Cientistas de León participam de um projeto europeu para diminuir o metano produzido por ruminantes
IGC/DICYT Um boi gera aproximadamente 200 litros de metano diariamente. Este gás, que contribui com o efeito estufa, é produzido no estômago durante a fermentação do alimento, além de também ser produzido de forma natural em outros processos. Uma maneira de reduzir a sua produção consiste em adicionar antibióticos à dieta, mas a União Européia proibiu este uso pelos eventuais efeitos secundários. Pesquisadores da Universidade de León participaram de um projeto europeu para trabalhar na redução da produção de metano de forma natural, utilizando plantas medicinais e sem inibir a fermentação do alimento.
Como explica a DICYT Secundino López Puente, pesquisador da Universidade de León e participante do estudo, “os antibióticos foram utilizados como aditivos na dieta dos ruminantes porque provocam um crescimento rápido e melhoram a saúde dos animais”. Os medicamentos conseguem estes efeitos porque “modificam a fermentação no rúmen (o estômago dos ruminantes) atuando de forma seletiva sobre os microorganismos”, os responsáveis pela degradação e digestão do alimento.
Os antibióticos podem ter efeitos negativos para o consumidor, já que do rúmen passam ao leite e à carne. Uma das possíveis conseqüências seria o surgimento de resistência bacteriana aos antibióticos. Por esta razão, no ano de 2006 a União Européia proibiu o seu uso como aditivos promotores do crescimento para melhorar a produção granjeira. Apesar disto, outro dos efeitos dos antibióticos é que eles “reduzem a produção de metano no rúmen”, argumenta López Puente. Este gás provoca (juntamente com outros gases como o CO2) o efeito estufa, origem da mudança do clima.
Plantas de León
“Na Nova Zelândia os fazendeiros pagam impostos pelo metano que produzem as suas manadas”, comenta o pesquisador. Embora na Europa não exista esse imposto, a administração comunitária estuda alternativas para reduzir o metano que produzem os ruminantes através da alimentação sem usar antibióticos. Os pesquisadores de León participaram de um projeto europeu no qual se testaram 500 espécies de plantas medicinais para estudar seus efeitos na redução de metano em ruminantes. Cem destas plantas procediam das montanhas leonesas.
O trabalho foi realizado in vitro utilizando fermentadores (cultivos contínuos de microorganismos que simulam o que ocorre no rúmen), “porque a produção de metano é difícil de medir diretamente nos animais”, assegura López Puente. Nestes fermentadores misturava-se o alimento com as plantas medicinais verificando seus efeitos sobre os processos de fermentação. Segundo o pesquisador, “foram alcançados bons resultados com quatro espécies”, com as quais se reduziu a produção de metano entre 10 e 15 por cento, em condições in vitro. Além do mais, verificou-se que as plantas não têm efeitos tóxicos e que não só não inibem a fermentação, mas também “produzem um melhor aproveitamento do alimento”.
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Uso de plantas patenteadas |
Das 500 plantas medicinais ensaiadas pelos pesquisadores da Universidade de León no projeto europeu, 100 foram colhidas nas montanhas leonesas. Entre as plantas que provocaram uma redução significativa da produção de metano, cabe destacar uma espécie de cardo silvestre, a raiz de ruibarbo ou a cortiça de frangula. Foram observados efeitos positivos sobre a fermentação do ruminante com várias plantas medicinais (neste e em outros estudos realizados dentro do mesmo projeto europeu), pelo que se patenteou o seu uso como aditivo para modular a fermentação no rúmen. Embora, Secundino López Puente reconheça que não se avaliou o custo que teria a inclusão destas plantas medicinais na dieta dos animais. “A maioria das plantas são comercializadas em herbários, ainda que outras como o cardo são silvestres. Se poderiam adicionar na dieta ou extrair os princípios ativos que determinam a redução do metano”, opina o pesquisador da Universidade de León. |