Desenvolvidas linhagens celulares para experimentos ‘in vitro’ com truta arco-íris
Antonio Martín/DICYT O impacto econômico e social da aqüicultura é cada vez maior. A FAO calcula que 40% de todo o peixe consumido diretamente por seres humanos no mundo é criado em estabelecimentos de piscicultura. Este interesse levou nos últimos anos a um grande avanço em estudos da biologia das espécies cultivadas. Umas das mais populares é a truta arco-íris, introduzida na Espanha no final do século XIX e produzida em sua maioria no noroeste do país. Um trabalho de pesquisa da Universidade de León desenvolveu linhagens celulares para experimentos in vitro em matéria de imunoestimulação desta espécie de interesse comercial.
Dentro dos estudos científicos sobre as espécies cultivadas, muitos estão dirigidos ao conhecimento das respostas imunitárias dos peixes. Estas respostas são chave na defesa contra patógenos, de vital importância na intensificação dos cultivos e, portanto, na produtividade. Os cientistas querem compreender como se desenvolvem as respostas imunitárias dos peixes para poder, assim, utilizar seus próprios mecanismos de defesa, ativados e potencializados através de vacinação ou imunoestimulação, para o controle de doenças infecciosas.
A tese de doutorado de María del Camino Fierro, orientada pelos professores da Universidade de León Alberto Villena e Pilar López, está focada na utilização de linhagens celulares da truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) para o estudo da ação e para a seleção de agentes imunoestimulantes utilizáveis na aqüicultura. Como explica o resumo deste trabalho de pesquisa, “a imunoestimulação é um método de imunoprofilaxia muito conveniente na aqüicultura, já que é efetiva contra um amplo leque de doenças infecciosas e atua estimulando a resposta imunológica inata, que é o mecanismo de defesa mais importante nos peixes”. Os imunoestimulantes, portanto, podem ter uma função importante na proteção contra uma grande variedade de patologias. Apesar de que para algumas já existem vacinas, para outras doenças não está disponível este meio de controle. Ademais, os imunoestimulantes podem potencializar nos animais respostas imunológicas adquiridas após a vacinação ou a exposição natural ao patógeno.
No mercado já estão disponíveis alguns imunoestimulantes, mas muitos destes produtos não foram testados in vivo ainda. A pesquisadora do Departamento de Biologia Molecular explica em seu trabalho que isto é devido a que “ao menos em parte, a seleção e teste de novos imunoestimulantes é um trabalho difícil, especialmente quando os experimentos são realizados in vivo, porque os peixes são muito sensíveis ao stress e a condições experimentais”. Frente a estes problemas, a experimentação in vitro nestas espécies tem mais vantagens como condições controladas e repetitivas e a possibilidade de realizar numerosos ensaios em pouco tempo e com menor variação individual.
Objetivos
O projeto de pesquisa busca tanto novos imunoestimulantes para a aqüicultura como métodos alternativos à experimentação animal. Desta forma, os pesquisadores da Universidade de León analisaram o potencial de técnicas fundamentadas no uso de métodos de cultivo celular e de ensaios in vitro para o estudo e seleção de substâncias candidatas a imunoestimulantes para a aqüicultura. Para tal, foram estudadas as respostas pró-inflamatórias induzidas por diversos imunoestimulantes com efeitos demonstrados.
A tese investigou em duas linhagens celulares (TPS-2 e TSS) de truta arco-íris as respostas induzidas pela exposição a estes imunoestimulantes conhecidos através de ensaios biológicos in vitro. Nesta duas linhagens forma medidas, após exposição aos imunoestimulantes, a expressão de genes imunoreguladores envolvidos nas respostas pró-inflamatórias. Finalmente, os resultados das duas linhagens foram comparados com os observados em cultivos primários de macrófagos isolados de pronefros de truta arco-íris.
Resultados
O trabalho de pesquisa mostrou que ambas linhagens celulares podem ser utilizadas como modelos para experimentação in vitro que envolvam ensaios biológicos para essas atividades de imunidade inata por suas respostas aos imunoestimulantes. Além disso, as linhagens celulares TSS e TPS-2, podem ser usadas como modelos alternativos à experimentação in vivo, assim como a cultivos primários de macrófagos (que requerem o uso contínuo de animais para sua obtenção), para realizar ensaios biológicos e de expressão de genes imunoreguladores in vitro que estudem o efeito de produtos imunoestimulantes sobre a ativação de mecanismos de defesa inata e pró-inflamatórios em salmonídeos.