Primeiro centro de inovação e empreendimento do meio rural espanhol

Cristina G. Pedraz/DICYT A localidade de Aguilar de Campoo, em Palencia, tem o primeiro centro de inovação e empreendimento localizado no meio rural espanhol, promovido pela Fundação Santa María la Real. Girolab, como denominou-se este projeto, permitirá que os empreendedores locais não precisem deslocar-se aos grandes núcleos populacionais para tornar realidade seu negócio, o que contribuirá com a dinamização do tecido econômico da província. No entanto, conforme explica a coordenadora do centro, também pretende-se “atrair” talento ao meio rural. Rocío Pérez Guardo explica a DiCYT como o projeto foi administado apenas uma semana depois de seu lançamento oficial.

“A Fundação Santa María la Real, dentre suas finalidade, visa o desenvolvimento local do território no qual atua e, para consegui-lo, desempenha diversas linhas de atuação. A principal é a restauração e conservação preventiva do patrimônio, ainda que também tenha trabalhado na atenção à dependência com a residência de terceira atividade, e no âmbito do turismo, através da pousada que se encontra no Mosteiro Santa María la Real. Neste momento de mudança em que todas as organizações se vêm afetadas pela crise, convém tocar outras linhas de atuação, sem desviar a finalidade, que é o desenvolvimento local”, enfatiza.

Neste cenário de abertura de novas frentes de atuação, a Fundação entrou em contato com a corporação de empresas INIT (que administra centros de empreendimento em Vinaroz - Castellón -, Zaragoza ou Bilbao) a fim de levar ao meio rural, pela primeira vez, seu modelo de apoio a empreendedores. Para adaptar-lo às necessidades específicas do meio rural, foram organizadas jornadas com responsáveis de administrações públicas, associações, empresas já consolidadas e empreendedores, que indicaram os requerimentos com os quais deveria cumprir o futuro centro.

“Determinamos que as linhas estratégicas de especialização do Girolab deveriam ser a gestão integral do patrimônio, pelo conhecimento da Fundação e as relações que já tem estabelecidas e, por outro lado, os hábitos de vida saudáveis, considerando a caracterização dos negócios da região, todos muito ligados à sustentabilidade (agroalimentação, ecoturismo, energias renováveis, etc.)”, detalha.

A importação da inovação

A inovação, entendida como processo ligado às novas tecnologias e também “às novidades que podem ser aportadas aos setores tradicionais”, é um dos componentes básicos do centro. O objetivo, afirma Pérez Guardo, é que as empresas, independentemente de seu tamanho ou de seu setor, “saltem seus muros e busquem a visão de outros especialistas com experiência pessoal e profissional diferente”. Trata-se, portanto, de que se aproximem da Girolab em busca de “ar fresco” e que contatem empreendedores que são “normalmente gente jovem, dinâmica e com muita formação a partir da qual poderão obter um feedback sobre sua atividade”.

Na linha de inovação também se busca a criação de clusters, ou grupos de trabalho, de profissionais do mesmo setor ou de setores afins, com a finalidade “não de competir, mas de ser mais competitivos através da colaboração”. Um grupo de trabalho formado por seis empresas líderes de Castela e Leão no setor do patrimônio já deu seus primeiros passos com a mediação de Girolab, a fim de “re-orientar o setor para ter mais sucesso”. Por outro lado, serão promovidos projetos de áreas “fronteiriças”, isso é, colaborações entre diferentes qualificações ou especialidades “que já demonstraram em outros centros deste tipo que são os projetos mais potentes”.

A carteira de serviços oferecida pelo centro está orientada tanto a pessoas desempregadas, como a empreendedores e empresas já consolidadas. No entanto, o apoio a empreendedores é um dos trabalhos mais importantes. Este apoio tem três “pilares”, segundo a coordenadora do Girolab. “É primeiro um espaço físico, um lugar de trabalho com todos os serviços (internet, reprografia, segurança, etc.) e a possibilidade de relacionar-se com outros trabalhadores. Ademais, existem os serviços avançados de assessoria legal e financeira, apoio à participação em projetos, acesso à subvenções, diagnóstico pessoal sobre as fortalezas e deficiências de cada empreendedor e seu papel dentro de uma equipe, acompanhamento ao desenvolvimento da estratégia empresarial, ou a apresentação de um produto (quando já existente), por exemplo, diante de rede de business angels. Por último, oferece-se um conjunto de eventos para ajudá-los a conhecer pessoas, a fazer networking e ampliar suas possibilidades de negócio”, conclui.

Objetivos a curto prazo

Como objetivos a curto prazo o centro especifica começar a criar uma primeira comunidade de empreendedores. Do mesmo modo, através da complementaridade dos projetos e dos diagnósticos que realizarão sobre cada um deles, espera-se desenhar uma oferta formativa que esteja em conformidade. Finalmente, além da difusão do trabalho do centro, pretende-se convocar empresas inovadoras em seus âmbitos de atividade para estabelecer redes de contato profissionais e estreitar laços.