Salud España , Valladolid, Miércoles, 13 de noviembre de 2013 a las 15:59

Pesquisam-se os aspectos genéticos que influenciam na resposta a um medicamento do glaucoma

O trabalho é o foco da tese doutoral do pesquisador do IOBA Fernando Ussa

Cristina G. Pedraz/DICYT O glaucoma é uma doença dos olhos caracterizada por uma elevada tensão intraocular, o que produz defeitos e perdas na visão. Os danos provocados no nervo ótico são progressivos, de maneira que quando não é tratada a tempo, pode provocar cegueira. Um dos medicamentos mais utilizados para o controle desta doença é o Latanoprost marca Xalatan, um colírio que permite reduzir a tensão intraocular, ainda que nem todos os pacientes respondam da mesma maneira a este tratamento. O pesquisador do Instituto de Oftalmobiologia Aplicada (IOBA) de a Universidade de Valladolid, Fernando Ussa, realizou um estudo farmacogenético a fim de determinar porque alguns pacientes não respondem ao medicamento.

Conforme explica a DiCYT, a farmacogenética é uma disciplina relativamente recente, desenvolvida nas últimas três décadas. Especificamente com relação ao glaucoma, “após realizar uma revisão bibliográfica observamos que existia pouca pesquisa relacionada, somente um trabalho de um grupo científico japonês que associava alguns pequenos defeitos do código genético, chamados polimorfismos, à pobre resposta ao Latanoprost como medicamento do glaucoma”. Esta documentação bibliográfica sobre os mecanismos de ação molecular do Latanoprost, unida a que “é um dos medicamentos mais utilizados mundialmente no tratamento do glaucoma e, portanto, no qual existe maior experiência”, motivou o desenvolvimento do trabalho.

Fernando Ussa explica que a porcentagem de pacientes que não responde a este medicamento varia em função da população, encontrando-se em torno de 5 a 20%. “Por exemplo, na população dos Estados Unidos estima-se que 20% das pessoas não respondem ao tratamento, enquanto na Europa, apesar de existirem poucos estudos, a taxa é muito baixa, ao redor de 5%. No Japão esta taxa também é maior, próxima a 13%”, precisa.

A pesquisa, focada na tese doutoral de Fernando Ussa e totalmente financiada pelos Laboratórios Pfizer, baseia-se no glaucoma primário de ângulo aberto (GPAA), o tipo de glaucoma mais comum.

“Em primeiro lugar, determinamos um número de polimorfismos genéticos relacionados com os genes que codificam as proteínas e receptores, e produzem a resposta, e com o mecanismo de ação do Latanoprost. Logo, realizamos um estudo com a população caucásica espanhola com dois tipos de pacientes, uns que respondiam ao tratamento e outros que não, e pesquisamos em seu sangue todos estes polimorfismos para determinar com que frequência apresentavam-se em cada grupo e analisar estatisticamente qual polimorfismo estava associado com maior frequência à resposta ou não ao medicamento”, indica.

Os resultados obtidos nesta população revelaram que existem dois polimorfismos genéticos relacionados com uma resposta mais favorável ao medicamento e três polimorfismos que não originam uma resposta.

Medicina personalizada

Ainda que se trate de um trabalho descritivo de Ciência básica em farmacogenética, de modo que pode demorar para ser aplicado, a ideia é criar uma medicina personalizada. “Como conhecemos os fatores de risco de uma resposta negativa ao Latanoprost, queremos realizar um diagnóstico genético ao paciente para saber de antemão se responderá ou não ao medicamento”, afirma.

Os pesquisadores continuam avançando nesta línha e o próximo objetivo será realizar um estudo multicêntrico que permita não apenas pesquisar a falta de resposta a este medicamento, o Latanoprost, mas também outros da mesma família utilizados no tratamento do glaucoma.