Alimentación México , México, Viernes, 10 de diciembre de 2010 a las 17:42

Resíduos cítricos são transformados em desinfetante

Pesquisadora estudou os resíduos da toranja com o fim de elaborar um produto desinfetante e antiparasitário

Agencia ID/DICYT O México está entre os primeiros cinco países produtores de cítricos do mundo; estes cultivos compreendem uma extensão de 520 mil hectares estabelecida em 23 estados do país, nos quais são produzidos, aproximadamente, 6,7 milhões de toneladas anuais, de acordo com cifras da Secretaria de Agricultura, Pecuária, Desenvolvimento Rural, Pesca e Alimentação (Sagarpa).

 

Dentre as variedades mais importantes no país estão a laranja, a tangerina, a lima e o limão, bem como a toranja. Do mesmo modo, do total da produção de cítricos exporta-se 12 por cento, dos quais 1,4 por cento ocupa a indústria de sucos e 0,44 a de fruta seca.

 

Diante dessas cifras e com o propósito de aproveitar os resíduos resultantes da exploração de cítricos, a pesquisadora María de los Ángeles Sánchez Contreras, do Centro de Investigação e Assistência em Tecnologia e Desenho do Estado de Jalisco (Ciatej), estudou a composição destes resíduos; seu objetivo foi aperfeiçoar um método capaz de obter os compostos flavonólicos e polifenólicos contidos nestes resíduos, a fim de elaborar um produto desinfetante e antiparasitário que possibilite eliminar as bactérias presentes nos vegetais e na água antes do consumo.

 

De acordo com a especialista em aproveitamento de resíduos agroindustriais, os cítricos contam com diferentes propriedades como antioxidantes e uma alta quantidade de vitamina C e ácido cítrico (este último lhe proporciona o sabor ácido tão característico); assim, esta pesquisadora definiu um método de extração criogênico, o qual permitiu isolar as substancias químicas denominadas polifenóis de maneira mais limpa e sem utilizar ingredientes tóxicos.

 

Sánchez Contreras explicou que utilizou solventes polares em baixas temperaturas mediante purificação por cromatografia simples, com os quais obteve bons rendimentos de extração. Mencionou que as provas de extração foram aplicadas em diferentes variedades de cítricos e realizaram-se exames de atividade antioxidante, antimicrobiana e de toxidade aguda. Indicou que, ainda que em todos os casos tenham-se observado respostas favoráveis, o melhor resultado foi encontrado para a ação antimicrobiana dos extratos de resíduos de toranja.

 

A partir destes resíduos, obtiveram-se efeitos favoráveis contra o parasita Entamoeba histolyc, relacionado com as amebíases, assim como para Giardia lambia, cujo organismo causa uma forte diarréia durante a doença conhecida como giardíase.

 

“Esses resultados deram ensejo à proposta de elaborar-se um desinfetante para água e verduras, cujo componente principal é o extrato obtido dos resíduos da toranja”, expôs a doutora Sánchez Contreras.

 

Segundo a especialista, a toranja já é utilizada para produzir desinfetantes através da preparação de um óleo extraído das sementes do fruto. No entanto, sua proposta difere das demais porque os compostos flavonólicos e polifenólicos proporcionam essa atividade antimicrobiana que faz com que o produto seja inovador; isso é, obtém-se da casca e do bagaço da toranja o principal resíduo agroindustrial gerado durante a elaboração do óleo essencial e do suco da toranja.

 

Junto a isso, o desinfetante orgânico não possui iodo, cloro ou prata coloidal, o que representa um benefício para o mercado potencial deste produto, devido ao fato de que favorece a capacidade nutritiva por conter antioxidantes derivados de sua origem cítrica. Ademais, ao ser aplicado nos vegetais não requer um enxágüe abundante, como ocorre com outros produtos comerciais.

 

O produto desenvolvido pela unidade sudeste do Ciatej, Centro Público de Investigação do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (Conacyt), também pode ser empregado na água, pois de acordo com provas elaboradas pelos pesquisadores, é capaz de eliminar os microorganismos entéricos de acordo com as normas estabelecidas para o consumo de líquido potável purificado.

 

Diferentemente dos legumes, em que foi fácil suprimir estes patogênicos, no vital líquido mantiveram-se em forma de quistes; isso é, a forma em que o parasita se prepara para resistir por longos períodos até uma nova infecção, afirmou a titular do projeto.

 

A doutora María de los Ángeles Sánchez Contreras destacou que espera obter o registro da patente deste processo como produto final da pesquisa; uma vez adquirida a proteção, iniciará um plano de negócios para transferir esta tecnologia.

 

É importante notar que nesta pesquisa participaram também especialistas do Ciatej do estado de Jalisco, assim como a Unidade Sudeste de Guadalajara e o centro regional doutor Hideyo Noguchi, da Universidade Autônoma de Yucatán (UADY). Ademais, o projeto contou com o apoio do Fundo Misto do Governo do Estado de Yucatán, do Conacyt, e da União de Citricultores do Sul de Yucatán, que proporcionou os resíduos cítricos para realizar a pesquisa.