Alimentación México , Distrito Federal, Jueves, 08 de abril de 2010 a las 14:04

Apesar de eficiente em casos de câncer e leucemia, México está atrasado em matéria de transplantes de células-mãe

Especialistas concordaram com este fato durante o simpósio “Controvérsias, mitos e realidades sobre o uso de células-tronco no México”, coordenado por Alejandro Madrigal, membro correspondente da AMC

AG/AMC/DICYT Atualmente o tema das células-mãe é de estudo obrigatório nas faculdades de medicina, porque hoje se sabe que o câncer, a leucemia e outras doenças malignas, são doenças de células-mãe, isto é, que não ocorrem a nível de células diferenciadas, mas sim quando as células-mãe sofrem mutações que ocasionam o crescimento descontrolado das mesmas.

 

Assim o manifestou Alejandro Madrigal, diretor de pesquisa do Instituto de Investigação Anthony Nolan e membro correspondente da Academia Mexicana de Ciências (AMC), que assevera que os métodos para eliminação de células cancerígenas, como a quimioterapia e a radiação, eliminam também células saudáveis, provocando problemas ao paciente.

 

Ao coordenar o simpósio Controvérsias, mitos e realidades sobre o uso de células-tronco no México, na Faculdade de Medicina da UNAM, o especialista disse que este é um tema que apenas se começa a entender, pois ainda temos um conceito vago e pouco definido sobre quais são as características de uma célula-mãe.

 

Particularmente, o também professor titular da Cátedra de Hematologia da Universidade de Londres se referiu às células-mãe hematopoiéticas, as quais, disse, não podem crescer em cultivos in vitro. Até hoje, conseguimos fazê-las crescer introduzindo genes, mas existe o problema de que ainda desconhecemos as complicações que poderia trazer esta manipulação genética, apontou.

 

Ainda que no tratamento das leucemias e linfomas se utilize o transplante de células hematopoiéticas, trata-se de um procedimento que apenas começa a aperfeiçoar-se, advertiu.

 

O médico egresso da Faculdade de Medicina da UNAM, destacou o sucesso do Instituto de Investigação Anthony Nolan, o qual conta com um registro de 400 mil doadores e a realização de 8 mil transplantes.

 

De acordo com números do Instituto Nolan, no mundo existem 14 milhões de doadores e 32 mil pacientes à procura de um transplante. Para ilustrar a magnitude do desafio, o cientista detalhou que no ano passado na Inglaterra procurou-se, entre estes 14 milhões, doadores para 1.400 pessoas e só foi possível encontrar-se o suficiente para metade delas.

 

Considerou relevante o trabalho para encontrar novas fontes de células-mãe para transplante, como o sangue da placenta, do qual podem ser obtidas células para serem guardadas nos chamados bancos de cordão umbilical.

 

Desafortunadamente, disse, somente 20% das amostras coletadas nos bancos de cordão umbilical são para doação e, entre elas, poucas tem a qualidade que se requer para utilização em transplante, ao que se soma seu elevado custo de aproximadamente 1.000 euros por amostra.

 

Sobre a questão dos bancos privados de sangue de cordão, opinou que apesar de não se opor à coleção por parte de particulares, devem ser seguidos critérios e padrões que garantam a qualidade das amostras guardadas.

 

Lamentavelmente, reconheceu que nem todos os casos de transplantes tem sucesso e que 50% dos pacientes transplantados com células-mãe hematopoiéticas morrem por infecções, rejeição ou regresso da doença, especialmente aqueles com leucemias agudas.

 

Alejandro Madrigal explicou que no Instituto Nolan se estudam não só novas técnicas para cultivar células-mãe do sangue in vitro, mas também todos os fatores celulares relacionados ao transplante para evitar que o paciente rejeite as células recebidas.

 

Ao falar do trabalho que é desenvolvido no México, destacou que já é possível contar com registros de doadores graças à colaboração de Clara Gorodezky Lauferman, do Departamento de Imunologia e Imunogenética do Instituto de Diagnóstico e Referência Epidemiológicos, e de Roberto Ovilla Martinez, do Departamento de Hematologia e Unidade de Transplantes Hematopoiéticos do Hospital Ángeles de las Lomas.

 

Alejandro Madrigal sugeriu a replicação, no México, da experiência inglesa na qual os estudantes de medicina criaram um grupo chamado Marrow, dedicado a recrutar células-mãe hematopoiéticas com excelentes resultados.

 

Após a exposição de Alejandro Madrigal, os especialistas convidados ao simpósio concordaram com o fato de que o México está muito atrasado em matéria de transplantes de células-mãe hematopoiéticas.

 

Sobre a questão, Alejandro Limón Flores, do Serviço de Hematologia do Hospital de Especialidades do IMSS na cidade de Puebla, expôs dados que demonstram o atraso, como o fato de que, desde 1979 até hoje, foram feitos no México menos de 3 mil transplantes hematopoiéticos, enquanto que na Espanha é realizada essa mesma quantidade a cada ano.

 

Ademais, assinalou que unicamente quatro cidades capitais do país: Monterrey, Guadalajara, Cidade do México e Puebla, possuem programas ativos de transplante de células-mãe hematopoiéticas e no sudeste, onde vivem 25 milhões de mexicanos, não há um só programa deste tipo.

 

Clara Gorodezky Lauferman, do Instituto de Diagnóstico e Referência Epidemiológicos e membro da AMC, frisou a importância de que os projetos científicos cheguem à programas que possuem impacto direto na saúde dos mexicanos, como nos programas de transplantes.

 

Assinalou que, ante a visão limitada das autoridades que designam orçamentos inadequados, a comunidade científica e os estudantes de pós-graduação devem demonstrar um compromisso verdadeiro com a ciência e encontrar a forma de difundir a cultura da doação.

 

A mesa de discussão, realizada no Auditório Raoul Fournier da Faculdade de Medicina da UNAM, esteve composta também por Rafael Argüello Astorga, do Instituto de Ciência e Medicina Genômica de Torreón Coahuila; Manuel Ruiz de Chávez, presidente da Academia Nacional de Medicina, e Eva Delia Calderón Garcidueñas, da Faculdade de Química da UNAM.

 

Também participaram Miguel Cruz López, da Unidade de Investigação Médica em Bioquímica do Hospital de Especialidades do Centro Médico Nacional Siglo XXI do IMSS; Roberto Ovilla Martínez, do Departamento de Hematologia e Unidade de Transplantes Hematopoiéticos do Hospital Ángeles de las Lomas, e Enrique Gómez Morales, da Unidade de Transplantes de Células Hematopoiéticas e Terapia Celular do Hospital ABC.