Salud España , Salamanca, Jueves, 24 de marzo de 2011 a las 16:17

Especialista afirma que a biologia molecular está revolucionando o mundo das vacinas

Professora catedrática Carmen Sáenz explica que já não possuem somente um caráter preventivo frente às doenças infecciosas, mas também são terapêuticas e previnem outras patologias

José Pichel Andrés/DICYT A formulação das vacinas vive uma grande revolução porque a pesquisa baseia-se atualmente em novas técnicas da Biologia molecular. Esta nova realidade mudou tanto a forma de desenvolver vacinas como o próprio conceito que temos delas: já não servem unicamente para prevenir as doenças infecciosas, mas também podem ser terapêuticas e usadas na luta contra o câncer, como a utilizada contra o vírus do papiloma humano, que previne o câncer do colo do útero. Assim explicou a DiCYT Carmen Sáenz, catedrática de Medicina Preventiva e Saúde Pública da Universidade de Salamanca, que hoje intervém no IX Curso de Atualização em Medicina do Colégio Oficial de Médicos de Salamanca.

 

Entre 1993 e 2010 foram inseridas 35 vacinas novas no mercado, o que obriga os profissionais a atualizar-se continuamente, conforme explicou a especialista, que também é chefe do Serviço de Medicina Preventiva e Saúde Pública do Hospital Universitário. As novidades envolvem vários campos da Medicina, como a gripe pandêmica, o rotavírus, a difteria ou a coqueluche. Atualmente, a grande novidade é uma contra o meningococo, enquanto espera-se que ao final do ano apareça uma contra a meningite B.

 

Do ponto de vista cientifico, o que existe por trás destes avanços? “A chegada das novas tecnologias de Biologia molecular na fabricação de vacinas, mudou completamente o desenho das vacinas clássicas”, afirma. Agora estão sendo utilizados todos os recursos da Biologia molecular, com novos adjuvantes ou lipossomos que liberam o antígeno de maneira lenta. “As possibilidades são infinitas, há alguns anos os antibióticos eram os protagonistas do controle das infecções e agora são as vacinas”, enfatiza.

 

A Biologia molecular aportou uma nova tecnologia na fabricação das vacinas. Carmen Sáenz dá o exemplo da vacina contra a hepatite B, em cuja fabricação foi chave saber qual era o gene que produzia o antígeno Austrália, que é o que, por sua vez, produz a infecção. “Se fossem encontrados anticorpos contra esse antígeno Austrália, que estava codificado pelo gene, encontrar-se-ia a imunidade contra esse vírus”, afirma. Assim, isolou-se o genoma do vírus da hepatite B, extraindo o gene que codifica o antígeno e conseguindo multiplicá-lo através de técnicas de engenharia genética, até obter concentrações grandes do antígeno Austrália, que é o antígeno da vacina.

 

No entanto, as técnicas moleculares empregadas no desenvolvimento de vacinas podem ser muito variadas. No caso do vírus do papiloma humano, “conseguiu-se ensamblar uma série de proteínas até obter-se uma estrutura que parece que é o vírus de verdade, mas sem o ácido nucléico, com o qual o sistema imunológico reage, produzindo anticorpos, mas sem correr o risco de infectar-se porque não tem esse ácido nucléico”, explica a catedrática.

 

Proteômica e outros recursos

 

Em outros casos, recorre-se diretamente à Proteômica, ou seja, procuram-se quais proteínas são as que determinam o dano e como é possível neutralizá-las, por exemplo, no caso da nova vacina que será lançada em breve contra a meningite B.

 

Outro recurso é o adjuvante, como ocorreu com a pandemia da gripe A, “como era necessário obter vacinas em um curto período de tempo, foram feitas com menos concentração de antígeno, mas acrescentando-se um adjuvante que potencializa a ação para que o resultado seja igual com uma concentração de antígeno 10 vezes menor”.

 

Definitivamente, está-se vivendo uma revolução neste campo, mas que vai além das técnicas e afeta a própria definição de vacina. “Até agora, se tinha o conceito de que vacinar era uma ação preventiva, isso é, se uma pessoa utilizava o antígeno, quando chegasse a infecção estava protegida”, comenta. No entanto, “estamos entrando em um mundo em que as vacinas são substâncias biológicas que já não são apenas preventivas, mas também terapêuticas”, afirma. Assim, para o HIV há uma vacina com efeito retroviral que modifica a evolução da doença para retardá-la, de maneira que já não é preventiva, mas terapêutica, porque se aplica quando um paciente já está infectado.

 

Além das doenças infecciosas

 

Ademais, começam a fazer parte da prevenção de outras doenças não infecciosas, como o câncer, como mostrado no caso do vírus do papiloma humano, que provoca câncer de colo de útero, ou no caso da hepatite B crônica, que provoca hepatocarcinoma. Isso quer dizer que ao descobrir-se que as patologias infecciosas produzem tumores ou infartos do miocárdio, as vacinas contra elas têm um papel mais amplo. Além disso, “estão sendo testadas vacinas contra o Alzheimer, contra uma proteína que se deposita no cérebro, ou contra as drogas”. Definitivamente, rompeu-se a fronteira da prevenção de doenças infecciosas e agora dedicam-se também à cura e à prevenção de outras patologias.

 

Tudo isso faz com que, previsivelmente, nos próximos anos a vacinação de adultos se multiplique e a saúde publica deva escolher quais prioridades devem ser financiadas. Neste sentido, Carmen Sáenz afirma que o desenvolvimento de uma vacina é um processo longo e caro, porque são realizados muitos ensaios clínicos em busca da máxima segurança.