Alimentación España , Palencia, Miércoles, 10 de abril de 2013 a las 15:30

Programa de rastreamento de borboletas de Palencia registra uma queda de 32,7%

A seca sofrida no ano passado pode ser a principal causa desta redução, segundo a Associação de Naturalistas de Palencia

CGP/DICYT O programa de rastreamento de borboletas Butterfly Monitoring Scheme (estudo estandardizado internacionalmente), realizado na província de Palencia, registrou uma redução de 32,7% com relação ao ano de 2011. A Associação de Naturalistas de Palencia, entidade que realiza a amostragem nas áreas de Fuente de Nava e Perales, considera que a seca do ano passado é a principal causa deste declive. “Tudo indica que o descenso está relacionado com o fato de que 2012 foi um ano especialmente desfavorável no âmbito meteorológico, com três estações seguidas (inverno, primavera e verão) com precipitações muito abaixo do normal, o que é letal para as borboletas que precisam de uma série de plantas para se alimentar”, explica a DiCYT Fernado Jubete.

 

Nos dois anos em que se realizou o estudo foram contabilizadas 5.597 borboletas pertencentes a 64 espécies diferentes. O declive foi “especialmente sentido” na estação de rastreamento de Perales, na qual o descenso interanual foi de 68,4%, enquanto que em Fuentes de Nava a diminuição foi de 20,7%. Em seu conjunto, as espécies mais afetadas foram Coenonympha pamphilus (96,8% menos), Euchloe crameri (90,6% menos),Maniola jurtina (87,6% menos), Issoria lathonia (85,2% menos) e Pseudopilotes panoptes (85,2% menos). Por outro lado, existem outras espécies que tiveram seu número aumentado em 2012, como Pontia daplidice (494,4% mais), Lampides boeticus (228,9% mais) e Callophrys rubi (171,4% mais).

 

Este descenso está em sintonia com os dados obtidos em outras regiões ou países, como o Reino Unido, em que os Butterfly Monitoring Scheme revelaram que 52 das 56 espécies monitoradas sofreram um declive populacional, o que levou os responsáveis do programa de rastreamento a considerar 2012 como “catastrófico para todas as espécies de borboletas”.

 

As borboletas diurnas são um dos melhores indicadores de mudanças no meio ambiente, devido a seus ciclos de vida curtos, sua grande sensibilidade a mudanças no hábitat e a temperatura e dependências de algumas espécies de plantas ou comunidades vegetais específicas. Seu estudo está revelando de forma muito rápida problemas ambientais como o aquecimento global ou mudanças no uso da terra. Neste sentido, Jubete afirma que dentre as inúmeras causas que podem motivar o descenso do número de borboletas no ano passado em Palencia, fatores ambientais como a mudança climática “estão comprovados em países como Reino Unido”. No entanto, para que estas causas possam ser extrapoláveis com fiabilidade à província de Palencia, é necessário dispor de uma série histórica de registros. “Até que não sejam feitos vários estudos, não saberemos se é um descenso pontual, ou se a tendência se consolida”, agrega o membro da Associação de Naturalistas de Palencia.

 

Metodologia de estudo

 

A Associação de Naturalistas de Palencia desenvolve o programa de rastreamento de borboletas Butterfly Monitoring Scheme desde 2011. Este programa de monitoramento começou no Reino Unido em 1976 e consiste na realização de 30 amostras anuais, entre os meses de março e abril, em percursos estabelecidos previamente e com menos de dois quilômetros de comprimento, nas quais o observador conta todas as espécies e exemplares de borboletas que encontra em uma faixa de cinco metros de largura por cinco metros de comprimento. A estandardização desta metodologia permite a comparação dos dados na mesma localidade e em períodos diferentes (para conhecer a abundância) ou entre vários anos (para saber qual é a variação interanual ou a tendência populacional quando se dispõem de séries longas de dados).

 

As duas estações de estudo se encontram nas localidades de Fuentes de Nava e Perales. A primeira delas representa a paisagem agrícola da meseta e um dos trechos passa também por um bosque fluvial do Canal de Castela. A estação de Perales abrange um hábitat de bosque mediterrâneo e cultivos de sequeiro.

 

No Reino Unido o Butterfly Monitoring Scheme possui mais de 1.000 localidades de amostragem e mais de 1.500 voluntários. Na Espanha, a única região que possuía até agora este programa era a Catalunha, que dispõe de dados de mais de 120 estações desde 1994. As duas estações de Palencia representam as primeiras de Castela e Leão. A execução deste programa é possível graças ao projeto Atlas de distribuição e identificação das áreas importantes para as borboletas na província de Palencia, subvencionado pela Fundação Biodiversidade.