Ciencias Sociales España , Salamanca, Miércoles, 03 de noviembre de 2010 a las 11:02

Sobre feiras e catedrais

Diretor do Instituto de Estudos da Ciência e da Tecnologia. Universidade de Salamanca.

DICYT Durante a Idade Média periodicamente eram celebradas nas cidades feiras agrícolas, de pecuária e artesanatos. Quem leu ou viu Os Pilares da Terra sabe que tais feiras podiam chegar a ser tão importantes como as catedrais para a vida de uma cidade. Claramente, continuam sendo. Nos séculos XIX e XX apareceram as exposições universais, vitrines da tecnologia industrial que tantas mudanças introduziu em nossas sociedades modernas. Em tempos mais recentes, de realidades virtuais e economias especulativas, grande parte destas feiras se banalizou, transformando-se em espetáculos midiáticos, como o que vimos recentemente em Xangai.

 

As sociedades atuais precisam de outro tipo de feiras. Estamos fartos de dizer que nossas sociedades estão fundamentadas no conhecimento, mas ainda é difícil associar o conhecimento à ciência, à cultura e ao entretenimento, além de à economia, à riqueza, ao bem-estar, ao comércio, à inovação e à indústria. As feiras de ciências são uma forma de responder a estas dificuldades. O que se mostra nelas não são as últimas maravilhas do desenho arquitetônico ou as curiosidades mais surpreendentes da indústria do ócio. Trata-se de algo mais profundo: as forças ocultas da criatividade científica, os projetos mais avançados em tecnologia, as propostas mais audaciosas para mostrar como, em nossos dias, a ciência está em toda parte.

 

Uma feira de ciências, tecnologia e inovação não é um passatempo, apesar de também servir a este propósito. Seu principal objetivo é abrir a todos os cidadãos o verdadeiro espetáculo da ciência na vida cotidiana, fazer com que seja possível que todos possam perceber como as instituições científicas e as empresas que nos rodeiam trabalham a cada dia para saber mais e fazer as coisas melhores. Trata-se de levar a ciência à rua e de convidar os cidadãos a conhecê-la e entusiasmar-se com ela. Isso porque não existe futuro sem ciência e sem inovação, mas a ciência não é capaz de manter-se somente com o sacrifício dos cientistas: necessita do apoio dos cidadãos, do interesse das empresas e do compromisso das instituições.

 

Salamanca possui duas catedrais e uma universidade que propagou a cultura científica por toda a Ibero-América. Graças a um grupo de dedicados técnicos de seu Instituto de Estudos da Ciência e da Tecnologia, e ao apoio de muitas instituições e empresas, Salamanca agora também tem uma feira de ciências, EMPIRIKA, que retornará às suas ruas em oito anos, depois de amadurecer em terras americanas, para encerrar um ciclo iniciado há oito séculos com a criação de sua universidade. Venham e vejam. Participem.