grego, uma equipe da Universidade de Boston descreveu como a prata pode ajudar a atacar bactérias. Dentro de um contexto em que as bactérias têm se tornado cada vez mais resistentes aos antibióticos, a descoberta, publicada pelo periódico Science Translational Medicine, pode ajudar na cura de algumas doenças.
De acordo com James Collins, engenheiro biomédico que liderou o estudo, “a resistência às bactérias está crescendo, enquanto o número de novos antibióticos tem caído”. Ele explicou à revista Nature que a equipe queria encontrar um modo de fazer os antibióticos já existentes funcionarem melhor.
A equipe de Boston descobriu que a prata, na forma de íons dissolvidos, ataca células bacterianas de dois modos: faz as membranas celulares se tornarem mais permeáveis e interfere com o metabolismo celular, levando à produção de elementos que reagem contra as bactérias.
O aumento da permeabilidade da membrana permite que mais antibióticos entrem na célula e aumenta a efetividade do vancomycin, um antibiótico composto por grandes moléculas.
Para Vance Fowler, médico infectologista da Universidade de Duke, “o estudo é muito interessante, mas é preciso tomar cuidado com o caráter tóxico da prata”. Para ele, “será preciso tomar muitos cuidados com a toxicidade da substância antes de adicioná-la aos antibióticos”.