Tecnología España , Valladolid, Martes, 29 de mayo de 2012 a las 14:04

Projeto Europeu criará um protótipo para monitorar a deterioração de obras de arte barrocas

Instrumento utilizará técnicas óticas, não-invasivas, e poderá ser utilizado também com propósitos de autenticação

Cristina G. Pedraz/DICYT Nove países europeus, dentre eles a Espanha, iniciaram um projeto do VII Programa Marco orientado a desenvolver um protótipo de instrumento para monitorar a deterioração de obras de arte e objetos do patrimônio artístico do período Barroco. Na iniciativa, denominada Syddarta, participam como sócios espanhóis a Real Academia de Belas Artes, de San Fernando, e o Instituto Tecnológico AIDO, de Valencia, que coordena o projeto. Luis Granero, membro de AIDO e coordenador geral de Syddarta, explicou a DiCYT as utilidades do dispositivo.

 

“Trata-se de um protótipo pré-industrial para diagnosticar e digitalizar obras de arte, especificamente focadas no período Barroco, em telas e madeira”. No projeto participam 11 sócios da Holanda, Grécia, Reino Unido, Italia, Portugal, Alemanha, Bélgica e Eslovenia, além dos espanhóis, dos quais “quatro se dedicarão à pesquisa pura, dois museus serão encarregados de testar e cinco aportarão o desenvolvimento concreto em tudo o que se refere a sensores, filtros, etc”, detalha.

 

O instrumento baseia-se em técnicas óticas, “importante quando se trabalha com estes tipos de peças, porque não precisam de contato e a radiação utilizada não agride a obra”. Granero afirma que se trata de uma análise da reflectância da obra, isso é, envia-se uma radiação e estuda-se sua resposta.

 

Os pesquisadores trabalham em uma extensão que cobre todo o espectro visível, de 400 a 900 nanômetros, e com parte do infravermelho próximo, de 900 a 2.500. “Escolhemos esta extensão porque nela poderemos observar muitas coisas, por exemplo, tudo o que corresponde a mudanças na cor das obras e, portanto, poderemos fazer uma análise de sua deterioração, da composição dos pigmentos”.

 

Se a isso agregamos as tecnologias de digitalização 3D sem utilizar o laser, “teremos, ademais, informação espectral de todos os pontos XYZ da obra”. “Ao fim, obteremos muitas imagens, muitas capas que poderemos separar e analisar em cada extensão do comprimento de onda que utilizemos”, agrega o coordenador do projeto.

 

Para realizar isto os pesquisadores partem de testes prévios que já estão sendo realizados. “O projeto é jovem, tem seis meses, e atualmente trabalhamos na parte de testes em câmaras climáticas e em ambientes com muita poluição para caracterizar pigmentos, vernizes, etc, nessas condições climáticas e observar como lhes afeta tanto a degradação pela poluição, mudanças de temperatura, mudanças de umidade, ou por ultravioleta”. Assim, destaca, serão criadas bases de dados com as quais será possível “comparar e analisar a deterioração que sofre a obra e, sobretudo, identificar pigmentos, o que é fundamental para o apoio à restauração”.

 

Primeiro protótipo

 

A idéia final do projeto, que durará 30 mesas, é “obter o primeiro protótipo que possa ser ampliado com uma parte importante, como as bases de dados dos pigmentos”. Deste modo, “as pessoas que trabalham com temas de análise de pigmentos poderão utilizar as bases de dados e estudar o período que quiserem, para depois modificar, por exemplo, o tipo de câmara ou de iluminação para trabalhar em diferentes extensões espectrais”. Os pesquisadores escolheram esta extensão espectral para analisar distintos aspectos, “mas quando falamos, por exemplo, de deterioração química, como seria o processo de carboxidação que pode ser visto a 8.000 nanômetros, é possível mudar o sensor e uma série de componentes e trabalhar nestas extensões”.

 

Em relação à parte do projeto realizada por AIDO, além da coordenação geral dos trabalhos, Granero explica que se trata de toda a parte de 3D e hiperespectral. “Já trabalhamos há muitos anos com temas de 3D, sobretudo em projeção de padrões, e fizemos diversos projetos neste campo. Realizaremos a parte de 3D e os acoplamentos óticos necessários entre componentes”, conclui.

 

Além da análise de deterioração física da obra, Syddarte proporcionará informação das assinaturas espectrais e das características dimensionais dos objetos, informação que poderá ser utilizada também com propósito de autentificação. O projeto faz parte de AR&PA Inovação, uma das seções da bienal realizada em Valladolid até o próximo domingo.