Tecnología España , Salamanca, Lunes, 17 de septiembre de 2012 a las 17:51

Estudo com georadar permitirá conhecer a estrutura interior da fachada da Universidade de Salamanca

A aplicação de ondas eletromagnéticas ao estudo de uma fachada é inovadora e permitirá obter informação valiosa para intervir no monumento junto com outros muitos estudos científicos

JPA/DICYT Em seus cinco séculos de história, a espetacular fachada plateresca da Universidade de Salamanca ainda não tinha vivido esta experiência. Os cientistas estão fazendo uma varredura de sua superfície com um georadar para saber como é a estrutura interior do muro e contribuir para aumentar o conhecimento deste monumento para sua próxima intervenção. Este aparelho emite ondas eletromagnéticas que, ao rebotar quando se encontram com um obstáculo, podem oferecer informação precisa sobre o que existe detrás das impressionantes esculturas do muro exterior.

 

“Este estudo pretende determinar a composição interna de toda a espessura do muro, é um dos dados necessários que permitirá saber qual é comportamento estrutural do edifício”, explicou esta manhã Joaquín García, arquiteto da Fundação Patrimônio Histórico de Castela e Leão. Com este trabalho será possível averiguar se existem várias camadas, enchimentos, cavidades, rachaduras ou movimentos que tenham refletido na estrutura interna do muro, tudo “através de uma técnica não destrutiva”, destaca o especialista em declarações coletadas por DiCYT.

 

O estudo será realizado ao longo do dia 13 de setembro através de varreduras da fachada, mas serão necessárias várias semanas para interpretar os dados. Antonio Casas, professor de Geofisica da Universidade de Zaragoza, explica que a técnica baseia-se na emissão de ondas eletromagnéticas que rebotam na parte de dentro das distintas camadas da fachada. “Coletamos essas ondas, que têm uma determinada velocidade e freqüência e, em função desses dados, podemos saber qual é sua composição, homogeneidade e heterogeneidade”.

 

A prospecção é curta, mas processar o resultado requer um trabalho amplo que inclui corrigir velocidades e correlacionar a informação com as sondas realizadas na parte interior. Esta sonda consistiu em perfurar dois pequenos buracos com extração de testemunhos para que seja possível interpretar os dados obtidos pelo georadar. “O ideal para conhecer a estrutura da fachada seria poder fazer 500 sondas físicas, isso é, 500 buracos para saber qual é a composição de cada um dos pontos”, indica Casas, mas não é possível fazer isso em uma fachada histórica, de modo que “partimos de dois buracos feitos para correlacionar estas sondas com os dados do georadar e saber quais são as propriedades da fachada”.

 

Técnica utilizada em solos

 

Esta técnica é utilizada sobretudo em solos, mas se adapta à fachada graças ao andaime instalado atualmente, de modo que seria possível definí-la como uma cartografia vertical. “É um estudo muito inovador, que até onde sabemos não foi feito em outro lugar, e veremos se os resultados respondem às expectativas criadas”, afirma o arquiteto da Fundação. O georadar foi utilizado em outras pesquisas sobre Patrimônio, especialmente em trabalhos sobre concreto, mas sua aplicação é inovadora em uma fachada.

 

O equivalente a isto, mas com ondas mecânicas ou sísmicas, é o que se utiliza para buscar petróleo. Se no subsolo se detecta uma camada que não é homogênea, é um indício de que pode haver uma bolsa de petróleo. Do mesmo modo, “aqui buscamos essas irregularidade em vertical e a uma profundidade muito menor, ao invés de quilômetros, a um metro ou dois”.

 

Nos últimos meses, os cientistas realizaram vários estudos para obter a maior informação possível sobre o estado da fachada do Edifício Histórico da Universidade de Salamanca: foram coletadas amostras; realizado uma mapeamento de sais; instalados sensores de umidade, temperatura e uma anemômetro para saber quais são as condições micro-climáticas; consultados engenheiros de obra para estudar a construção; e realizados estudos sobre deterioração biológica, incluindo o controle de aves. “Estamos continuamente formulando perguntas sobre a fachada para a redação do projeto”, indica Joaquín García, buscando a atuação mais adequada com o menor impacto possível.

 

Dendrocronologia das portas

 

A aplicação do georadar é o penúltimo passo, já que também está previsto um estudo das portas baseado em Dendrocronologia, a ciência que se ocupa da datação dos anéis de crescimento das árvores e que, neste caso, servirá para conhecer melhor a madeira e contextualizar as portas com o resto da fachada. “Consiste em extrair pequenas amostras e, com base no estudo dos anéis de crescimento da madeira e na comparação com outras espécies, é possível estabelecer uma datação relativa sobre quando foram cortadas e colocadas estas madeiras”, explica o arquiteto.

 

Definitivamente, o objetivo é coletar a maior quantidade de dados possível para que “se não formos capaz de interpretar adequadamente, esperar a que futuramente se tenha informação para fazê-lo”, indica.