Alimentación España , León, Lunes, 08 de noviembre de 2010 a las 16:09

Presença de Abutres do Egito é reduzida em zonas onde se diminui criação de ovinos

Estudo das universidades de León e IE de Segovia centra-se em estratégias de manejo desta ave carniceira na Cordilheira Cantábrica

Antonio Martín/DICYT  O Alimoche, ou Abutre do Egito (Neophron percnopterus), é uma curiosa ave carniceira caracterizada por uma plumagem branca, razão pela qual também é chamada Abutre branco. Conhecida por sua capacidade em utilizar ferramentas (na África é capaz de abrir ovos de avestruz golpeando-lhes com uma pedra), atualmente é uma espécie em perigo de extinção a nível mundial. Dois pesquisadores das universidades de León e IE de Segovia aprofundaram seus conhecimentos sobre este falconiforme na região da Cordilheira Cantábrica, limite noroeste de sua distribuição na Europa.

 

Os trabalhos de pesquisa de Patricia Mateo-Tomás e Pedro Olea estão orientados à aplicação em conservação e podem converter-se em ferramenta para o gestor. Trata-se de uma corrente denominada "conservação baseada em evidência", com a qual pretende-se que a conservação de espécies e ecossistemas esteja baseada em fatos comprovados cientificamente. "Ademais, procuramos aproximar a escala ao lugar de manejo o máximo possível, já que os problemas que podem ser encontrados em Andaluzia, por exemplo, não necessitam ser reproduzidos na Cordilheira Cantábrica", explica Mateo, cuja tese de doutorado centrou-se não só no estudo do Abutre do Egito, mas que também incluía ao Abutre-Fouveiro (Gyps fulvus).

 

Como conclusões deste trabalho de pesquisa, os biólogos oferecem duas questões importantes para a conservação desta espécie relacionadas com a atividade humana: o controle dos impactos humanos nas áreas de reprodução e o apoio à pecuária intensiva, especialmente de ovelhas e cabras.

 

Ação da pecuária

 

Em toda Europa, a fonte de alimentação mais estreitamente vinculada às aves carniceiras é a pecuária, uma vez que populações de ungulados selvagens só existem na África. Enquanto no continente africano estas aves podem alimentar-se de restos dos ungulados selvagens, na Europa isto é mais difícil na prática.

 

Uma das características observadas pelos pesquisadores neste trabalho é a relativa "naturalização" da população de aves necrófagas na Cordilheira Cantábrica com respeito à dependência do alimento proveniente da pecuária. "Isso não quer dizer que não utilizem fontes provenientes do ser humano, e sim que não existe uma dependência tão obrigatória. Neste sentido, em situações difíceis como a retirada do gado morto de acordo com a normativa que o obrigava depois do caso das vacas loucas, este sistema é mais sustentável com respeito aos lixões no sul da Espanha, por exemplo", afirma Mateo.

 

Apesar deste baixo grau de dependência, a ação da pecuária continua tendo um importante efeito nestas aves. "Observamos que nas zonas de Palência e León onde houve uma queda da atividade pecuarista de ovino ou caprino, extinguiram-se os territórios do Abutre do Egito, adverte Pedro Olea. "Parece que a pecuária pode beneficiar-lhes", mais ainda quando se trata do tipo "tradicional" de pecuária, isto é, extensiva com baixa intensidade de cabeças, adverte a autora. Agora os cientistas querem analisar como responde o Abutre às mudanças estruturais da atividade pecuarista que ocorreram nos últimos anos na área. "Existe uma clara substituição de ovino e caprino por bovino em regime extensivo", observam. São precisamente os rebanhos de ovelha e cabra os que, por suas características físicas, podem prover alimento aos Abutres da melhor maneira.

 

Impacto direto

 

Diferentemente do Abutre-Fouveiro, uma espécie totalmente gregária, o Abutre do Egito é territorial. Este estabelece territórios nos que um casal defende e se alimenta de uma área de 2 ou 3 quilômetros de seu ninho. Estes abutres necessitam lugares adequados para sua reprodução, geralmente montanhas rochosas. Estas formações são freqüentes na Cordilheira Cantábrica. Também necessitam, logicamente, de alimentos. Cientistas do País Vasco analisaram os impactos dos seres humanos sobre a espécie. "Algo aparentemente tão inócuo como uma rota de caminhada muito transitada ou escalada podem causar problemas em épocas reprodutivas e produzir um fracasso", indica Patricia Mateo. Os pesquisadores assinalam, ademais, que o uso ilegal de veneno e a proliferação de parques eólicos são outras ameaças às que se enfrenta a espécie.

 

Outros aspectos

 

A população de Abutre do Egito da Cordilheira Cantábrica está contabiliza no estudo de cerca de 170 casais dividas entre três comunidades autônomas: Astúrias, Cantábria e Castilla y León). Os autores ressaltam que estas aves se encontram na parte alta da cadeia trafica e sua função é insubstituível, uma vez que elimina cadáveres do campo e evita, por exemplo, a transmissão de doenças. "Por isso também podem ser usados como modelos ou indicadores para a detecção precoce de alterações ambientais" como, por exemplo, o uso de venenos ou a própria modificação das atividades pecuaristas.

 

Analogamente, Pedro Oleay e Patricia Mateo observaram os benefícios das atividades humanas para o Abutre-Fouveiro em áreas naturais. Os cientistas calcularam que a atividade cinegética pode proporcionar alimento para até 1.800 animais durante os seis meses de proibição. Durante o resto do ano, a pecuária de ovinos e bovinos, incluída a transumância, provêm alimento aos necrófagos.

 

A partir de um trabalho observacional e de seguimento do Abutre-Fouveiro que habita especialmente a parte da província de León desta região montanhosa, os pesquisadores encontraram uma correlação significativa com as estatísticas de caça proporcionadas pelos governos de Astúrias, Cantábria e Castilla y León. Os estudos revelaram um forte ajuste espaço-temporal entre a área na que estabelecem-se o Abutre-Fouveiro e os lugares de caça, especialmente do cerdo e do javali. Ademais, observaram que o declive desta atividade pecuarista na zona afetará uma população de necrófagas. Os restos dos animais poderiam alimentar a uma quantidade total de 700 abutres diariamente.

 

Espécie classificada em perigo de extinção a nível mundial

 

A população mundial de Abutre do Egito está estimada entre 30.000-40.000 adultos e a espécie está classificada como em perigo de extinção por parte da comunidade científica. Na Europa se estimam entre 2600-3100 casais reprodutores (segundo a Lista Vermelha da UICN), e possuem a mesma classificação. No entanto, na Espanha essa situação poderia ser diferente. No último censo nacional, realizado em 2008, estimou-se uma população reprodutora de 1.452-1.556 casais. Os autores reconhecem que de acordo com estes números a espécie deveria ser re-classificada como vulnerável. Toda a população espanhola procede do continente africano, exceto pequenos grupos estáveis em territórios meridionais.

 

Quatro espécies diferentes de abutres habitam a Península Ibérica

 

A Península Ibérica é hábitat de quatro espécies de abutres diferentes, de acordo com a Fundação Gypaetus. Trata-se dos abutres Fouveiro e Negro, do Quebra-ossos e do Abutre do Egito. A população de cada uma das espécies é variável: segundo o Catálogo Nacional de Espécies Protegidas de 2005 havia na Espanha 17.600 casais reprodutores de Fouveiro, 1.400 de Abutre Negro (97% da população européia), 1.400 de Abutre do Egito e unicamente 81 de Quebra-ossos. As aves carniceiras possuem um papel importante na cadeia trafica. Em um ecossistema com presença das quatro espécies ibéricas, uma carniceira desaparece em poucas horas. Os abutres Fouveiro e Negro, cujos bicos são suficientemente fortes para arrancar a pele, aproveitam grandes pedaços de carne, vísceras, tendões e pele. Os Abutres do Egito, mais pequenos, aproveitam pequenos pedaços de carne dispersos no solo. O Quebra-ossos, por sua parte, é capaz de engolir os ossos e digeri-los graças aos potentes sucos gástricos de seu estômago, indica a fundação. As aves carniceiras não só são capazes de ingerir um alimento em descomposição sem que lhes afete toxinas e agentes infecciosos, como podem destruir estes agentes. Existem diversas ameaças que afetam os necrófagos, segundo esta organização. As principais são os venenos, os disparos, os pesticidas, a perda de hábitat, as linhas de transmissão elétrica, os parques eólicos, impactos em zonas de reprodução e a diminuição da pecuária intensiva. Atualmente, iniciativas conservacionistas para recuperar as populações destas espécies que, como o Abutre Negro ou o Quebra-ossos, estiveram há alguns anos a ponto de extinguir-se. Um exemplo é o Real Decreto de 2002, no que se regula a alimentação destas aves necrófagas com determinados animais mortos e seus produtos em lixões.