Alimentación España , Burgos, Jueves, 07 de marzo de 2013 a las 10:23
8 DE MARÇO, DIA INTERNACIONAL DA MULHER TRABALHADORA

“A mulher teve um papel fundamental no desenvolvimento da ciência da Nutrição”

A professora da Área de Nutrição e Ciência de Alimentos da Universidade de Burgos, Sara Alonso, é a primeira palestrante da II Semana Mulher e Ciência do Cenieh

Cristina G. Pedraz/DICYT Uma das primeiras disciplinas científicas a qual se incorporou a mulher foi a Nutrição. Do mesmo modo, ao longo da história milhões de mulheres contribuíram e contribuem, anonimamente, ao desenvolvimento desta Ciência. Segundo a professora da Área de Nutrição e Ciência de Alimentos da Universidade de Burgos, Sara Alonso, que abriu no dia 5 de março o ciclo de conferência da II Semana Mulher e Ciência do Cenieh (Centro Nacional de Investigação sobre a Evolução Humana), as mulheres exerceram um papel “fundamental” e ao mesmo tempo “pouco reconhecido” no campo da alimentação.

 

“É preciso reconhecer a mulher que, de sua casa, teve um trabalho muito importante inventando a ciência da nutrição, com seu cuidado no momento de elaborar as comidas, fazer compras e incorporar uma série de alimentos que, como se demonstrou, têm uma grande importância para o equilíbrio alimentar”, enfatiza a especialista em declarações à DiCYT.

 

A conferência, intitulada A nutrição: história de uma ciência ‘inventada’ pela mulher, repassou o papel da mulher cientista e também o da mulher anônima com relação à Nutrição. A mulher cientista, afirma Alonso, como em outras disciplinas, incorporou-se tarde. “A mulher cientista aparece tarde, como é normal porque não trabalha fora de casa e tampouco na universidade e na pesquisa. No relato histórico, no nascimento da Nutrição, já no século XVIII, encontramos algumas mulheres geralmente escondidas e à sombra de seu marido, mas foram cientistas que contribuíram para o desenvolvimento desta Ciência”, destaca.

 

Como exemplo deste trabalho fundamental cita a Marie-Anne Pierette Paulze (1758-1836), conhecida como Madame Lavoisier. “A origem da Nutrição como Ciência se deve a Antoine Lavoisier no século XVIII. Os livros narram seus progressos no desenvolvimento da Nutrição, conhecimentos que continuam sendo válidos atualmente, mas praticamente nenhum aborda a importância que teve Madame Lavoisier, sempre à sombra de seu marido”, afirma. Madame Lavoisier aprendeu inglês para traduzir textos, transmitindo inclusive os erros de alguns trabalhos químicos de alguns autores, e elaborando gravuras, figuras e relatórios sobre os experimentos que realizava com seu marido no laboratório. “A história reivindica seu papel e se Antoine Lavoisier é conhecido como o pai da Química e da Nutrição, ela deve ser a mãe”, agrega.

 

Atualmente a Nutrição é uma Ciência “na qual existem muitas mulheres, mais que em outros campos”. No entanto, na Espanha em muitos casos estas mulheres continuam estando à sombra dos “fundadores” da Nutrição. Este é o caso, indica Alonso, da mulher de Gregorio Varela, Olga Moreiras, “que realizou um trabalho muito importante e é conhecida como a mulher de”. Moreiras, por exemplo, é responsável pelas primeiras doses recomendadas (as denominadas IDRs) para a população espanhola.

 

Ainda que personalizar “seja difícil”, Alonso também destaca o papel de Ana Sastre, no campo da Nutrição Clínica; ou de Consuelo López Nomdedeu, “uma grande educadora em saúde que foi fundamental para o desenvolvimento de políticas de educação nutricional na Espanha”.

 

Por outro lado, durante a segunda parte da conferência a especialista revelou “o papel calado e anônimo da mulher no que se define socialmente como seus trabalhos, trabalhos que são considerados secundários, sem nenhum reconhecimento social, e que no entanto quando a mulher começou a trabalhar fora de casa levaram a desequilíbrios”. Conforme explica, cientistas como Consuelo López Nomdedeu ou Ana Sastre advertem que um dos maiores riscos nutricionais se deve à incorporação da mulher ao trabalho, “ninguém ocupou seu lugar no lar e este trabalho de cozinhar e fazer a compra, que parecia sem importância, demonstrou-se muito importante, um papel tradicional desprestigiado que agora deve ser assumido pela unidade familiar”.

 

II Semana Mulher e Ciência

 

Além desta primeira ciência, no dia 6 de março a doutora Isabel Sarró, especialista em Biodeterioração e Conservação do Patrimônio do Cenieh, dará a conferência O papel da mulher na Pré-história, que trata da visão que a pesquisa tem sobre o papel das mulheres na vida dos grupos humanos pré-históricos.

 

Do mesmo modo, Flora de Pablo, professora de Pesquisa do CSIC e ex-presidente da Associação de Mulheres Investigadoras e Tecnólogas (AMIT), fechará o ciclo na quinta-feira, 7 de março, falando de Ciência, gênero e sociedade: barreiras e desafios das mulheres pesquisadoras, palestra na qual revelará a “ainda persistente desigualdade de oportunidades e dificuldades na carreira de cientista entre mulheres e homens”. A entrada às conferências será livre até completar o aforo.

 

A II Semana Mulher e Ciência se desenvolve em colaboração com a Fundação Espanhola para a Ciência e a Tecnologia (FECYT) e será realizada no Salão de Atos do CENIEH, a partir das 19 horas. O ciclo tem como objetivo divulgar o trabalho desenvolvido por estas cientistas e seu impacto na sociedade.