Tecnología España , Salamanca, Viernes, 22 de marzo de 2013 a las 17:33

Pesquisa revela a estrutura geológica da região de Ciudad Rodrigo

Um estudo da Universidade de Salamanca financiado pela empresa mineira Berkeley foi publicado na revista ‘Journal of Structural Geology’

José Pichel Andrés/DICYT  A Universidade de Salamanca revela novos dados da estrutura geológica da região de Ciudad Rodrigo em um trabalho publicado na Journal of Structural Geology, a revista científica mais importante desta disciplina. A pesquisa é fruto de uma colaboração com a empresa australiana Berkeley, interessada no estudo das jazidas de urânio desta comarca para explorá-la em breve, mas além desta informação privada oferece inúmeras novidades científicas úteis para toda a sociedade.

 

A companhia Berkeley “estava interessada em contratar um especialista em cartografia geológica e em geologia estrutural para realizar estudos de avaliação das jazidas de urânio na região de Ciudad Rodrigo”, explica a DiCYT Rubén Díez Fernández, pesquisador do Departamento de Geologia da Universidade de Salamanca. Assim nasceu um contrato entre a instituição acadêmica e a empresa, muito proveitoso para as duas partes.

 

O trabalho consistiu na realização de uma cartografia geológica na região de Ciudad Rodrigo, estudando rochas proterozóicas e paleozóicas, sua estrutura interna e os padrões de deformação que afetaram estas rochas durante a “Orogenia Varisca”, processo ocorrido nas bordas das placas tectônicas quando os continentes do planeta se uniram para formar Pangea.

 

Os resultados do estudo revelaram dados muito interessantes para a empresa sobre a distribuição do urânio, mas confidenciais. Contudo, existe uma parte científica que não afeta os interesses comerciais e que pôde ser publicada agora.

 

A estrutura geológica de Ciudad Rodrigo é “muito interessante”, afirma o especialista, “elaboramos um mapa geológico e uma interpretação de cortes geológicos”. A deformação provocada pelo choque de dois continentes cresce a partir das margens às áreas internas. Neste caso, os continentes Laurasia e Gondwana se chocaram e nas antigas rochas sedimentares de Ciudad Rodrigo se formaram uma série de dobras características que depois foram modificadas.

 

“A colisão chega a produzir um engrossamento da crosta continental tão grande que mal pode sustentar a si mesmo, tende a desmoronar-se e as estruturas criadas têm sua geometria original modificada, criando-se eventualmente novas dobras com características diferentes às formadas inicialmente, bem como falhas e áreas de cisalhas através das quais se canaliza o reajuste da crosta até alcançar uma configuração mais estável”, indica.

 

Na região de Ciudad Rodrigo se observa muito bem qual é a geometria da interferência entre as primeiras fases de deformação da colisão Varisca e esta segunda fase de deformação que as modificou, horizontalizando-as e transformando-as em outras estruturas com geometria diferente, segundo Rubén Díez. Ademais, observa-se uma deformação adicional: quando a crosta orogênica quase se estabiliza, uma nova fase de compressão cria novas dobras. Tudo isso cria uma estrutura geológica muito característica, a qual se identificou nesta área.

 

Ainda que já existisse alguma informação sobre a estrutura e evolução geológica deste lugar, “aportamos novas idéias e dados que não estavam presentes em nenhuma parte”, indica o geólogo, para quem “o aumento do conhecimento nas Ciências da Terra está diretamente relacionado com o desenvolvimento de um território”.

 

Ciência básica com rentabilidade econômica

 

“Com a ciência básica também é possível obter resultados de interesse econômico e um exemplo melhor que esse é difícil de encontrar”, afirma o pesquisador. Quando uma empresa mineira quer explorar um mineral, precisa saber qual é sua distribuição. Pra tanto, necessita este tipo de estudo. Sem ele, seria necessário realizar inúmeras perfurações e a exploração dos resultados não seria rentável.

 

Os pesquisadores analisam a distribuição de rochas metamórficas de origem sedimentar, rochas metamórficas de origem ígnea, ou outro tipo de unidades litológicas que possam existir. Os especialistas também observam estruturas e microestruturas associadas a processos de deformação da crosta terrestre. Uma importante pista é a presença de minerais associados a determinadas estruturas como dobras ou falhas, nas quais constantemente se concentram recursos mineiros. Com a ajuda de microscópios petrográficos os geólogos identificam estes minerais e deduzem a pressão e a temperatura na qual se formaram e, logo, as condições nas quais ocorreu a deformação. Ademais, neste trabalho, para localizar o urânio foram utilizadas técnicas geofísicas, estudos aeromagnéticos, gravimetria e medições de radioatividade natural.

 

Agora a informação coletada que não condiz diretamente com a exploração do urânio ficará a disposição de outras empresas, administrações e da sociedade em geral, já que é útil para outras atividades, da construção de infra-estruturas como estradas, ao estudo de aqüíferos.

 

Um dos benefícios mais curiosos é o acadêmico, já que a estrutura geológica identificada em Ciudad Rodrigo não é freqüente e os próprios alunos da Universidade de Salamanca tinham que se deslocar até há pouco tempo à Galicia para poder estudar um exemplo equivalente em campo, mais um “valor agregado” à informação proporcionada por esta pesquisa de financiamento privado.

 

Referência bibliográfica

 

Rubén Díez Fernández, Juan Gómez Barreiro, José R. Martínez Catalán, Puy Ayarza. Crustal thickening and attenuation as revealed by regional fold interference patterns: Ciudad Rodrigo basement area (Salamanca, Spain). Journal of Structural Geology, 2013. DOI:http://dx.doi.org/10.1016/j.jsg.2012.09.017