Salud España , Salamanca, Miércoles, 06 de abril de 2011 a las 15:21

Melanoma ocular é usado como modelo para estudar a metástase em outros tumores

Prestigiado cientista brasileiro visita Salamanca para explorar possível colaboração com o Centro de Investigação do Câncer

José Pichel Andrés/DICYT O prestigiado cientista brasileiro Miguel Burnier, chefe do Departamento de Oftalmologia da Universidade McGill de Montreal (Canadá) visitou hoje o Centro de Investigação do Câncer (CIC) de Salamanca, oportunidade em que poderia iniciar uma colaboração científica com o pesquisador Enrique de Álava, colaboração que já mantém com cientistas de Valladolid de maneira muito próxima. A linha de estudo de Burnier é o melanoma ocular, um tipo de câncer pouco freqüente, mas muito interessante para os cientistas porque pode ser um bom modelo para o estudo de outros tipos de câncer, segundo explicou o especialista brasileiro.

 

Geralmente “o câncer primário não mata, com exceção dos localizados no cérebro”, afirma o cientista em declarações a DiCYT, “o que mata é a disseminação das células tumorais” conhecida como metástase, “por isso estudamos este processo através do sangue e o melanoma é um exemplo muito bom”.

 

Os melanomas oculares “parecem muito aos da pele, mas estão sob a retina, dentro do olho e são tumores muito pouco freqüentes, muito importantes, contudo, porque têm um grande índice de mortalidade, entre 40% e 50% dos pacientes morrem pela disseminação das células tumorais do olho ao fígado”, afirma. Ainda que este não seja o único lugar onde este tipo de câncer pode fazer metástase, o fígado representa 90% dos casos em que isto ocorre e, ademais, também é o órgão comum para a metástase de outros cânceres, de maneira que os cientistas querem entender a relação do fígado com as células dos tumores, algo muito importante para saber por que as células vão ao fígado e reproduzem ali o tumor, agravando muito a situação dos pacientes por se tratar de um órgão vital.

 

Em busca de terapias

 

O objetivo final desta linha de investigação é encontrar terapias que interrompam esta manifestação sistêmica do melanoma do olho. “Apesar da baixa incidência de casos ser um problema para seus estudos, avançamos muito porque o olho não tem vasos linfáticos, somente vasos sanguíneos”, de maneira que “tudo o que é descoberto para o melanoma do olho também serve para outros tumores como o de mama, da pele, dos rins, da próstata... Graças à disseminação vascular destas células cancerígenas podemos estudar também todos estes tumores e há modelos experimentais em que utilizamos células humanas em coelhos, para entender por que as células migram a outros tecidos e por que fazem metástase”, explica o especialista.

 

Os estudos genéticos são fundamentais neste desenvolvimento e a universidade canadense realizou importantes contribuições. “Existem genes nos cromossomos 3 e 8 implicados neste processo e descobrimos que no cromossomo 7 há uma proteína chamada c-Met, muito importante para a metástase porque nos casos em que se apresenta em grande quantidade a metástase é muito mais freqüente”, comenta. Graças a estas descobertas atualmente “temos um remédio que aumenta uma proteína anti c-Met e cujo resultado é que aumenta muito a proteção do fígado e a sobrevivência do paciente.”

 

Fatores de risco

 

A luz ultravioleta do sol parece ser a principal responsável pelo desenvolvimento do melanoma do olho. Ainda que seja pouco freqüente, “na pele o mesmo tumor é muito comum, por isso a idéia é desenvolver a mesma terapia para olho e pele”. Segundo Miguel Burnier, as pessoas com olhos muito claros têm mais propensão a contrair este tipo de câncer, analogamente ao que acontece com o câncer de pele.