Ciencia Argentina , Argentina, Miércoles, 26 de mayo de 2010 a las 12:27

Um paleontólogo argentino viaja à Antártida para determinar se este foi um lugar de passagem dos mamíferos

O cientista quer contrastar a hipótese de que os mamíferos pré-históricos que se moviam da América do Sul à Austrália a atravessavam

UNPSJB/DICYT O paleontólogo Marcelo Tejedor alcançou renome científico em 2006 quando descobriu o fóssil de primata mais austral do mundo. Agora respalda a hipótese de que a Antártida foi um lugar de passagem para os mamíferos pré-históricos que se moviam da América do Sul à Austrália. O paleontólogo da Universidade Nacional da Patagônia San Juan Bosco (UNPSJB), Marcelo Tejedor, viajou à Antártida junto a integrantes do Museu Americano de Nova York, liderados por Ross MacPhee, e o paleontólogo do Museu de La Plata, Marcelo Reguero, com o fim de realizar estudos sobre fósseis do Cretáceo e do Terciário inferior, os quais teriam por volta de 65 milhões de anos.

 

Um dos fatos mais interessantes é a evidência “da passagem de mamíferos da América do Sul à Antártida e da Antártida à Austrália”, afirmou Tejedor. Se trataria de uma conexão paleobiogeográfica entre a península Antártica e a América do Sul, pelo que o denominado continente branco, “ainda pouco explorado”, de acordo com o cientista, “seria um lugar chave para o conhecimento científico”.

 

Marcelo Tejedor é paleontólogo, professor e pesquisador da cátedra de Genética e Evolução da Faculdade de Ciências Naturais, Sede Esquel da Universidade Nacional da Patagônia San Juan Bosco, e pesquisador do Conicet.

 

Em 2006, o intenso trabalho de pesquisa que vinha desenvolvendo Tejedor alcançou notoriedade internacional depois do descobrimento do fóssil de primata mais austral do mundo. “Esta foi uma notícia importante a nível científico e para os estudiosos dos primatas”, relembra o pesquisador. Batizou-lhe com o nome de Killikaike, em homenagem ao lugar onde foi localizado o fóssil, ao norte de Río Gallegos.

 

Apesar de seus 16,5 milhões de anos de antiguidade, Killikaike conserva ainda o rosto sem deformações, os dentes estão em bom estado, assim como o endocrânio, a através do qual se deduziu que o seu desenvolvimento cerebral era muito importante, inclusive proporcionalmente maior quando comparado com os primatas de sua época ou com posteriores hominídeos primitivos.

 

“Falo do tamanho do cérebro em proporção ao tamanho do corpo, explicou Tejedor, é importante porque o mais parecido a isto em hominídeos são os seres humanos e os macacos atuais como o macaco-prego e o Saimiri, estes últimos relacionados com o Killikaike”.

 

A partir da repercussão que teve a descoberta de Killikaike, em 2007, o cientista realizou trabalhos de pesquisa nos Estados Unidos utilizando técnicas de morfologia digital.

 

“A metodologia consiste em digitalizar os restos fósseis através de um laser que reconstrói em 3D a morfologia detalhada do animal”. Desta forma, a tecnologia permite reconstruir as partes que estão ausentes em muitos dos restos pré-históricos.

 

Outras descobertas

 

Os trabalhos de procura e coleta de restos fósseis que desenvolve Marcelo Tejedor e sua equipe na região patagônica continuam causando espanto a seus colegas. O percurso por uma jazida no centro da província de Chubut permitiu-lhes coletar cerca de 60 espécies de mamíferos do Eoceno inferior, de uns 48 milhões de anos de antiguidade.

 

Entre estas importantes descobertas estão dois molares de morcegos, também de 48 milhões de anos que, apesar de escassos, significam até o momento o registro mais antigo da América do Sul, e está entre os mais antigos do mundo, que se encontram na Austrália, Estados Unidos e França, com pouco mais de 50 milhões de anos.

 

Em colaboração com profissionais do Museu de La Plata e dos Estados Unidos, Marcelo Tejedor descreveu o molar de um mamífero que é o mais antigo do Terciário (63 milhões de anos). A pesquisa aponta para esta substituição de mamíferos do Cretáceo ao Terciário em busca da origem da fauna nativa que aparece subitamente, pouco depois do desaparecimento do dinossauros.

 

A carreira científica de Marcelo Tejedor esteve focada, em seu início, nos mamíferos fósseis, especialmente nos primatas que viveram na Patagônia. Atualmente, o pesquisador se dedica também à procura de mamíferos do final do período Cretáceo e está entrando na origem dos mamíferos do Terciário Sul-Americano.

 

Sobre o último, disse: “é um tema apaixonante e complexo sobre o qual se conhece muito pouco e que estamos investigando”, afirmou.