Alimentación España , Salamanca, Martes, 20 de mayo de 2014 a las 11:05

Projeto melhora a eficiência dos fertilizantes

Os cientistas tratam de melhorar o aproveitamento que as plantas fazem dos nutrientes e de evitar danos ao meio ambiente

José Pichel Andrés/DICYT O Instituto de Recursos Naturais e Agrobiologia de Salamanca (IRNASA, centro do CSIC), a Universidade de Salamanca e a Universidade de León estão a ponto de concluir um projeto de pesquisa que permitirá melhorar a eficiência dos fertilizantes. A iniciativa, coordenada pela empresa Fertiberia, busca desenhar novos produtos e tem como objetivo melhorar a eficiência do nitrogênio e do fósforo para que sejam melhor aproveitados pelos cultivos respeitando o meioambiente.

Álvaro Peix Geldart, pesquisador do IRNASA, explica, em declarações à DiCYT, que o nitrogênio e o fósforo são “essenciais para a agricultura”, contudo uma porcentagem importante destes elementos são perdidos, de forma que as plantas não os aproveitam e são dispersos ao redor, podendo originar efeitos negativos no meio ambiente.

Por exemplo, no caso do nitrogênio, acontecem perdas importantes por lixiviação, sobretudo em forma de nitratos que podem acabar em aquíferos. Quando se incorpora em abonos amoniacais e baseados em uréia também há perdas por volatilização. Mesmo assim, são produzidas emissões em forma de óxido de nitrogênio na atmosfera, principalmente por desnitrificação. No caso do fósforo, uma porcentagem muio alta é retida pelo solo e não está disponível para as plantas.

Por isso, o projeto pretende desenhar “fertilizantes de alto valor agregado eficientes e não contaminantes”. Evitar a perda de nutrientes que contaminam não somente é bom para o meio ambiente, como também para o agricultor, que pode economizar dinheiro.

Para enfrentar este desafio, os cientistas fixaram-se em como os microorganismos interagem com os fertilizantes nos solos e com as plantas. “Analisamos a influência de determinados microorganismos nas transformações de nitrogênio no solo, podendo modificar suas populações por meio da tecnologia microbiana para minimizar as perdas destes nutrientes e aumentar seu aproveitamento por parte das plantas”, assinala o pesquisador do IRNASA. No caso do fósforo, são empregados microorganismos solubilizadores de fosfato que intervêm na mobilização do fertilizante para as plantas. O trabalho também inclui m icroorganismos promotores de crescimento vegetal.

A iniciativa, que teve início em 2011 como um projeto INNPACTO, tem como novidade o uso de microorganismos junto ao de fertilizantes minerais para melhorar a eficiência dos mesmos respeitando o meio ambiente. “Reunimos tipos distintos de fundamentos científicos para buscar melhores produtos. Tradicionalmente emprega-se a fertilização mineral ou, pelocontrário, estratégias biológicas baseadas em extratos naturais ou microorganismos promotores de crescimento vegetal, mas podem-se combinar as duas estratégias para conseguir nossos objetivos”, assegura Álvaro Peix.

Diversidade de grupos bacterianos

Existem muitos grupos de microorganismos distintos que podem servir para os objetivos deste projeto. Há um século, foram produzidas as primeiras inoculações com o gênero de bactérias Rhizobium em leguminosas (vagens, lentilhas, ervilhas, etc…) e durante muitos anos o mercado esteve restrito a estes microorganismos que fixavam nitrogênio para cultivos muito concretos, contudo, nos últimos anos, foi descoberto que “a diversidade de Rhizobium e outras bactérias do solo é maior do que se pensava e que seu papel na interação entre solo e planta é muito mais amplo”.

Por isso, têm-se estudado grupos bacterianos diversos, como as proteobacterias ou as actinobacterias. No entanto, antes de utilizá-las, “tem que identificá-los bem para garantir que são bactérias inócuas, que não sejam patógenas nem para humanos nem para animais”, comenta o especialista.

Cada um dos orgãos públicos de pesquisa que participam desta iniciativa contribui com suas coleções de microorganismos ao projeto. Além do IRNASA, tanto a equipe de Encarna Velázquez da Universidad ede Salamanca como a de Fernando González Andrés, do Instituto de Recursos Naturais e Meio Ambiente (IRENA) da Universidad ede León, possuem cepas candidatas à formulação de novos produtos. Depois de realizar provas no laboratório reproduzem-se os ensaios no campo e, de fato, atualmente, oprojeto encontra-se já nessa última fase experimental e está sendo aplicado em cultivos como omilho ou a cevada.

 

Para todo tipo de cultivo

Os resultados destas pesquisas poderiam ser úteis em todo tipo de cultivo, ainda que possa ser necessário adaptá-los às características das plantas ou a determinados solos. “A microbiota dosolo muda e sua composição físico-química também varia e é determinante, contudo estes fundamentos biotecnológicos podem ser aplicáveis a diferentes cultivos”, indica o cientista do IRNASA.

O projeto finaliza este ano, mas “seguiremos com esta linha de pesquisa”, que no futuro pode permitir desenhar novos fertilizantes que poderiam ser comercializados. As novas diretivas europeias estão limitando todas as práticas que podem ser prejudiciais ao meio ambiente e os agricultores demandam produtos que lhes permitam cumprir a legislação e, por sua vez, obter melhores rendimentos.