Ciencia España , Salamanca, Miércoles, 21 de mayo de 2008 a las 12:00

Uma pesquisa geológica afirma que os continentes tendem a quebrar em zonas de colisões prévias

Gabriel Gutiérrez, da Universidade de Salamanca, é co-autor de um estudo internacional publicado em 'Investigación y Ciencia'

JPA/DICYT As cicatrizes de antigas colisões marcam o caminho por onde os continentes voltam a quebrar-se. Esta é a principal conclusão de uma pesquisa internacional na qual participa o geólogo da Universidade de Salamanca Gabriel Gutiérrez e que acaba de ser publicada na revista Investigación y Ciência depois de aparecer em American Scientist. De fato, o estudo tratou da formação e desaparecimento do Oceano Reico, que nasceu há 500 milhões de anos, quando houve a separação dos continentes Avalonia e Carolina do supercontinente Gondwana. 

 

As massas continentais atuais estiveram à deriva ao redor do globo terrestre chocando umas com outras e se separando várias vezes durante os últimos 3.000 milhões de anos. Os estudos do pesquisador de Salamanca indicam que o Oceano Reico, “que foi a nossa praia durante milhões de anos”, tal como declarou Gutiérrez a DiCYT, se abria a uma velocidade de 7 a 8 centímetros por ano, porque Avalonia e Carolina se afastavam de Gondwana em direção ao norte, dois “micro-continentes” pequenos e estreitos, similares ao que hoje são o Japão ou a Nova Zelândia.

Embora já houvesse conhecimento a respeito das massas continentais que rodeavam o Reico e alguns marcos temporais indicando seu surgimento e desaparecimento, até então não se tinham identificado as margens, assim como as causas, mecanismos e o momento do início da sua abertura. Esta começou a se produzir numa zona que sofreu um episodio prévio de orogêneses ou formação montanhosa, ocorrido 150 milhões de anos antes.


Evolução Atual

As conclusões deste tipo de estudo servem para que os cientistas obtenham pistas acerca da evolução presente e futura das massas continentais. Por exemplo, “o Oceano Atlântico originou-se a partir de cicatrizes já existentes”, comenta o pesquisador. “Para o futuro não podemos prever como se vão mover os continentes, mas sabemos sim o que está acontecendo atualmente, o Atlântico está se fazendo cada vez maior, enquanto que o Pacífico tende a fechar-se”, esclarece.

 

Este grupo de cientistas tira suas conclusões através da datação de rochas. A técnica fundamental está baseada na ablação a laser, que consiste em disparar com laser em direção ao zircônio, um tipo de mineral, de modo que se volatilizam pequenas frações dos mesmos. O resultado desta ação é analisado mediante espectroscopia de massas, para avaliar a relação dos isótopos de urânio e chumbo, já que são elementos radioativos que vão mudando a sua relação isotópica em função do tempo decorrido desde a sua formação, o que permite datá-los com alguma exatidão.


Os continentes e o clima

 

Em uma época em que se multiplicam as publicações científicas sobre a mudança do clima, Gabriel Gutiérrez chama a atenção sobre a importância das pesquisas geológicas dentro dos processos que regem este tipo de fenômenos. “O clima está ditado fundamentalmente pela disposição dos continentes e a sua relação com os oceanos”, afirma o cientista de Salamanca. Nesse sentido, conhecer em detalhes a evolução histórica das massas continentais é um fator importante nos estudos paleo-climáticos e, portanto, na comparação de episódios de mudança de clima anteriores com o atual.