Salud España , Salamanca, Jueves, 07 de febrero de 2013 a las 16:12

Os bancos de cérebros precisam de mais doações de pessoas sadias

O especialista Alberto Rábano explica em Salamanca que a Espanha pretende ter uma rede de bancos de tecidos neurológicos

JPA/DICYT A pesquisa das doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer ou o Parkinson, requer que os cientistas tenham a sua disposição cérebros para analisar. Nos últimos anos surgiram bancos de tecidos neurológicos para armazená-los, também chamados bancos de cérebros, e a maior parte dos doadores são pessoas conscientes de que sofreram alguma doença. No entanto, a pesquisa científica precisa também de cérebros sadios, que sirvam de controle para poder realizar comparações e ver as diferenças manifestadas nos casos patológicos, e isto é o que falta, segundo explicou no dia 5 de fevereiro em Salamanca o especialista Alberto Rábano.

 

“Os pesquisadores procuram em todo o mundo, avidamente, tecidos cerebrais de controle”, afirmou em declarações à DiCYT. Atualmente “conseguimos fazer com que muitos pacientes sejam doadores, mas ainda não conseguimos em nenhum lugar que pessoas que não possuam doenças neurológicas sejam doadoras de forma massiva”, indicou o diretor do Banco de Tecidos Neurológicos da Fundação Centro de Investigação em Doenças Neurológicas (Fundação CIEN), de Madri, que atua como banco nacional sob o auspício do Instituto de Saúde Carlos III.

 

“Ainda nos falta convencer a população de que neste momento é mais importante doar tecido normal, do que tecido enfermo”, enfatiza o especialista, que ajudou a desenvolver há dois anos o Banco de Tecidos Neurológicos do Instituto de Neurociências de Castela e Leão (Incyl) da Universidade de Salamanca, convertido já em referência para a região. Na manhã do dia 5 este cientista deu um seminário técnico para os pesquisadores, enquanto a tarde o Incyl acolheu uma jornada de divulgação aberta ao público em geral.

 

Rábano assegura que entre os cidadãos continua havendo uma “certa confusão” entre doar o corpo para que com ele pratiquem os estudantes das faculdades de Medicina e as doações específicas para pesquisa, como é o caso do banco de cérebro, que avançou muito nos últimos 15 anos. De fato, a cada ano aumentam as doações entre 30 e 40% no banco de Madri, e não existe nenhuma dúvida por parte da população de que o cérebro seja um órgão especial, afirma o especialista.

 

A mensagem que se tenta transmitir em jornadas como a do dia 5  é a de “que a população deve entender que sem tecido humano o conhecimento destas doenças não pode progredir” e que “a doação é muito simples, só é necessário colocar-se em contato com o banco de cérebros mais próximo”.

 

Inclusive em Salamanca, onde o Banco tem apenas dois anos de funcionamento, já “percebemos uma mudança”, afirma. “A mensagem demora em chegar aos médicos, à sociedade e às associações de familiares de doentes, mas finalmente chega”, ainda que “não possamos deixar de divulgar nunca”.

 

Criação de uma rede

 

Na Espanha existe uma dúzia de bancos de cérebros, aos quais deveriam ser agregados alguns mais em fase de criação, e a maioria trabalha no âmbito de sua comunidade autônoma, enquanto o banco dirigido por Alberto Rábano atua como banco nacional e cobre as áreas nas quais não existe este tipo de instalações, como Canárias, Baleares ou Extremadura. “O objetivo seria, como em outros países, reunir uma rede de cérebros, de modo que todos atuassem de maneira coordenada”, indica.

 

Um banco de cérebros serve para que os médicos possam dar um diagnósticos definitivo da doença. Ademais, as famílias podem saber se se trata de uma patologia genética. Mas o propósito fundamental “é ter tecido em condições ideais de conservação, congelado a baixa temperatura, para ser utilizado em pesquisa durante muitos anos.

 

Os cientistas pedem este material neurológico aos bancos para estudar sobretudo o Alzheimer, mas também se destinam muitas amostras ao estudo do Parkinson e da esclerose lateral amiotrófica (ELA), bem como a doenças raras.

 

O banco do Incyl acaba de chegar a 15 doações, uma “cifra excelente”, afirma Rábano, que sempre esteve atento a este projeto e lhe deu cobertura de Madri quando, momentaneamente no ano passado, ficou sem financiamento.