Ciencia España , Salamanca, Miércoles, 08 de junio de 2016 a las 21:09

Requerem aperfeiçoar formação e transferência para incentivar a biotecnologia da Ibero-América

Reunião 'BIO.IBEROAMÉRICA 2016' conclui com novas propostas sobre bioenergia, agricultura e meio ambiente

JPA/DICYT Uma conferência de Pedro Álvarez, cientista nicaraguense de prestígio da Rice University, em Houston (Texas, EUA), serviu para encerrar o primeiro Congresso Ibero-americano de Biotecnologia ‘BIO.IBEROAMÉRICA 2016. Biotecnología Integrando Continentes’ (Biotecnologia a integrar continentes), que ao longo dos últimos quatro dias reuniu em Salamanca (Espanha) mais de 600 investigadores de 22 países e campos de estudo como agricultura, meio ambiente, medicina ou energia. O México vai sediar a segunda edição, a acontecer em junho de 2018.


Precisamente, neste primeiro congresso foi o México o país que contribuiu com mais participantes depois do anfitrião, a Espanha. Entre eles está Enrique Galindo, investigador no Instituto de Biotecnologia da Universidade Nacional Autónoma de México (UNAM) e presidente da empresa Agrobiotecnia, que hoje ofereceu uma das intervenções. “O nosso trabalho visa desenvolver produtos que possam controlar os fitopatógenos em culturas agrícolas”, explana, “já desenvolvemos um sistema baseado em microrganismos que é eficaz contra três doenças diferentes ocasionadas por fungos e que atualmente está registrado no México para 20 culturas diferentes, incluindo manga, papaia, frutos cítricos, pepino, melancia e melão”.


Estes resultados são o fruto de mais de uma década de pesquisas e da transferência de tecnologia através de um spin-off, algo ainda raro em países da Ibero-América. “Há uma investigação de grande qualidade, mas poucos produtos no mercado; temos cientistas muito relevantes mas precisamos de transformar o trabalho de laboratório em produtos a resolverem problemas reais da agricultura”, afirma o palestrante. No entanto, Galindo é otimista, uma vez que o mercado de produtos biológicos é crescente porque “os consumidores pedem produtos saudáveis e seguros, inócuos, o que nem sempre se alcança com os pesticidas químicos sintéticos”.

 

Microrganismos contra derramamentos de petróleo


O emprego de microrganismos para resolver problemas também é a especialidade do chileno Michael Seeger, que trabalha na Universidade Técnica Federico Santa María (Chile), mas no seu caso focado em um problema muito diferente: resolver os graves danos que causa a poluição, como os produzidos pelos derramamentos de petróleo. “Na região central do Chile, fomos capazes de isolar umas bactérias que degradam os hidrocarbonetos, selecionáramos alguns desses microrganismos e empregáramo-los em processos de biorremediação dos solos”, ilustra. No futuro, o especialista e a sua equipa gostariam de fazer o mesmo com os derramamentos de petróleo no mar.


Ao analisar os ecossistemas onde se realizam estes processos, os investigadores chilenos têm advertido mudanças significativas na comunidade microbiana. “Utilizamos técnicas de sequenciamento massivo para verificar o que acontece com todos os microrganismos presentes no ecossistema e, deste modo, podemos observar como proliferam as bactérias que desempenham um papel proeminente na remoção dos poluentes”, disse Seeger.


Além de investigar, o cientista coordena uma rede de 16 universidades ibero-americanas com programas de doutoramento em biotecnologia. Ele visa formar novos especialistas porque “o número de líderes em biotecnologia é absolutamente insuficiente nos nossos países, precisamos de formar mais especialistas nestas áreas. Ao unir forças na rede, temos um conjunto muito maior de professores e tiramos proveito de todas as infraestruturas para o avanço da investigação científica nos nossos países”, conclui.

 

O Brasil, líder do bioetanol


Outra das palestras em destaque do dia foi oferecida pela investigadora brasileira Lucília Domingues, que apresentou alguns avanços na produção de bioetanol de segunda geração, o que se produz a partir de biomassa vegetal. “O problema é tornar o processo economicamente rentável, questão investigada há muitos anos”, anota.


A sua investigação concentra-se no desenvolvimento de uma levedura usada na fermentação que produz este combustível a partir de resíduos vegetais, mas é essencial aperfeiçoar todas as fases do processo. “O Brasil é um líder muito importante na produção de bioetanol, em primeiro lugar com o de primeira geração ―a partir de cana-de-açúcar―, mas agora também queremos apostar pelo de segunda geração”, apostila.

 

Apresentação da FIAMBiot


‘BIO.IBEROAMÉRICA 2016. Biotecnología Integrando Continentes’ foi uma reunião organizada pela Universidade de Salamanca, a Sociedade Espanhola de Biotecnologia (SEBiot) e a Sociedade Portuguesa de Biotecnologia (SPTB), com o apoio da Sociedade Mexicana de Biotecnologia e Bioengenharia, a Sociedade Colombiana de Biotecnologia e a Sociedade Brasileira de Biotecnologia. Este evento faz parte da celebração do VIII Centenário da Universidade de Salamanca, que será comemorado em 2018.


Justamente, a cerimônia de encerramento de ‘BIO.IBEROAMÉRICA 2016’ também serviu para apresentar a nova Federação Ibero-americana de biotecnologia (FIAMBiot), que reúne todas essas sociedades nacionais e será responsável pela organização dos congressos bienais que começaram com o encontro de Salamanca.