Health Spain , Salamanca, Friday, January 04 of 2013, 16:23

Teste prevê a resposta dos pacientes de mieloma múltiplo aos medicamentos

Empresa Vivia Biotech do Parque Científico da Universidade de Salamanca desenvolve esta ferramenta, que poderá ser comercializada antes do verão

José Pichel Andrés/DICYT A empresa Vivia Biotech, localizada no Parque Científico da Universidade de Salamanca, está desenvolvendo um teste para antecipar a resposta dos pacientes que sofrem hemopatias aos distintos medicamentos indicados para seu tratamento. Particularmente, os testes mais avançados correspondem a compostos destinados a tratar o mieloma múltiplo, ainda que a mesma metodologia possa ser aplicada a outros tipos de câncer e outras doenças. Os primeiros testes poderiam ser comercializados antes do próximo verão.

 

A chave está em analisar de forma massiva a ação dos medicamentos sobre amostras biológicas dos pacientes graças a um sistema pioneiro patenteado nos Estados Unidos. “É uma plataforma tecnológica que permite testar muitos medicamentos ou combinações de medicamentos que atualmente são administrados aos pacientes”, explica em declarações a DiCYT Daniel Primo, responsável pelo laboratório da empresa localizado na Incubadora do Parque Científico.

 

Ainda que estas terapias já estejam sendo utilizadas, cada paciente e cada doença se comporta de forma distinta, de modo que não são úteis em todos os casos. Assim, “queremos levar ao mercado um teste que permita aos hematologistas decidir qual é a melhor combinação de medicamentos para cada paciente antes de receber o tratamento”, indica o especialista. O objetivo é “prever o que pode acontecer com o paciente”, o que, por exemplo, poderia evitar que um doente se submeta a quimioterapia quando não é necessário, com a conseqüente economia de custos ao sistema sanitário.

 

“Hoje em dia a grande maioria dos paciente responde bem aos medicamentos existentes, mas continua existindo uma porcentagem que sofre uma recaída ou não responde bem, e deveríamos selecioná-la para que antes do tratamento pudéssemos dizer quais são as melhores opções”, comenta Daniel Primo. Os testes ex vivo que permite este sistema são realizados a partir de amostras biológicas, como a de sangue, e em um período que pode variar entre 48 e 72 horas “somos capazes de ver qual foi a resposta das células do paciente no laboratório e transferir a informação ao hematologista”.

 

Os estudos começam a demonstrar que a expressão de certas proteínas pode influenciar na resposta do paciente. “Estamos vendo se existem determinados marcadores que ajudam a prever o comportamento diante dos medicamentos e o objetivo é integrar esta informação futuramente ao nosso teste”, agrega.

 

Base de dados

 

Ainda que estes testes possam ser realizados paciente por paciente, um dos objetivos é a criação de uma grande base de dados que permita comparar os resultados de todos os testes e determinar, assim, o tipo de resposta que pode oferecer cada medicamento. Neste sentido, a linha de pesquisa mais avançada corresponde ao mieloma múltiplo, no qual a empresa tem já informação de 150 pacientes que participaram de forma voluntária e informada dos testes.

 

A plataforma tecnológica está baseada na citometria de fluxo, técnica utilizada para analisar as células e que consiste em medir indicadores como a luz e a fluorescência ao fazê-las passar por um feixe de luz. Este método revela propriedades distintas em cada célula, dependendo de suas características. Desta maneira, neste caso é possível ver os efeitos de um medicamento sobre as células tumorais nos chamados testes de citotoxidade. “Expomos as células à morte celular e verificamos como respondem em um ambiente propício para que os medicamentos atuem e as eliminem”, indica o pesquisador, já que graças à plataforma tecnológica que utiliza é possível realizar estes testes ex vivo nas condições adequadas.

 

2.500 medicamentos testados

 

Vivia Biotech, que nasceu nos laboratórios da Faculdade de Medicina da Universidade de Salamanca e que possui oficinas em Madri e Málaga, testa compostos que já estão no mercado, de modo que já testou cerca de 2.500 medicamentos indicados para hemopatias como vários tipos de leucemias ou o mieloma múltiplo. Em colaboração com mais de 50 centros hospitalares e especialmente com o Serviço de Hematologia do Hospital Universitários de Salamanca, mas também com vários países europeus como Inglaterra, Itália e Alemanha. A idéia da empresa é comercializar o teste no mercado internacional, especialmente na Europa, Ásia e América Latina.

 

Daniel Primo destaca a importância de possuir em Salamanca um “hospital de referência internacional” no campo da Hematologia para este tipo de desenvolvimento, porque considera que se os hematologistas de prestigio que possui certificam o valor do teste, o produto recebe automaticamente um grande apoio para sua comercialização em centros de todo o mundo.