Salud España , Salamanca, Jueves, 20 de septiembre de 2012 a las 15:55

Descobrimento do Centro do Câncer abre portas ao desenvolvimento de futuras terapias contra o mieloma múltiplo

Estudo publicado na revista ‘The EMBO Journal’ por cientistas do CIC de Salamanca indica que a origem e a manutenção do mieloma múltiplo depende de células-mãe cancerígenas

José Pichel Andrés/DICYT Uma equipe do Centro de Investigação do Câncer (CIC), que pertence ao CSIC e à Universidade de Salamanca, publicou um artigo na revista científica The EMBO Journal no qual se revela um novo mecanismo molecular envolvido na origem do mieloma múltiplo. Ao contrário do que se pensava, o início e desenvolvimento deste tumor dependeria de células-mãe cancerígenas, da mesma forma que qualquer tecido do organismo depende das células-mãe. As implicações deste descobrimento são muito importantes, já que a partir de agora os cientistas podem tentar criar tratamentos direcionados especificamente a tais células, responsáveis pela manutenção do tumor.

 

“Nossa pesquisa procura entender como se forma e se mantêm o mieloma múltiplo, que continua sem cura”, explica Isidro Sánchez García, pesquisador principal do Grupo de Oncologia Experimental e Translacional do CIC, em declarações a DiCYT. A equipe liderada por ele trabalha há muitos anos em pesquisas acerca do papel dos oncogenes, os genes que provocam o câncer, nas células-mãe tumorais, aquelas que participam da gênese e desenvolvimento das neoplasias, mas que não pareciam estar presentes no caso do mieloma múltiplo.

 

Até o momento considerava-se que este câncer da medula óssea estava formado somente por células plasmáticas neoplásicas. No entanto, estas células fazem parte do sistema imunológico e secretam anticorpos que já não possuem capacidade de diferenciar-se, proliferar e renovar-se para manter o tumor, como o fazem as células-mãe. Por isso, os cientistas do Centro de Investigação do Câncer procuram averiguar “ se os oncogenes que participam na gênese do mieloma múltiplo têm uma função ainda não descrita diferente da que realizam as células plasmáticas”.

 

Camundongos

 

Para realizar a pesquisa, a equipe de Isidro Sánchez trabalhou com modelos de camundongos que reproduzem uma patologia similar ao mieloma múltiplo através da introdução dos oncogenes nas células-mãe. “O oncogene dentro de células-mãe forma células plasmáticas como as que possuem os pacientes, mas ao mesmo tempo existem células minoritárias desconhecidas até agora que são aquelas que mantêm a neoplasia conferem a estrutura de tecido, porque qualquer tecido possui estruturas que se encarregam de renová-lo”, afirma o especialista.

 

As repercussões desta demonstração são muito importantes, não só devido à detecção precoce da doença, mas também com relação ao desenvolvimento de tratamentos. O fato de que este câncer se comporte como outros tecidos implica que contêm “células que não foram utilizadas como alvo terapêutico nem no seguimento dos pacientes nem em sua terapia”, de maneira que “é necessário considera-las tanto para a prevenção e seguimento da doença como para o tratamento”, comenta o cientista. Isto é, que uma terapia eficaz deveria eliminar estas células-mãe cancerígenas.

 

Alvos moleculares

 

Agora começa o desafio de encontrar alvos moleculares específicos nessas células, ou seja, moléculas que sejam suscetíveis de ser atacadas por futuros fármacos. “Queremos tentar entender o que acontece na biologia do tumor se eliminamos essas células. Uma vez saibamos se seu desaparecimento possui alguma influência, como acreditamos, ou não, o seguinte passo é tentar destruí-las através de terapias dirigidas”, indica Isidro Sánchez. A lógica indica que se têm um papel na gênese do tumor, também devem ter um no desenvolvimento, portanto, sua destruição serviria para combater a patologia com maior eficiência que atualmente.

 

A equipe de pesquisa de Isidro Sánchez trabalha em várias linhas. Por uma parte, aborda as neoplasias hematopoéticas que começam nas células-mãe com o objetivo de definir qual é o papel dos oncogenes. Ademais, analisa as neoplasias hematológicas que cuja origem até o momento não parece estar relacionada com as células-mãe. Finalmente, outra linha pesquisa os tumores sólidos como o câncer de pulmão ou o de mama também a partir da hipótese de que as células-mãe possam ter um papel importante.

 

O artigo de The EMBO Journal, uma das revistas científicas mais prestigiadas do campo da biologia molecular, está assinado em primeiro lugar pela pesquisadora Carolina Vicente Dueñas, que forma parte do grupo de Isidro Sánchez, acompanhada por outros pesquisadores da Universidade de Salamanca e de centros de pesquisa de Madri.