Educación Brasil Campinas, São Paulo, Martes, 07 de mayo de 2013 a las 18:10

Em palestra, ex-ministra Marina Silva defende uma ciência “não arrogante”

Para ela, a academia vive um paradoxo: “a ciência é demandada para dar respostas, ao mesmo tempo em que está sendo exilada” de muitos debates

Meghie Rodrigues/ComCiência/Labjor/DICYT Em palestra proferida em abril na Universidade Estadual de Campinas, a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva fez várias críticas ao modo de vida insustentável alimentado pelo capitalismo e disse que estamos “tentando apagar o fogo com gasolina” no que concerne às questões ambientais: "tentamos resolver o problema de mobilidade das cidades colocando mais carros nas ruas e ainda temos um longo caminho a ser percorrido para pensar politicamente em soluções reais aos desafios que o século XXI coloca para o mundo hoje". A palestra intitulada “Os desafios do desenvolvimento sustentável”, foi feita a convite do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam).

 

Ciência, tecnologia e pesquisa também tiveram espaço na fala da ex-ministra. Ela ressaltou que tanto a pesquisa básica quanto a aplicada precisam avançar no Brasil, mas que isso deve ser feito não apenas para “achar respostas, como se a ciência fosse mágica”, mas sim levantar mais perguntas. E para isto, “a política tem que ser transversal. O Ministério de Ciência e Tecnologia tem um papel fundamental e nós sabemos que tem que ser um trabalho integrado, com o Ministério do Meio Ambiente, com o Ministério da Cultura”.

 

Marina defendeu uma ciência “que não seja arrogante”. Para ela, a academia vive um paradoxo: “a ciência é demandada para dar respostas, ao mesmo tempo em que está sendo exilada” de muitos debates. “Ela pautou a Rio92, depois foi exilada. A maior parte dos políticos foi sendo domesticada. E cada vez mais se quer instrumentalizar a ciência. Por quê? Porque não se quer uma ciência que faz um diagnóstico incômodo”. O conhecimento científico, disse ela, não serve apenas para nos acalmar, mas também para nos desafiar. E seria preciso que se valorize o saber narrativo, “o saber produzido por uma ciência que a gente não sabe como é que se produz, mas é produzida, a de quem não sabe descrever o seu processo”, porque, afinal, “existem muitas ciências”.

 

Também houve espaço para críticas a Blairo Maggi e Marco Feliciano. Maggi é senador do Partido da República pelo estado do Mato Grosso, empresário do agronegócio e grande produtor de soja - acusado de ser um grande desmatador do Centro-Oeste - e que recentemente foi escolhido para liderar a Comissão de Meio Ambiente. Marco Feliciano é deputado do Partido Social Cristão, por São Paulo, e foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM) da Câmara. Feliciano é pastor evangélico e conhecido por suas afirmações racistas e preconceituosas. Segundo Marina Silva “o problema não é o Feliciano ser evangélico e nem o Maggi ser empresário. O problema é que o Feliciano não tem uma cultura de defesa dos direitos humanos, uma tradição nesta área. Maggi poderia ser empresário e ser comprometido com a defesa do meio ambiente”.