Science Mexico , México, Friday, March 12 of 2010, 13:28

Um grupo internacional conduzido pelo México prepara uma nova escavação da cratera Chicxulub

A revista “Science” publicou uma revisão que inclui análises do impacto que causou o asteróide e o impacto nas extinções de espécies

UNAM/DICYT Depois de aprovar uma estrita avaliação científica e financeira por parte do painel internacional Integrated Ocean Drilling Program (IODP), um grupo mundial de cientistas chefiado pelo doutor Jaime Urrutia Fucugauchi, do Instituto de Geofísica (IGF) da UNAM, espera iniciar uma segunda perfuração na cratera Chicxulub, desta vez na parte central e marinha da gigantesca brecha de 200 quilômetros de diâmetro causada pelo impacto de um asteróide na Península de Yucatán há 65 milhões de anos.

 

A IODP é um programa internacional de pesquisa marinha que explora a história da Terra e a estrutura registrada nos sedimento do fundo marinho e das rochas. “A cratera Chicxulub está parte em terra e parte no mar. Da parte terrestre possuímos mais de cinco mil amostras, mas agora queremos explorar a parte marinha, que é muito mais profunda”, explicou Urrutia Fucugauchi, que assegura que ainda existem questões a resolver a respeito das condições físicas do impacto do asteróide na Terra e sobre como muitas espécies desapareceram enquanto outras sobreviveram.

 

Pelas condições geográficas do lugar, a perfuração dentro do mar não poderá ser realizada com um barco japonês de tamanho grande, mas com um equipamento menor, o que aumentará os custos.

 

“Somos obrigados a usar uma plataforma de perfuração menor e a idéia é perfurar uns três quilômetros. Deste tipo são feitos dois por ano no mundo e estamos esperando a que nos programem para começar”, assinalou o pesquisador, condecorado com o Prêmio Nacional de Ciências e Artes 2009. Urrutia esclareceu que, uma vez aprovada a nova etapa da pesquisa, a preparação durará dois anos.

 

Revisão na "Science"

 

Um artigo sobre a cratera Chicxulub foi publicado hoje na revista “Science”. “É um artigo de revisão no qual participam 41 autores de 30 grupos de pesquisa de vários países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha, Bélgica, Espanha e Holanda, entre outros. Do México somos três pesquisadores: Mario Rebolledo, que fez a tese doutoral comigo e agora está no Centro de Pesquisas Científicas de Yucatán; Manuel Grajales, do Instituto Mexicano de Petróleo, e eu”, indicou Urrutia.

 

O artigo aborda com profundidade três temas associados com a cratera: os dados e observações acumulados sobre o impacto; a relação do impacto com o limite Cretáceo-Paleogênico e um revestimento de argila e irídio que se formou após o evento; e a correlação do impacto com as extinções de 75% das espécies animais e vegetais que então viviam no planeta.

 

Na primeira parte há evidências sólidas para concluir que Chicxulub é uma cratera de 200 quilômetros de diâmetro derivada do impacto de um asteróide de dez quilômetros de diâmetro que caiu na Terra a uma velocidade de 20 a 25Km/s.

 

A segunda parte do estudo é uma análise das seções em que se encontra um revestimento de argila e irídio, que marca o limite do Cretáceo-Paleogênico, sobre o qual existia controvérsia científica sobre se correspondia ao impacto ou não.

 

“Fez-se uma análise detalhada do revestimento de argila com irídio em diferentes lugares do mundo, observando se apresentavam a marca química e mineralógica do Chicxulub. Concluiu-se que o revestimento que distingue o limite corresponde à marca gerada pelo Chicxulub e a correlação é muito detalhada e sólida”, comentou Urrutia. A terceira parte do estudo se refere à correlação entre o impacto e as extinções, na qual os cientistas encontraram buracos no registro fóssil, que é mais completo na parte marinha que na continental.

 

“O impacto está associado com extinções de 75% das espécies, inclui espécies marinhas e terrestres, todos os dinossauros, os répteis marinhos e os répteis voadores. Inclui uma grande quantidade de espécies marinhas, abrangendo microorganismos e organismos emblemáticos como as amonitas, que são como os Nautilus característicos do Mesozóico”, afirmou Urrutia.

 

O pesquisador indicou que a nova etapa da pesquisa servirá para aprofundar ainda mais nos efeitos físicos do impacto e nas pesquisas que revisarão como se recuperou a vida na Terra depois desse evento.