Salud España , Salamanca, Jueves, 18 de octubre de 2012 a las 15:34

Prestigiado cientista Michael Hall destaca o papel da pesquisa básica

Pesquisador que descobriu uma proteína fundamental para o controle do crescimento celular deu uma palestra no ato acadêmico prévio à inauguração oficial do IBFG em Salamanca

José Pichel Andrés/DICYT Michael Hall, pesquisador de Biozentrum, da Universidade de Basilea (Suíça), deu no dia 16 de outubro uma palestra no Instituto de Biologia Funcional e Genômica (IBFG), no ato acadêmico prévio à inauguração oficial do novo edifício deste centro da Universidade de Salamanca e do Conselho Superior de Investigações Científicas (CSIC). Em uma entrevista concedida a DiCYT, Hall destacou a importância para o progresso da ciência da pesquisa básica realizada no IBFG e citou como exemplo seu próprio trabalho, que deu como fruto a descoberta da proteína TOR, que controla o crescimento celular e cujo estudo está servindo para desenvolver medicamentos contra o câncer e outras doenças.

 

“A TOR é uma quinasa que controla o crescimento celular em todos tipos de células, de leveduras a células humanas”, explicou. “Nós a descobrimos há mais de 20 anos, em 1991, e seu nome procede de ‘target of rapamycin’, indica, com referência ao nome em inglês de rapamicina, um composto encontrado no solo da Ilha de Páscoa, ou Rapa Nui, no Chile, produzido por cepas de fungo Streptomyces hygroscopicus.

 

Michael Hall, de origem norte-americana e que trabalha há mais de 25 anos na Suíça, estudou como atuava a rapamicina no Saccharomyces cerevisiae, uma levedura muito comum utilizada na fabricação de pão, cerveja ou vinho. Assim, descobriu que o composto desativava uma determinada proteína e que isto provocava a morte das células, de modo que esta proteína deveria ter um papel essencial, chamando-a TOR, por ser a afetada pela rapamicina (‘target of rapamycin’).

 

Atualmente a rapamicina e outras substâncias do mesmo tipo são utilizadas clinicamente para prevenir a rejeição no transplante de órgãos e para tratar certos tipos de câncer. O motivo é que este composto inibe as funções da proteína TOR, que “controla o crescimento celular”. Isto quer dizer que se a TOR está muito evidente, as células se proliferam em excesso, o que pode gerar um câncer. Ademais, as pesquisas indicam que a proteína identificada por Michael Hall também está relacionada com o envelhecimento, doenças cardiovasculares ou diabete.

 

“A TOR é importante no câncer porque controla o crescimento celular e, se as células malignas crescem, cresce o tumor”, comenta o pesquisador. Neste sentido, o composto rapamicina inibe as funções da proteína e por isso é utilizado em alguns tratamentos anti-tumorais. Ademais, “muitas companhias têm programas de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos para controlar a TOR” a partir das pesquisas deste cientista.

 

Muitos prêmios

 

Michael Hall não pára de acumular reconhecimentos por estas importantes descobertas científicas e alguns especialistas deste campo não descartam que nos próximos anos possa conseguir o prêmio Nobel, de modo que se trata de um cientista de primeiro nível internacional que está muito bem relacionado com Salamanca e o IBFG. “Visitei Salamanca muitas vezes e tenho amigos aqui, sobretudo Sergio Moreno, nos conhecemos há anos, lhe convidei para reuniões em outras partes e lhe visitei muitas vezes. Acredito que será um diretor muito bom”, agrega, considerando que Moreno será o diretor do centro a partir de agora.

 

Ainda que entre ambos não existam projetos de pesquisa conjuntos, “trabalhamos no mesmo âmbito”, já que Sergio Moreno “também estuda em parte as proteínas TOR e como crescem as células”. Dentre as diferenças está que Michael Hall começou estudando a levedura Saccharomyces cerevisiae e o pesquisador do IBFG foca-se na levedura Schizosaccharomyces pombe.

 

Neste sentido, “geralmente os cientistas que investigam o câncer trabalham com células de mamíferos, mas este é um exemplo muito bom sobre como a Ciência básica pode ajudar a estudar o câncer”, indica o prestigiado pesquisador, cujos trabalhos passaram de uma pesquisa mais básica com leveduras à pesquisa com ratos, que também está causando um grande impacto na Biologia internacional.

 

Crise

 

Apesar da crise econômica que está afetando a pesquisa na Espanha, Michael Hall considera que “a ciência espanhola é muito boa”. De fato, “tenho muitos pesquisadores de pós-doutorado que vêm da Espanha, todos foram muito bons e muitos deles são agora professores aqui, sua educação é muito boa, mas falta dinheiro para fazer mais”.

 

A inauguração do novo edifício para o IBFG é uma grande notícia, mas Michael Hall reconhece que cada vez há menos recursos e assegura que o problema não é exclusivamente da Espanha, mas “uma luta realizada em todas as partes”. Em sua opinião, “a Ciência é muito importante, é o modo de encontrar novos medicamentos e novas proteínas para o tratamento do câncer. A TOR e a rapamicina são bons exemplos de como funciona isso, sem dinheiro para fazer estas pesquisas não poderíamos fabricar novos medicamentos para tratar o câncer”, agrega.