Salud España , Salamanca, Jueves, 12 de abril de 2012 a las 15:41

Pesquisadores de Salamanca analisam os efeitos dos flavonóides nos vermes ‘C. elegans’

Cientistas comprovam que o nematódeo processa estes compostos da mesma forma que outros organismos e estudam seus efeitos na expressão gênica

José Pichel Andrés/DICYT Uma equipe de pesquisa da Faculdade de Farmácia da Universidade de Salamanca está analisando quais são os efeitos dos compostos flavonóides, substâncias que o homem consome através dos vegetais e que parecem ter efeitos benéficos para a saúde, em um verme utilizado como organismo modelo em estudos biomédicos, o Caenorhabdits elegans. Devido a sua trajetória, este grupo se foca especialmente no metabolismo destes compostos e descobriu que a forma como são processados é semelhante no nematódeo e no corpo humano.

 

Celestino Santos Buelga, pesquisador do Departamento de Química Analítica, Nutrição e Bromatologia da Universidade de Salamanca, é o responsável por este projeto iniciado após uma longa experiência no campo dos fenóis ou compostos fenólicos, que sintetizaram, isolaram e comprovaram ser capazes de incorporar-se ao organismo. Após analisar estes modelos in vitro, a atividade destas substâncias procedentes dos vegetais, a equipe de pesquisa passou ao estudo do verme nos flavonóides, um tipo de compostos fenólicos.


Após quase três anos, várias pesquisas publicadas em artigos de revistas científicas demonstram numerosos efeitos destas substâncias sobre o C. elegans, como uma maior longevidade ou resistência frente ao estresse oxidativo e ao estresse térmico. No entanto, “o valor agregado que aportamos foi analisar o metabolismo que estes compostos sofrem no verme e quais são os compostos ativos que formam como conseqüência do processamento destas substâncias”, afirma o cientista.

 

Assim, boa parte do trabalho dos pesquisadores consiste em detectar, identificar e caracterizar os metabolismos formados no nematódeo e que podem ser ativos.

 

Quercetina

 

Ademais, tudo está diretamente relacionado com a pesquisa que em fases anteriores realizou a equipe de Celestino Santos. “Descrevemos os mecanismos de aço da quercetina, um flavonóide muito abundante no reino vegetal e nos alimentos, e fomos capazes de ver os efeitos em distintos órgãos utilizando ratos como modelo e identificando os metabolismos ativos”, indica.

 

Outros compostos flavonóides muito importantes estudados nos últimos anos pelos cientistas da Faculdade de Farmácia são as catequinas, muito abundantes no chá, no cacau ou no vinho. De fato, a indústria que produz estes alimentos está apostando na pesquisa deste componente, que também se revela benéfica para diversos aspectos da saúde.

 

Precisamente, “a conclusão mais interessante é a de que o verme utiliza as quercetinas e as catequinas de um modo muito semelhante ao organismo dos mamíferos, de modo que é válido como modelo”, destaca o pesquisador. Isto significa que os metabólitos produzidos no C. elegans a partir destes flavonóides “em parte são os mesmos, isso é, captam os compostos e os metaboliz m para obter substâncias semelhantes às produzidas pelo organismo humano”. Depois os metabólitos voltam a transformar-se em substâncias originais, sendo que a acumulação de quercetinas e catequinas a responsável por estes efeitos benéficos.

 

Expressão gênica

 

Agora a pesquisa entrou em uma nova fase que estudará a expressão gênica. “A quercetina é um potente antioxidante, mas não sabemos se se trata de um efeito direto ou se, ao contrário, incide sobre a expressão de determinados genes, ativando ou reprimindo-os”, explica Celestino Santos.

 

Trata-se de “descobrir quais genes acendem ou se apagam” através da ação dos compostos flavonóides, um trabalho que demanda processamento bioinformático e para o qual a equipe possui a ajuda de uma empresa de Madri e a assessoria de José Luis Revuelta, pesquisador do Instituto de Biologia Funcional e Genômica (IBFG), centro misto da Universidade de Salamanca e do CSIC.

 

Neste sentido, os resultados ainda são incertos, já que até agora as escassas publicações científicas a respeito são contraditórias: umas indicam que o efeito dos flavonóides é direto, enquanto outras indicam que é indireto através dos genes, e outras ainda que se produz pelas duas vias.

 

Substâncias benéficas na prevenção de doenças

 

“Tanto as catequinas, quanto as quercetinas, relacionam-se sobretudo com a saúde cardiovascular”, comenta Celestino Santos, já que “parecem indicadas para a prevenção de doenças cardiovasculares”.

 

Inclusive há estudos nos quais se relacionam com a neurodegeneração, no sentido de que poderiam ajudam a prevenir a deterioração cognitiva, mas este aspecto não está tão comprovado como o anterior, ainda que a pesquisa seja muito ativa neste terreno. “Um grupo português com o qual estamos colaborando estuda se os metabólitos de catequinas são capazes de atravessar a barreira hematoencefálica e chegar ao sistema nervoso central”, afirma o cientista.

 

Outra linha de pesquisa é a proteção contra tumores do aparato digestivo, particularmente o efeitos se localizariam no intestino grosso, ao que chegariam diretamente 90% destas substâncias, de acordo com alguns estudos. “Muitos destes compostos vão diretamente ao cólon, sendo utilizados pela flora intestinal, que os transforma e ativa”, indica. Neste sentido, uma das funções dos flavonóides pode ser a de selecionar a flora intestinal.