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A bordo del Joides

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A bordo del Joides 9 diciembre, 2011

Intensos primeiros dias de trabalho

Depois de duas semanas intensas de trabalho, finalizando a coleta das últimas amostras no setor do Golfo de Cádiz, com a costa portuguesa visível a intervalos, quando a neblina permite, parece o momento de fazer uma recapitulação, que também iniciará a série de comentários.

A expedição IODP 339, como referido na introdução, tem dois objetivos claros, um é a reconstrução climática de aproximadamente um milhão de anos a partir de seqüências sedimentarias marinhas, e o outro é estudar como foi produzida a comunicação entre o Atlântico e o Mediterrâneo, depois de um episódio de junção das duas bacias, e em que medida este novo cenário deu lugar a variações e correntes, bem como a influência dessas águas mediterrâneas no Atlântico e, assim, na dinâmica oceânica global.

Até hoje possuíamos informação obtida essencialmente a partir de técnicas geofísicas que, de maneira semelhante à ecografia, aportam imagens do substrato submarino. Em outras ocasiões, os materiais e sua formação eram parcialmente conhecidos, por intermédio de extrações rasas de umas dezenas de metros. Com a possibilidade de utilizar o Joides Resolution (JR) e sua técnica “coring”, as expectativas de resolver algumas destas incógnitas aumentavam, ao possibilitar a extração de material de centenas de metros abaixo do nível do mar.

E isto é o que o JR e a tripulação científica e de técnicos de apoio começaram a realizar. Alterando parcialmente o programa original, na primeira semana de campanha, partindo das Açores, e com uma meteorologia perfeita para navegar e realizar as perfurações, coletou-se o que se conhece entre os especialistas como “Shackleton site” (37º 34.29’N/10º 757’W), em honra a Nicholar Shacketon, um dos patriarcas da Paleoceanografia que faleceu recentemente e realizou estudos nesta mesma região relativos aos últimos dez mil anos.

Após a coleta de cerca de 150 metros de sedimentos a uma profundidade de 2500m abaixo do nível do mar, os cientistas que trabalharam em dois turnos de 12 horas cada (de 12h da manha às 12h da noite, e vice-versa) começaram a revelar seus dados. Comprovou-se que foram alcançados materiais do último milhão de anos, de forma contínua (isto é, sem que faltasse registro), e analisadas as propriedades físicas e químicas capazes de fornecer referências para que estes cientistas, e os que os utilizarão posteriormente, realizem a identificação e valorização dos indicadores da evolução climática: qual era a temperatura da água (superficial e profunda), sua salinidade, a dinâmica das correntes que afetavam a região, o vento, a atividade dos microorganismos de plâncton, etc., isto é uma fotografia das condições do Atlântico oriental em datas pretéritas.

Após realizar esta perfuração, ainda ocupados com a análise do material que havia sido extraído, mantendo o ritmo de trabalho ou até mesmo o acelerando, alcançamos o segundo ponto (36º 49.68‘N77º 45.33W), em águas portuguesas, em pleno Golfo de Cádiz. Neste momento finalizou-se a extração do último testemunho para iniciar os trabalhos de análise do poço com ferramentas que, neste introduzidas, proporcionaram uma valiosa informação adicional aportada pelo próprio sedimento. Os dados preliminares asseguram que alcançamos o Mioceno, com mais de 5 milhões de anos, perfurando materiais produzidos pela dinâmica das águas de saída do Mediterrâneo, profundas, densas, muito salgadas. Em breve poderemos dizer algo mais.

Enquanto isso, desta madrugada atarefada, entre amostra e amostra a ser analisada no microscópio, à margem da ciência temos um minuto para contemplar estes amanheceres únicos do oceano.

José Abel Flores. Universidade de Salamanca.

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