Health Spain , Salamanca, Monday, March 01 of 2010, 15:41

Laboratório de Neurociências estuda mecanismos de vício em morfina

A equipe de cientistas de Raquel Rodríguez estuda as relações entre a dor e os vícios, moduladas pelos medicamentos

JPA/DICYT A equipe de Raquel Emilia Rodríguez Rodríguez, pesquisadora do Instituto de Neurociências de Castilla y Léon (Incyl) e que recentemente recebeu o Prêmio Grünenthal de pesquisa da dor por descobrir um analgésico alternativo à morfina, trabalha também no estudo dos mecanismos através dos quais uma pessoa se torna adicta à tal substância, a morfina. A pesquisadora fez hoje uma apresentação do trabalho que desenvolve no Laboratório 13 do Incyl, chamado Laboratório da Dor e Adicção, dois conceitos que estão unidos “pelos medicamentos que são utilizados na modulação da dor, já que a maior parte deles gera em longo-prazo algum tipo de vício, além de outros efeitos colaterais”, explicou a DiCYT.

 

Em concreto, a equipe de Raquel Rodríguez se dedica a estudar a regulação dos receptores opióides através de uma molécula denominada microRNA. “Os receptores opióides são proteínas das membranas celulares que acolhem aos analgésicos, isto é, os analgésicos se unem a tais receptores e tornam possível o controle da dor”. Uma vez que os receptores acolhem aos medicamentos, “são desencadeados mecanismos intracelulares que fazem com que percamos a sensação de dor”, explica a especialista.

 

A molécula microRNA regula este sistema e está “intimamente relacionada com o vício”, segundo as pesquisas deste laboratório, de maneira que “na melhor das hipóteses podemos contribuir com um pequeno grão de areia no por quê alguns compostos, concretamente a morfina, produz adicção através de microRNA”, assinala.

 

O composto alternativo à morfina que descobriu Raquel Rodríguez com a colaboração de Gregorio Valencia, cientista do Instituto de Química Avançada da Catalunha, centro que pertence ao CSIC, ainda está em fase de início de pesquisa. “Temos que estudar as possibilidades de toxicidade que tem”, assegura, assim como aprofundar nos mecanismos que regulariam esse composto, cuja fórmula é (morfina-6-alfa-D-manóxido). “Agora sabemos que é analgésico, mas temos que ver o mecanismo metabólico, que pode ser bom ou apresentar dificuldades que teríamos que afrontar”, por isso a pesquisa ainda será longa, prevê.

 

Ainda assim, neste e em outros casos, “o mais importante é dar à indústria farmacêutica informação sobre um mecanismo, para que sejam desenhados medicamentos que funcionem com este mecanismo, se é positivo, ou que o evitem, se é negativo”, indica. Apesar de ainda não se saber como é gerado o mecanismo de vício em morfina, “quando o saibamos, a informação será para a indústria farmacêutica ou pequenos laboratórios como o de Gregorio Valencia, que também sintetizam compostos”.