Salud España , Salamanca, Viernes, 04 de marzo de 2011 a las 17:10

Incyl investiga efeitos da nicotina no desenvolvimento do sistema visual em fase embrion谩ria

Cientistas utilizam o modelo do peixe-zebra para descobrir se a subst芒ncia mais conhecida do tabaco produz danos graves

José Pichel Andrés/DICYT Pesquisadores do Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl), com sede em Salamanca, iniciaram um estudo para analisar se a nicotina, substância do tabaco responsável pelo vício, tem efeitos na formação do sistema nervoso em embriões, concretamente, no sistema visual. A pesquisa emprega o peixe-zebra como modelo, mas suas conclusões poderiam ser estendidas ao ser humano, constituindo uma informação muito valiosa, já que a ação da nicotina no organismo adulto é amplamente estudada, mas não se conhecem suas repercussões durante a gravidez.

 

A linha de trabalho do grupo dirigido por José Aijón Noguera centrou-se no funcionamento e patologia do sistema nervoso e, particularmente, o pesquisador Ángel Porteros focou-se nos problemas causados pela exposição a agentes teratógenos, isso é, os que produzem malformação em embriões ou fetos. “Trabalhamos com o etanol e agora estamos interessados na nicotina”, afirma. Na fumaça do tabaco há muitos compostos que provocam efeitos graves na gravidez e a nicotina “talvez não seja a substância que tem efeitos mais graves, mas é a que provoca o vício e as dificuldades para deixar o hábito”. Isto é importante porque geralmente se usa esta substância nas terapias que utilizam parches, chicletes ou pastilhas com altas doses e “seria interessante conhecer quais efeitos pode ter”.

 

Por muito que se conheçam os efeitos nocivos do tabaco, “estão pouco estudados os efeitos da nicotina de forma isolada”, esclarece Ponteros. “É importante separar o efeito agudo da nicotina como molécula excitante de seus efeitos a longo prazo para saber se provocam alterações, neste caso, no sistema visual”, afirma.

 

Um bom modelo

 

Para tanto, o pesquisador Miguel Moyano explica que a escolha do peixe-zebra como modelo deve-se a que é um animal adequado para observação a olho nu de falhas morfológicas e para, posteriormente, realizar análises bioquímicas. “Utilizamos a nicotina durante uma etapa concreta no mesmo meio em que se estão desenvolvendo os embriões”, enfatiza. Os cientistas utilizarão provas de comportamento, para analisar a conduta, e técnicas bioquímicas e moleculares para estudar as mudanças produzidas por distintas concentrações de nicotina.

Uma das vantagens é conhecer as concentrações exatas da substância que chegam ao embrião, o que não seria possível no caso de mamíferos, já que a nicotina chegaria através do sangue da mãe. Depois, em posteriores fases da pesquisa, as provas teriam que ser trasladadas a outros animais.

 

Além de ser uma molécula com alto poder de vício, a nicotina tem outras conseqüências que pouco a pouco vão sendo conhecidas. “Em estudos preliminares observamos que tem efeitos sobre a diferenciação celular e a morte celular, e queremos averiguar se estes efeitos provocam uma alteração dos circuitos neuronais a longo prazo ou se, do contrário, trata-se de uma questão momentânea”, indicam os responsáveis pela pesquisa.

 

Etapas de desenvolvimento inicial semelhantes

 

O traslado dos resultados obtidos no peixe-zebra ao ser humano parece distante, mas na realidade “as etapas inicias de desenvolvimento em todos os embriões de vertebrados são praticamente idênticas, os planos moleculares de organização seguem um padrão comum, razão pela qual é mais estendível do que parece”, afirmam.

 

No entanto, um dos objetivos desta pesquisa é analisar os resultados com novas técnicas para comprovar mudanças na retina ou em certas regiões encefálicas. “O olho destes peixes é muito pequeno e o de um embrião é ainda mais, o que representa uma dificuldade agregada”, comenta Porteros. Para ele, técnicas como a eletrofisiologia, para medir a atividade elétrica, ou a imunocitoquímica, baseada na utilização de anticorpos, servirão para comprovar se as funções do sistema visual foram afetadas nestes peixes.

 

Uma substância muito estudada

 

A nicotina é muito estudada, mas não neste caso concreto. “Sabe-se muito sobre como atua no sistema nervoso em estado adulto e foram realizados experimentos durante o desenvolvimento em doses muito elevadas e, portanto, irreais”, de maneira que neste último caso foram observadas malformações no crânio. “Tentamos nos centrar em questões locais para ver se existem alterações eletrofisiologicas ou bioquímicas no sistema visual e se são mantidas”, ou seja, se se traduzem em alterações graves ou malformações que podem assimilar patologias humanas”, agrega Porteros.

 

A hipótese dos cientistas é que a nicotina altera a diferenciação celular, isso é, a formação que gera células específicas, neste caso, do sistema visual. “Se a aplicação da nicotina revela que os efeitos são tão intensos como acreditamos, poderia chegar a provocar inclusive cegueira permanente”, comenta. No entanto, isso dependeria da concentração de nicotina empregada em cada caso ou dos tempos de exposição à mesma. Ademais, devem-se considerar fatores como a suscetibilidade genética das mães.