Salud España , Salamanca, Miércoles, 06 de febrero de 2013 a las 15:40

Proteína pouco conhecida poderia ter um papel relevante na doença de Crohn

Grupo do Centro de Investigação do Câncer de Salamanca descobre que a TMEM59 induz a autofagia celular através da Atg16L1, fato relacionado com a inflamação crônica intestinal

José Pichel Andrés/DICYT Uma equipe do Centro de Investigação do Câncer (CIC) de Salamanca publicou no dia 1 de fevereiro, na versão eletrônica da prestigiada revista científica The EMBO Journal, os resultados de uma pesquisa que poderia representar um pequeno avanço no conhecimento da doença de Crohn, uma patologia crônica que causa uma inflamação intestinal que pode ser grave em alguns casos. Especificamente, o grupo orientado por Felipe Pimentel descobriu que a molécula TMEM59 regula a proteína Atg16L1, que induz a autofagia, um processo celular que, por sua vez, tem um papel central na doença de Crohn.

 

TMEM59 é uma proteína da membrana celular “pouco conhecida até agora, mas conseguimos determinar que regula a Atg16L1”, explica Felipe Pimentel em declarações a DiCYT. Esta descoberta realizada através de experimentação in vitro é importante porque demonstrou-se que as pessoas com certas mutações de Atg16L1, alterações que ocorrem em um ponto específico da proteína, “têm mais possibilidades de possuir a doença de Crohn ao longo de sua vida”.

 

Após seqüenciar os genomas de muitos indivíduos com esta doença e compará-los com indivíduos que não a tem, outros cientistas identificaram recentemente os genes alterados e com ela relacionados. Estas pesquisas chegaram à conclusão de que “genes envolvidos em autofagia celular freqüentemente sofriam mutação na doença de Crohn, dentre eles, Atg16L1, mas também outros”.

 

A autofagia é um processo de degradação controlada de componentes celulares que a célula utiliza quando lhe convém. Existe uma autofagia geral, que degrada componentes ao acaso, e serve à célula para obter nutrientes, mas existe outra importante forma de autofagia, que é orientada e degrada componentes prejudiciais e obsoletos. “Isto inclui os microorganismos que entram na célula e podem ser prejudiciais, o que está muito relacionado com nosso trabalho”, indica o pesquisador.

 

Importância dos defeitos na autofagia

 

Assim, os especialistas acreditam que defeitos na autofagia produzem uma incapacidade de manter a flora intestinal sob controle. A flora intestinal são os microorganismos que ajudam o aparato digestivo a realizar suas funções, mas no caso dos pacientes da doença de Crohn, poderiam estar invadindo o tecido do aparelho digestivo. “Por não ter uma correta autofagia, não se evitariam os microorganismos, gerando uma inflamação que se tornaria crônica”, indica o cientista.

 

Desta forma, a ausência de TMEM59 diminui a reação em forma de autofagia à infecção provocada, por exemplo, por uma bactéria infecciosa. Isso é, inibe-se a reação da célula como resposta a algumas infecções bacterianas, de modo que a molécula em questão poderia ter um papel mais geral na defesa contra patógenos intracelulares, conforme indica o artigo como um aspecto complementar.

 

Alterações na autofagia parecem estar relacionadas também com outros fenômenos imunológicos, doenças neurodegenerativas e o câncer, mas de momento a equipe de Pimentel prefere focar-se nesta relação com a doença de Crohn, claramente marcada pela regulação de Atg16L1.

 

União específica

 

Ademais, a autofagia é um fenômeno muito conservado na evolução, “está presente até nas leveduras”, mas nestes organismos simples a proteína Atg16 é mais curta e não tem uma parte que só se verifica em organismos superiores como os mamíferos”. Não se sabe qual é o papel desta parte e nós explicamos que a proteína TMEM59 se une especificamente a esta área”. Precisamente, é nesta parte onde se localiza a mutação que aumenta a suscetibilidade à doença de Crohn. “Agora estudaremos se a presença desta mutação altera o modo através do qual esta proteína regula a Atg16”, agrega Pimentel.

 

Graças à descoberta dessa estrutura concreta na TMEM59, que se una à Atg16 “pela parte desta proteína cuja função era desconhecia”, os cientistas podem abordar agora a busca de outras proteínas que tenham a mesma estrutura e, portanto, também regulem a Atg16L1. “Abre-se um campo novo e podemos ter acesso a outras proteínas que regulem esta proteína em diferentes condições biológicas”, afirma o cientista. Considerando a importância desta molécula para a autofagia e para a doença de Crohn, a descoberta pode ser a porta de entrada de importantes progressos.

 

Referência bibliográfica

 

Emilio Boada-Romero, Michal Letek, Aarne Fleischer, Kathrin Pallauf, Cristina Ramón-Barros and Felipe X Pimentel-Muiños. TMEM59 defines a novel ATG16L1-binding motif that promotes local activation of LC3. The EMBO Journal, advance online publication 01 February 2013; doi:10.1038/emboj.2013.8