Tecnología España , Palencia, Martes, 24 de julio de 2012 a las 11:18

Sistemas baseados em sensores ajuda a prevenir riscos em edifícios e bens históricos

Fundação Santa María la Real desenhou e colocou em prática o sistema MHS em restaurações do Plano Românico Norte e Românico Atlântico

Cristina G. Pedraz/DICYT O patrimônio histórico é um dos grandes tesouros de Castela e Leão. Neste sentido, a conservação e prevenção de possíveis riscos em edifícios e bens móveis é fundamental para a sobrevivência e para garantir o turismo sustentável. Atualmente, as novas tecnologias permitem realizar esta tarefa de um modo mais efetivo e preciso. Na comunidade, a Fundação Santa María la Real é referência na aplicação das novas tecnologias ao estudo, conservação e difusão do patrimônio.

 

Um dos projetos realizados é o Monitoring Heritage System (MHS) ou Sistema de Monitoramento do Patrimônio, uma ferramenta baseada em sensores adaptada especificamente ao patrimônio cultural. O sistema possibilita o registro, avaliação e controle de todos os parâmetros que influem na conservação dos edifícios, em sua segurança e outros aspectos inovadores como o consumo energético.

 

Segundo explica um dos técnicos que participa do projeto, Víctor Álvarez, o sistema “consiste na instalação de uma rede de sensores que transmitem informações sem fio a um centro de controle, com o objetivo de controlar totalmente a gestão do edifício histórico”. A ferramenta está formada por uma parte física, ou hardware, que inclui o equipamento tecnológico necessário para medir, receber, transmitir e armazenar dados; e por um software que serve de interface com o usuário.

 

O hardware, afirma o pesquisador, compõe-se principalmente dos diferentes sensores que requer cada edifício. “Estes sensores emitem uma série de dados a cada período de tempo, o que pode ser regulado, e a informação é enviada através da internet ou, em áreas rurais nas quais não há acesso à rede, com uma simples mensagem de texto SMS a um telefone celular. O servidor recebe essas mensagens, as interpreta e as introduz em uma base de dados”, detalha.

 

Em relação à rede de sensores, pode medir parâmetros ambientais em distintos pontos do interior e do exterior do edifício (temperatura, umidade, fluxos de ar, pressão atmosférica, etc), controlar a umidade que afeta bens móveis como pinturas ou esculturas e estimar a radiação solar e infravermelha para estudar possíveis alterações de capas pictóricas, tanto em murais, quanto em quadros. Além disso, o sistema MHS inclui a realização de análises química e físicas para determinar a composição dos agentes potencialmente prejudiciais para a integridade dos bens patrimoniais, como a acidez, o dióxido de carbono ou os sulfuretos.

 

Estruturalmente, a ferramenta possui um acelerômetro para determinar o deslocamento dos edifícios com base em vibrações estruturais, fisurômetros para acompanhar as rachaduras detectadas e inclinômetros para determinar a evolução da estabilidade estrutural do edifício.

 

Por outro lado, em matéria de eficiência energética, o dispositivo elabora comparativas sobre o uso de luminárias tradicionais com luminárias do tipo LED e, por fim, no âmbito da segurança, distintos sensores vigiam o imóvel alertando no caso de intrusão, fogo, atuações vandálicas ou roubo de objetos.

 

Previsão de problemas

 

A Fundação Santa María la Real trabalha no sistema MHS desde 2005. Após o desenvolvimento do hardware e do software os pesquisadores focaram-se na interpretação dos dados. Como destaca Vícto Álvarez, trata-se de um aspecto vital. “Dentro do projeto incluímos toda a interpretação e gestão dos dados e desenvolvemos, por exemplo, um algoritmo que ajuda a prever quando se produzirá um problema de umidade em um edifício. O sistema coleta os dados de temperatura e umidade e, como investigamos há vários anos igrejas românicas, o algoritmo pode prever quando ocorrerá uma condensação no edifício. Isto é fundamental quando existe um retábulo ou bens móveis, já que te avisa previamente sobre a possibilidade de ocorrer um dano, que depois será muito mais complicado e caro de reparar”, enfatiza.

 

Neste sentido, o sistema permite operar de forma remota e em tempo real. Assim, quando se detecta um excesso de umidade no edifício monitorado, o servidor possui uma série de aplicativos que possibilitam enviar uma ordem automática para abrir uma janela ou ligar um aquecedor, por exemplo.

 

Outra parte importante do projeto é a estética. Por se tratar de edifícios normalmente catalogados como Bem de Interesse Cultural (BIC), é necessário reduzir ao máximo o impacto visual. De acordo com Víctor Álvarez, diferentemente de um edifício de construção nova, no patrimônio “a estética é muito importante e é preciso fazer com que os dispositivos não estejam à vista e que sejam minimamente invasivos para o bem cultural”.

 

Deste modo, antes da intalação do sensor, realiza-se um estudo tomando dados sobre o terreno. Do mesmo modo, na decisão final intervém o arquiteto, o paisagista e o especialista em monitorização, que definam finalmente o lugar adequado para a localização dos dispositivos. Assim, optou-se por utilizar sensores sem fio que evitam cabos e reduzem o custo da instalação.

 

Estudos prévios

 

Por outro lado, nos estudos prévios analisa-se o estado e os problemas de conservação concretos de cada edifício. Em virtude desta pesquisa inicial, os técnicos decidem quais parâmetros serão medidos e quais equipamentos serão instalados. “É uma das vantagens do sistema, a possibilidade de adaptação a cada caso”, ressalta o técnico da Fundação Santa María la Real, que agrega ademais a “comodidade” no controle. O hardware envia os dados ao servidor central localizado no Centro de Controle da Fundação, de modo que o usuário final, que pode ser o proprietário do edifício, os técnicos de patrimônio da Administração, e inclusive o sacerdote, podem ter acesso a eles em tempo real através do aplicativo criado, ao qual é possível ter acesso on line em www.mohst.es. Após aproximadamente de funcionamento do sistema “para obter dados de todo o ciclo estacional”, os especialistas têm informação suficiente para conhecer bem o edifício e realizar uma conservação preventiva.

 

Tecnologia para motivar o turismo

 

O sistema MHS inclui também uma série de aplicativos inovadores direcionados ao turismo cultural em áreas rurais. No caso da Montanha de Palencia, que possui um rico patrimônio românico, a dispersão geográfica dos edifícios e um crescente despovoamento limitam a possibilidade de atender e guiar os visitantes de forma ideal, sobretudo em determinadas épocas do ano.

 

A fim de potencializar o turismo, MHS permite realizar um acesso controlado ao edifício com um sistema de códigos de barras e cartões magnéticos que facilita, ademais, a contagem de visitantes. Paralelamente, foi desenvolvido um mecanismo de download de audioguias através de códigos QR, a fim de orientar o visitante em seu percurso. Finalmente, o sistema pode regular a iluminação do interior do edifício criando diferentes ambientes e guiando a atenção do visitante aos elementos mais destacados.

 

Como indica Víctor Álvarez, o sistema já foi implantado com êxito em vários edifícios que fazem parte do Plano de Intervenção do Românico Norte, na região de Aguilar de Campos, em Palencia, e do Plano de Intervenção do Românico Atlântico, desenvolvido em Zamora e Salamanca, bem como em várias igrejas da província de Guadalajara, dentre outras. “Acreditamos que a conservação preventiva é o futuro e, por isso, apostamos por incluí-la nesses programas”, conclui o especialista, que convida a todos os interessados no sistema a contatar a Fundação.