Science Spain , Valladolid, Friday, November 05 of 2010, 11:14

Projeto europeu analisa o rendimento da biomassa de baixa qualidade em caldeiras de uso residencial

O Ente Regional da Energia participa nos trabalhos baseados em testes com duas caldeiras de 60 e 100 kW

Cristina G. Pedraz/DICYT No mercado atual existem vários tipos de biomassa que prestam distintos serviços como combustível para caldeiras. A biomassa mediterrânea de qualidade média-baixa procedente dos resíduos da indústria florestal, agrícola e madeireira, pode ser uma alternativa viável para caldeiras do setor residencial e de serviços, devido a sua grande disponibilidade. Neste sentido, sete empresas, centros de pesquisa e outros organismos públicos de Áustria, Espanha, Grécia e Itália trabalham no projeto do VI Programa Marco Domoheat, baseado na demonstração da sustentabilidade de dois sistemas de aquecimento doméstico e terciário utilizando biomassas mediterrâneas pobres.

 

O projeto foi iniciado em abril de 2007 e será concluído em abril do próximo ano, momento em que serão obtidas as conclusões finais. Nos trabalhos participam quatro sócios espanhóis, a Universidade de Vigo, a consultoria internacional Escan (que coordena o projeto), a firma HC Engenharia e o Ente Regional da Energia de Castilla y León (EREN); assim como o centro de pesquisa ISIS da Itália, o centro tecnológico CRES da Grécia e a fábrica de caldeiras KWB da Áustria.

 

Como afirma à DiCYT o chefe de Área de Bioenergia do Departamento de Energias Renováveis do EREN, Santiago Diaz, trata-se do único projeto desta categoria aprovado no VI Programa Marco. Consiste, como explica, “no emprego de duas caldeiras de potencia médica, de 60 e 100 kW, para fazer experimentos com 13 biomassas mediterrâneas e suas mesclas”. Assim, estudam-se as prestações de cada uma e calibram-se as mesclas mais aptas para melhorar o rendimento da caldeira em função da quantidade de cinzas ou das emissões de contaminantes.

 

Concretamente, estão sendo realizados experimentos com ossos de azeitona, lascas de pinheiro e de pinha, casca de pinhão, casca de amêndoa, casca de avelã, lascas de eucalipto, serragem de palha, serragem de casca de pinheiro, serragem de pó de serra procedente da indústria madeireira, lascas de podas de vinícolas, lascas de carvalho e serragem de carvalho. De acordo com o especialista, um dos aspectos mais importantes do projeto reside em que estas biomassas estão sendo utilizadas em suas condições “reais”. “Ainda que sejam provas laboratoriais, estas estão sendo realizadas nas condições reais em que se pode encontrar a biomassa no mercado”, aponta, como umidade capaz de produzir fungos, areia, restos de terra e que originam condições piores de combustão.

 

Os trabalhos situados no projeto estão avançados e, atualmente, os grupos de pesquisa da Universidade de Vigo e a firma KWB determinam as mesclas mais aptas. No momento as pesquisas sinalizam que qualquer mescla provada melhora os parâmetros finais de rendimento para as biomassas menos aptas de forma individual.

 

Com as conclusões extraídas será criada informação interna e habilitada informação pública que será difundida através, por exemplo, dos grupos objetivos interessados ou dos sites do projeto e do EREN. O trabalho apresentado na semana passada na Expobioenergia pode ter “uma repercussão muito grande no mercado”, segundo detalha Santiago Diez.

 

O papel do EREN

 

Dentro do projeto, o EREN está trabalhando em diversas linhas. Em primeiro lugar, colocou a disposição do projeto a caldeira de 100 kW localizada em Folgoso de la Ribera (León) com a colaboração da Fundação Santa Bárbara. Do mesmo modo, em seu papel de especialistas e no consenso com os demais participantes do projeto, foram sugeridas amostras que hipoteticamente podem ser mais interessantes.

 

Por outro lado, realizou-se uma analise de mercado que implicou, entre outros aspectos, “em uma recopilação das empresas que podem distribuir biomassa em Castilla y León, quais tipos, quantidades e em quais períodos”. Ademais, realizou-se uma análise DAFO e estabeleceu-se um estudo de consolidação de casos práticos, exemplos e modelos de aplicação de biomassa sólida, ao que o Ente Regional da Energia aportou três casos, como o da colegiada de San Isidoro de León, edifício histórico em que se utiliza a biomassa.

 

Finalmente, o trabalho do EREN focou-se na parte de informação e difusão do projeto. Assim, foram organizadas duas jornadas de formação interna, um boletim informativo sobre os avanços do projeto e elaborou-se documentação e material técnico divulgador, além de coordenar a participação em feiras e outros eventos, como o seminário celebrado no ultimo dia 26 de outubro na Expobionergia 2010.