Alimentación México , México, Miércoles, 12 de noviembre de 2014 a las 14:38

América Latina e Caribe perdem seus vertebrados

Os pesquisadores chamam a atenção sobre fatos como a destruição de habitats ou a mudança climática e sobre as consequências que têm para uma das áreas mais ricas em biodiversidade do planeta

José Pichel Andrés/SINC/DICYT A biodiversidade regride em todo o planeta a passos largos. O Informe Planeta Vivo 2014 da WWF indica uma diminuição de 52% das espécies de vertebrados entre 1970 e 2010, isto é, em quatro décadas o número de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes do planeta foi reduzido a menos da metade. Ao analisar os dados por áreas geográficas, a pior tendência é a do Neotrópico, uma região que corresponde essencialmente à América Latina e ao Caribe, aonde a redução chega a 83%.


Os cientistas concordam que a situação é grave, mas alguns questionam se essas diferenças entre continentes são tão dramáticas. "Temos que ser muito cautelosos com os dados fornecidos pela análise comparativa global", asseguram dois especialistas em conservação biológica: Eric Ameca Juárez e Ernesto Rodríguez Luna da Universidade de Veracruz no México.


Embora seja verdade que a perda de biodiversidade é muito alta na região neotropical, esta área geográfica tem uma enorme diversidade que é amplamente estudada. Por isso, os pesquisadores de Veracruz consideram que outras partes do mundo "podem ter números semelhantes", mas por não terem sido cuidadosamente investigadas, oferecem dados menos impactantes que a América Latina e os trópicos em geral.


De qualquer maneira, de acordo com os pesquisadores, as causas da perda de biodiversidade são semelhantes em todas as grandes ecorregiões e citam "A destruição do habitat, efeitos negativos de espécies invasoras, exploração excessiva das espécies e populações e as mudanças climáticas", além do efeito em cadeia que pode causar a extinção de uma espécie em detrimento de outras.


Um caso que foi estudado em profundidade por Eric Ameca Juárez é o do bugio (Alouatta palliata mexicana), que está em perigo de extinção "afetado pelos efeitos climáticos extremos em combinação com a degradação de seu habitat", diz o pesquisador, que publicou na revista Trends in Ecology and Evolution, um artigo sobre esta espécie, que serve como referência para analisar a vulnerabilidade dos mamíferos terrestres. A combinação de vários fatores, incluindo eventos naturais e a ação humana aumenta seu risco de extinção.


Espécies invasoras

As espécies invasoras têm também um efeito devastador. As universidades argentinas de Comahue e La Plata, com uma equipe espanhola liderada pelo biólogo Salvador Peris, analizaram durante anos a introdução de várias espécies no Parque Nacional Lanín, localizado na Patagônia, perto da fronteira com o Chile: o salmão e o javali europeus ou o vison norte-americano causam estragos.


Por exemplo, em lagos e lagoas na província de Neuquén, onde foi documentada a presença do vison, os gansos e cisnes desapareceram quase por completo em apenas 15 anos.


O relatório do WWF adverte que a mudança climática pode aumentar ainda mais a pressão sobre as populações no futuro. Se os valores recolhidos fizerem referência a um passado próximo, quando as mudanças de temperatura ou precipitações estavam apenas começando a aparecer, os modelos de evolução climática poderiam indicar que, ao longo do século XXI, os ecossistemas estariam muito mais afetados.


De acordo com dados do Sistema de Informação sobre Biodiversidade (BIS), do Instituto Humboldt da Colômbia, 47% da superfície da América Latina e do Caribe correspondem a florestas e nelas reside grande parte da riqueza faunística e, com certeza, botânica da região. Em geral, acredita-se que mais da metade das espécies animais e vegetais fazem das áreas arborizadas seus lares.

O país das aves

 

Na própria Colômbia, o país com a maior diversidade de aves no mundo, existem cerca de 350 espécies de fauna com algum grau de ameaça, de acordo com os Libros Rojos publicados até esta data. Só nas florestas úmidas dos Andes e na costa do Pacífico existem 68 aves, 40 mamíferos, 55 anfíbios e 25 répteis ameaçados.
A maioria deles é classificada como "vulneráveis", mas ainda há muitas espécies consideradas "em perigo" ou "em perigo crítico", as seguintes etapas para o desaparecimento. Anfíbios e répteis são os que saem pior parados nas montanhas e nas florestas ocidentais.


No entanto, os cientistas colombianos chamam a atenção para outros animais menos visíveis: estima-se que existam 300 mil espécies de invertebrados, os quais menos de 20% sejam conhecidos. Nessas condições, é difícil preservar aquilo que nem sequer se sabe que existe em um país com uma localização privilegiada entre o Caribe, o Pacífico e o Amazonas.

 

Una perda irreparável

Por isso, os cientistas latino-americanos concordam com as graves consequências da perda da biodiversidade, mesmo antes de conhecê-la. "Isso representa uma perda real", dizem os mexicanos Ernesto Rodriguez Luna e Eric Ameca Juárez, por exemplo, "alimentos, remédios, fibras ou materiais de construção”.
A diminuição de espécies também acarreta mudanças ambientais ainda difíceis de serem avaliadas: polinização, reciclagem natural de nutrientes, ciclos biogeoquímicos alterados, regulação do clima e muitos outros aspectos essenciais para o equilíbrio dos ecossistemas podem ser mudados drasticamente. Em suma, "a nossa forma de vida como a conhecemos hoje", eles advertem.

 

O desenvolvimento deixa seu rastro 

 

Reverter a situação nas próximas décadas parece uma tarefa extremamente difícil, mas de qualquer forma, teria que passar por uma "mudança nos padrões de consumo", de acordo com os especialistas. Atualmente, os seres humanos estão usando mais recursos do que a Terra pode fornecer e o desenvolvimento econômico que a América Latina está vivenciando faz com que seu rastro ecológico aumente significativamente, o indicador que reflete o impacto ambiental que as actividades humanas têm sobre os recursos disponíveis em relação a sua capacidade de regeneração. Neste sentido, o Brasil já está classificado entre os cinco primeiros países com maior rastro ecológico, o que respresenta 3,7% do total mundial.