Ciencias Sociales España , Burgos, Miércoles, 27 de noviembre de 2013 a las 09:58

Reconstrói-se pela primeira vez o pé de um ‘Homo heidelbergensis’

Trata-se de uma importante descoberta devido à dificuldade de associar ossos a um mesmo individuo. O Homo heidelbergensis viveu em Atapuerca há 500.000 anos

CGP/DICYT Membros da Equipe de Pesquisa de Atapuerca (EIA) reconstruíram, pela primeira vez, o pé de um Homo heidelbergensis, um hominídeo que viveu na Serra de Atapuerca há 500.000 anos e do qual se tem um importante registro fóssil no sítio arqueológico da Sima de los Huesos. A importância da descoberta, que foi apresentada hoje no Museu da Evolução Humana (MEH) de Burgos, radica na dificuldade de assignar ossos a um mesmo individuo. A apresentação contou com a participação dos membros do EIA que desenvolveram o trabalho, orientados por Juan Luis Arsuaga, bem como do presidente da Junta de Castela e Leão, Juan Vicente Herrera, e do técnico nacional de futebol Vicente del Bosque, que foi homenageado.

 

Conforme explicam os pesquisadores, “a maioria dos dados que os paleontólogos tem para reconstruir a evolução humana procedem dos ossos da cabeça (crâneo e mandíbula) e dos dentes”. Das demais regiões do esqueleto “se dispõe de pouca informação das espécies humanas anteriores aos neandertais”. Contudo, a Sima de los Huesos constitui “uma exceção a esta norma”. Até agora foram encontrados mais de 500 ossos de pé, mas estão todos misturados.

 

No último número do Jornal de Atapuerca, a equipe científica que realizou este trabalho detalhava que mais de três quartos dos fósseis que pertencem ao esqueleto pós-craniano do registro fóssil mundial anteriores a 100.000 anos procedem deste sítio arqueológico, “que é fundamental para conhecer a evolução do tamanho, a forma e as proporções do corpo do gênero Homo”. Não obstante, “para poder realizar muitos destes estudos é necessário associar os ossos que pertenceram a um mesmo individuo, o que não é uma tarefa nada fácil, já que na Sima se encontram os restos, fragmentados e dispersos, de pelo menos 28 esqueletos”.

“De fato, é extremamente difícil assignar diferentes elementos a um mesmo individuo, já que a maioria da população possui idade e complexão similar. Assim, qualquer associação realizada entre ossos de um mesmo individuo possui uma grande importância”, asseguram em palavras coletadas pela DiCYT.

1’73 metros

 

Durante o terceiro congresso anual da Sociedade Europeia para o Estudo da Evolução Humana (ESHE), realizado em Viena (Áustria) em setembro, em um trabalho orientado por Adrián de Pablos, pesquisador do Centro Misto UCM-ISCIII de Pesquisa sobre Evolução e Comportamento Humanos e membro da Equipe Pesquisadora de Atapuerca (EIA), apresentou-se à comunidade científica internacional algo incomum na paleontologia, a primeira associação de ossos do pé procedentes do sítio arqueológico da Sima dos Huesos.

 

Os pesquisadores puderam associar praticamente todos os elementos dos pés de um mesmo individuo adulto masculino: os ossos do tornozelo, calcanhar e peito do pé.

 

Do mesmo modo, a partir do estudo dos tarsos e metatarsos desta associação, utilizando fórmulas de regressão robustas e combinando vários elementos, foram capazes de estabelecer uma estatura para este individuo de 1’73 metros, um valor similar ao obtido previamente a partir de outros ossos fósseis isolados como os fémures ou os úmeros.

 

O Museu da Evolução Humana (MEH) de Burgos exibe outros importantes fósseis encontrados na Sima de los Huesos dos sítios arqueológicos de Atapuerca pertencentes à espécie Homo heidelbergensis, como o crâneo número 5, Miguelão, ou a pélvis Elvis, dentre outros.