A farmacêutica Silanes prepara um novo antídoto contra a viúva-negra
CONACYT/DICYT A empresa farmacêutica Silanes, através da sua filial, o Instituto Bioclón, prepara o lançamento de uma nova apresentação do Aracmyn, antídoto contra o veneno da mordedura da aranha viúva-negra; o antídoto é elaborado a partir de uma pequena quantidade do veneno do aracnídeo. Em 2004, Silanes lançou no mercado o Aracmyn 6000 Plus, antídoto com 1800 unidades de veneno da aranha viúva-negra, uma concentração muito acima da necessária para controlar o envenenamento, o qual pode ser neutralizado com um número menor desta substância.
De acordo com Verónica Alejandra Guevara González, especialista do Centro Regional de Informação e Atenção Toxicológica (CRIAT) de Jalisco, participante da última fase do estudo para comprovar a efetividade da nova versão de Aracmyn, o antídoto conservará sua efetividade terapêutica apesar de ser reduzida sua potência. “A ampola de Aracmyn 6000 Plus contém 1800 unidades de veneno e a apresentação 600 somente 180, não obstante, número suficiente para interromper o processo de envenenamento, seja ele de qualquer grau: leve, moderado ou grave”, disse.
Segundo a especialista, a Silanes estava apenas esperando os últimos estudos sobre a efetividade do antídoto para lançá-lo no mercado, o que poderia ocorrer nos próximos meses, embora se desconheça a data exata e o preço da nova apresentação.
Comparam efetividade
A pesquisadora do CRIAT Jalisco realizou um estudo duplo-cego, com seleção aleatória, em 60 pacientes maiores de 18 anos para avaliar a eficácia da nova apresentação de Aracmyn. “Bioclón e o Instituto de Biotecnologia da UNAM começaram a pesquisar a efetividade deste antídoto em modelos experimentais praticamente desde o lançamento do Aracmyn 6000 Plus no mercado, mas decidiram experimentar em humanos até 2005”.
O estudo durou um ano e meio, foi realizado em pacientes mediante consentimento informado, e que estivessem dentro dos seguintes critérios de seleção: não ser alérgicos a proteínas, não tomar medicamentos que pudessem interagir com o antídoto e, em caso de serem mulheres, não estarem grávidas nem lactando.
A especialista e seus colaboradores aplicaram 60 kits com o antídoto enviado por Bioclón, metade continha a nova apresentação de Aracmyn, os restantes a primeira versão.
Os médicos do CRIAT recebiam os pacientes, tomavam seus sinais vitais e aplicavam o antídoto e posteriormente, aos 30, 60, 90 e 240 minutos realizavam exames de sangue para analisar a evolução clínico-laboratorial do doente.
“A melhora depende muito do tempo de evolução do acidente; tivemos pacientes que chegavam 30 minutos após a mordida e outros passados dois ou três dias, mas geralmente a recuperação é rápida. Quando o paciente foi mordido há uma ou duas horas, lhe é aplicado o antídoto e após duas horas as dores desaparecem; já em pacientes com três dias, o quadro clínico desaparece em quatro ou seis horas”. É importante destacar que a cada paciente foi dado seguimento aos 7 e aos 14 dias após ter sido aplicado o tratamento, para determinar se havia alguma reação alérgica tardia.
De acordo com a doutora Verónica Alejandra Guevara González, a mordedura de viúva-negra não é mortal, mas sim dolorosa para os pacientes. “A Latrodectus mactans, como conhecemos a viúva-negra, é uma das espécies mais venenosas, habita praticamente em toda a república, mas não se adapta a climas extremos, e embora seu veneno não seja letal, existem relatos de mortes por paradas respiratórias relacionadas à mordedura deste animal”.
O aracnídeo produz um veneno neuromuscular causador de contrações musculares desde a planta dos pés até o tórax, outros sintomas são: o aumento da pressão arterial, da freqüência cardíaca e da temperatura. Em relação à incidência da mordida desta aranha, a pesquisadora disse que, somente no estado de Jalisco, no ano de 2006, foram registrados cerca de 600 casos, nenhum mortal.