Alimentación España , Salamanca, Jueves, 17 de febrero de 2011 a las 14:28

Desaparição da agricultura tradicional em Arribes coloca em perigo a biodiversidade animal

À medida que desaparecem as hortas e os cultivos tradicionais, diminui a variedade de espécies de insetos adaptadas a estes ecossistemas

José Pichel Andrés/DICYT Uma pesquisa realizada pela Universidade de Salamanca vincula diretamente a sobrevivência da agricultura tradicional da zona de Arribes del Duero com a manutenção da biodiversidade animal, especialmente quando se trata de espécies pequenas como, as de alguns insetos. Ao contrário do que ocorre em outras zonas do planeta, nas quais a destruição de florestas é um fator importante na diminuição da diversidade animal, neste caso, a variedade de espécies relaciona-se mais à presença de hortas e cultivos diversos, que a sua desaparição devido ao despovoamento, que resulta na desaparição de animais que habitavam espaços concretos e estavam adaptados a esses ecossistemas há séculos.

 

Após escrever sua tese sobre o tema, o entomólogo José Antonio González procura relacionar os usos do solo com a conservação dos animais. Particularmente, analisa o caso dos insetos como modelo da biodiversidade. Segundo suas comprovações, a perda de população está diretamente relacionada com o abandono de terras de cultivo e isso, por sua vez, repercute na perda de biodiversidade animal. “Em Arribes existem mais insetos onde está a agricultura”, afirma, de maneira que “encontramos mais diversidade nas hortas e estas dependem, na maioria das vezes, de pessoas de 80 anos”, comenta em declarações a DiCYT.

 

Alguns animais dependem diretamente da presença de determinadas plantas ou cultivos. “A palavra chave é heterogeneidade”, afirma, “no campo da diversidade entomológica, quanto mais heterogêneo é um território, mais nichos ecológicos e mais diversidades de insetos há”. Segundo comprovaram os pesquisadores, as zonas mais ricas em relação à biodiversidade animal são as hortas e aquelas próximas ao rio, como as quedas d’água. Desse modo, constataram diferenças importantes em distintas regiões características da zona de Arribes Del Duero, como a peneplanície e as arribes, e também entre distintos tipos de cultivos, como as árvores frutíferas e oliveiras. Em cada cenário predominam distintos tipos de insetos e nesta comarca “há uma grande quantidade de usos do solo que têm relação com as pessoas que trabalham no campo”.

 

Falta de dados anteriores

 

Assim, considera que um dos pilares de seu trabalho será “demonstrar que a diversidade depende dessas hortas e das pessoas que nelas trabalham”. No momento, “é difícil chegar a conclusões”, ainda que tenha encontrado “dados chamativos em relação à biodiversidade”, por exemplo, que na zona existem insetos próprios tanto do Sul como do Norte da Espanha. No entanto, não há dados anteriores a este trabalho para saber de que forma foi possível modificar-se a biodiversidade nos últimos anos em função das mudanças produzidas no uso do solo.

 

A relação estabelecida nesse caso entre uma maior diversidade animal em função da diversidade de cultivos pode ser até paradoxal em outras latitudes. “Na América Latina a floresta tem mais diversidade. Perdendo-se a floresta, perde-se biodiversidade. Mas aqui ocorre o contrário, perdendo-se a agricultura tradicional, perde-se biodiversidade”, comenta. De fato, no decorrer de seu trabalho concentrou-se em espécies concretas para compará-las como bio-indicadores em distintas regiões e o resultado é que “na floresta de carvalho existe menos biodiversidade, porque alguns insetos requerem espaços abertos e variedade de plantas”.

 

Este tipo de estudo sobre conservação da biodiversidade se enquadra em campos de pesquisa novos e interdisciplinares, como a etnobiologia e a etnoecologia, que relacionam as mudanças dos ecossistemas com os usos tradicionais que o homem empregou à natureza que o rodeia. Nesse contexto, “ se o que se estuda é a variação da diversidade de plantas, insetos e fungos, está-se fazendo etnoecologia, que requer trabalhos multidisciplinares, uma vez que, por exemplo neste caso, relacionamos entomologia e botânica”, comenta o especialista.