Salud España , Valladolid, Viernes, 14 de junio de 2013 a las 18:16

Associa-se um polimorfismo do gene p53 ao desenvolvimento de vitreorretinopatia proliferativa (VRP)

O Instituto de Oftalmobiologia Aplicada (IOBA) de Valladolid e a Universidade de Salamanca colaboram nesta linha de pesquisa

Cristina G. Pedraz/DICYT A vitreorretinopatia proliferativa (VRP) é a causa mais frequente de fracasso na cirurgia de descolamento de retina. Trata-se de um processo de inflamação e cicatrização exagerado da retina e afeta entre 5 e 10% dos pacientes com deslocamento. Atualmente a doença não tem cura e a única solução é a cirurgia. Para classificar e catalogar os pacientes em função do risco de desenvolver VRP após o deslocamento da retina, foram desenvolvidas fórmulas baseadas em fatores estritamente clínicos, fórmulas “com uma sensibilidade e especificidade muito baixa”.

 

O Grupo de Retina do Instituto de Oftalmobiologia Aplicada (IOBA) de Valladolid pesquisa desde 2006 outros fatores que também estão associados à doença: os genéticos. A finalidade desta linha de pesquisa é melhorar as fórmulas de classificação de pacientes de acordo com o risco de possuir VRP prévio à cirurgia, aumentando a sensibilidade e especificidade, bem como a busca por novos alvos terapêuticos.

 

Conforme explica à DiCYT Salvador Pastor, pesquisador do Grupo de Retina do IOBA, as doutoras Rosa Sanabria e Jimera Rojas realizaram os primeiros progressos sobre a contribuição genética à VRP. Através de vários estudos multicêntricos, comprovou-se que os genes TNF Alfa, TNFR2, PIK3CG e SMAD7 estão envolvidos no surgimento da doença.

 

Estes trabalhos, inseridos no denominado Projeto Retina 4, foram recentemente completados com um novo avanço publicado na revista Ophthalmology. Em colaboração com o catedrático da Universidade de Salamanca Rogelio González Sarmiento, o Grupo de Retina do IOBA estudou um polimorfismo do gene p53.

 

“Pensamos que a retina deve se comportar de forma muito semelhante ao Sistema Nervoso Central, já que faz parte dele. O grupo de Rogelio González Sarmiento tinha realizado um estudo desse polimorfismo em pacientes com icto isquêmico e chegou à conclusão de que se apresenta com duas variantes na natureza, uma que produz mais morte celular e outra que produz menos. Observaram que os pacientes que tinham a variante de maior morte celular tinham pior resultado funcional”, detalha Pastor.

 

Traslado à retina

 

Esta pesquisa foi trasladada agora à retina, em um estudo multicêntrico do qual participaram pesquisadores da Inglaterra, Holanda, Portugal e Espanha. No total, foram coletadas 550 amostras de DNA de pacientes com deslocamento de retina, das quais 134 correspondem a pacientes que desenvolveram VRP. Neste caso, o estudo conclui “que a variante que produz menos morte celular está associada com um maior risco de desenvolver VRP depois de um deslocamento de retina”.

 

“Acreditamos que na VRP o que está alterado de alguma maneira é a apoptose, a via de morte celular não inflamatória. Neste artigo chegou-se à conclusão de que os pacientes que têm a versão menos favorecedora da apoptose estão mais associados à VRP”, agrega o pesquisador. Ainda que o trabalho recentemente publicado represente uma descoberta relevante, os pesquisadores indicam que para entender o papel deste polimorfismo do gene p53 no desenvolvimento da VRP serão necessário mais estudos.

 

Referência bibliográfica

 

Pastor-Idoate, S., Rodriguez-Hernández, I., Rojas, J., Fernández, I., García-Gutierrez, M. T., Ruiz-Moreno, J. M., ... & Pastor, J. C. (2012). The< i> p53</i> Codon 72 Polymorphism (rs1042522) is Associated with Proliferative Vitreoretinopathy: The Retina 4 Project. Ophthalmology.