Ciencias Sociales España , Burgos, Lunes, 19 de julio de 2010 a las 12:21

Um museu de dimensões mundiais

O MEH figura como referência de uma rede inteira de recursos acerca de Atapuerca

Elena Rodríguez Montes/DICYT Onze anos depois de falar-se pela primeira vez na cidade da possibilidade de se criar uma infra-estrutura que dotasse da dimensão que merecem as jazidas arqueológicas de Atapuerca, a idéia tornou-se realidade. Hoje foi inaugurado oficialmente o Museu da Evolução Humana, um dos três pilares do Complexo da evolução que reina no centro da capital de Burgos, junto ao CENIEH e ao auditório-palácio de Congressos. A rainha Sofía, que há um ano visitou as escavações na Serra de Burgos e cortou a faixa do Centro Nacional de Investigação sobre Evolução Humana, foi a encarregada de inaugurar o MEH, que figura como uma referência sobre o estudo e a divulgação da vida de nossos antepassados a nível mundial.

 

Precisamente a partir desta idéia o presidente da Junta, a Administração que liderou o projeto com um investimento de 70 milhões de euros, incluída a criação do museu, insistia nessa dimensão internacional. Juan Vicente Herrera assegurou que o museu, junto ao CENIEH, às próprias jazidas da serra e aos centros para a recepção e informação dos visitantes que estão sendo construídos nas localidades de Atapuerca e Ibeas de Juarros, “convertem a Burgos na sede do sistema de lugares e equipamentos mais completo do mundo sobre a evolução humana”. Herrera também destacou em seu discurso o valor científico dos conteúdos que alberga o Museu graça à “implicação pessoal” dos atuais co-diretores, José María Bermúdez de Castro, Eudald Carbonell e Juan Luis Arsuaga, bem como o compromisso dos mesmos para a progressiva adaptação aos novos descobrimentos e avanços a serem produzidos. Finalmente, o presidente de Castilla y León ressaltou a “inigualável oportunidade” que supõe o MEH para atrair e fixar talento e atividade científica, cultural e econômica, através da valorização de “tão singular e enorme riqueza”.

 

O edifício que alberga o MEH, desenhado pelo arquiteto Juan Navarro Baldeweg, ganhador do concurso internacional de idéias convocado há onze anos e no qual se encontra a origem deste projeto, conta com uma superfície total de 15.000 metros quadrados e está dividido em quatro andares. Como nota mais destacada, a evocação topográfica da Serra de Atapuerca está presente tanto no exterior do museu, nas varandas que descendem até o rio Alanzón, como na disposição de seus espaços interiores. Definitivamente, é uma evolução arquitetônica, expositiva e tecnológica que dará impulso ao trabalho realizado nas jazidas arqueológicas.

 

Concepção do MEH

 

O Museu da Evolução Humana está idealizado para estabelecer uma comunicação com todos os públicos de maneira universal e, ademais, em razão de sua concepção e conteúdo, nasce com um enorme potencial. Em primeiro lugar, concebe-se como a ante-sala visual das jazidas arqueológicas, cuja visita é uma experiência insubstituível que ajudará a compreender a Serra in situ e, de outro lado, Atapuerca fornecerá ao visitante um esquema que lhe permitirá assimilar melhor o discurso do museu.

 

Além disso, o MEH visa o enfoque dinâmico da espécie humana e por isso colhe dados científicos derivados de investigações procedentes de diversas disciplinas, objetivando relevar o papel do homem como centro das civilizações. Do mesmo modo, o Museu esconde uma reflexão sobre questões tão atuais como o aquecimento global e o aproveitamento dos recursos naturais, já que apresenta o homem interatuando com seu entorno ambiental e social e explica sua adaptação à mudança destes ecossistemas.

 

Distribuição do museu

 

A evocação da paisagem da Serra de Atapuerca nas varandas de vegetação exterior do Museu inicia desde logo ao visitante nos conteúdos expostos que se distribuem em um espaço amplo e luminoso. No centro deste espaço aberto destacam-se quatro prismas paralelos, separados por profundos cortes verticais, com um leve desnível em sua parte superior, que também contém vegetação da Serra. No prisma número 1, vemos a Serra de 50.000 anos atrás e encontramos ao Homo neanderthalensis com os animais que habitaram este espaço como cavalos, cervos ou hienas. O prisma número 2 nos leva a 350.000 anos atrás e mostra o Homo heidelbergensis entre carvalhos, azinheiras, tojos e espinheiro-alvar; e espécies animais como ursos, leões e pequenos cervos. No terceiro, 600.000 anos atrás, mantêm-se a espécie humana anterior em uma paisagem amena, mais úmida, com faias, azinheiras, carvalho e urzes. E o prisma número 4 nos retrocede a 850.000 anos atrás, às mãos do primeiro europeu, o Homo antecessor, uma espécie que nasceu em Atapuerca e revolucionou a história da evolução humana.

 

Toda a informação oferecida pelo MEH está disposta em quatro andares. O primeiro andar situa o visitante na pré-história e os protagonistas são as jazidas arqueológicas e os emblemáticos fósseis que nelas apareceram, os originais. Ali recebemos uma aula prática de arqueologia, paleontologia e antropologia. Entre os achados mais chamativos encontramos o Crânio número 5, Miguelón, pertencente a um hominídeo que viveu há 500.000 anos e que foi encontrado na Sima de los Huesos, trata-se do mais completo e melhor conservado registro fóssil mundial. Toparemos também com o frontal e o maxilar encontrados na Gran Dolina que permitiram descobrir a uma nova espécie, o Homo antecessor, de mais de 800.000 anos e que só são superados em antiguidade (850.000 anos) pela mandíbula Letizia desta espécie. Nas vitrines não falta a pélvis Elvis, encontrada na Sima de los Huesos e muito bem conservada; pertenceu a um hominídeo de meio milhão de anos e é a mais completa do registro fóssil mundial do Homo heidelbergensis. Quanto a fósseis da indústria lítica, destaca-se o bifaz Excalibur, outra surpresa da Sima de los Huesos, com cerca de 400.000 anos e que constitui uma ferramenta simbólica, já que capaz de explicar possíveis ritos fúnebres, como comentaram em numerosas ocasiões os co-diretores das escavações.

 

O térreo conta-nos sobre a evolução biológica, a história da vida na Terra, a Teoria da Evolução de Darwin e as características biológicas exclusivas dos humanos entre as que se destaca o cérebro. Em um grande espaço circular estará a Galeria dos Hominídeos mais representativos, os protagonistas da evolução reproduzidos de forma super-realista a partir dos dados fornecidos pelos cientistas. O primeiro andar explica a evolução cultural a partir das manifestações que identificam aos grupos humanos (conhecimentos, inovações, crenças, comportamentos...) e se fala do hábitat, tecnologia, alimentação, mobilidade e criatividade, ou do domínio do fogo. O segundo andar recria os três ecossistemas: a selva, a savana e a tundra-estepa, como explicação das variações climáticas, das adaptações do hábitat e exposição de cenários das dificuldades de sobrevivência.